Considerado um nutriente com pouco mobilidade (praticamente imóvel) no solo, o Fósforo (P) é um dos macronutrientes essenciais para a soja. De acordo com Pereira (2009), entre 20% e 30% do P aplicado como fertilizante é aproveitado pelas culturas anuais em solos tropicais, sendo necessária a aplicação de quantidades que, em geral, superam em muito as extrações dessas culturas.
A fixação do Fósforo nos argilominerais do solo, aliado a baixa mobilidade do nutriente no solo e sua complexa dinâmica, tornam o manejo do Fosforo extremamente difícil, especialmente em áreas de plantio direto, em que não há o revolvimento do solo. Com isso, é comum que a adubação fosfatada seja realizada anualmente em culturas anuais para suprir a demanda da cultura e expectativas de produtividade.
Mesmo com elevada concentração de fósforo orgânico no solo, a baixa disponibilidade desse nutriente na forma inorgânica pode resultar em deficiência nutricional da soja, limitando seu crescimento e produtividade. Os principais sintomas de deficiência de fósforo em soja consistem na atrofia das plantas, folhas deformadas, tom verde-escuro a azulado, podendo apresentar clorose e necrose internerval. Esses sintomas são observados nas folhas velhas da planta (Santos, et al., 2024).
Figura 1. Mancha da área de soja com deficiência de Fósforo.
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Figura 2. Sintomas de deficiência de Fósforo em folha de soja.
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Além da adubação fosfatada, uma estratégia de manejo para aumentar a disponibilidade de fósforo no solo para as plantas é a liberação desse nutriente por meio de microrganismos que estimulam o crescimento do sistema radicular e facilitam sua conversão em formas solúveis, tornando-o prontamente disponível para absorção pelas plantas (Oliveira-Paiva et al., 2022).
Diversos mecanismos microbianos contribuem para a disponibilização de fósforo no solo, destacando-se a liberação de ácidos orgânicos, cátions H+, produção de exopolissacarídeos e sideróforos, além da ação de enzimas como fosfatases e fitases. Bactérias e fungos dos gêneros Bacillus, Burkholderia, Bradyrhizobium, Enterobacter, Mesorhizobium, Paenibacillus, Pantoea, Pseudomonas, Rhizobium e Serratia, bem como os fungos Penicillium e Aspergillus, desempenham essas funções (Gomes et al., 2016).
Veja mais: Plantas de cobertura no manejo do Fósforo
Biotecnologias têm sido desenvolvidas o intuído te melhorar a disponibilidade de P no solo, uma delas é o BiomaPhos®, a primeira tecnologia desenvolvida no Brasil para a solubilização de Fósforo, resultado de pesquisas da Embrapa. Produzido a partir das bactérias Bacillus subtilis e Bacillus megaterium, o produto atua na solubilização do fosfato, disponibilizando-o para as plantas e promovendo a melhoria do sistema radicular (Embrapa, 2021).
Ensaios demonstram que esses microrganismos solubilizadores de fosfato proporcionam ganho média de 7,8%, com incrementos médios de produtividade 4,8 sacas ha-1 (Oliveira-Paiva et al., 2021). Corroborando os benefícios dos microrganismos solubilizadores de fosfato, um estudo conduzido por Oliveira-Paiva et al. (2022) demonstrou que a associação entre fertilizantes fosfatados e esses microrganismos contribui efetivamente para o aumento significativo da produtividade da soja, em comparação a soja tratada apenas com fertilizantes fosfatados (respectivamente tratamentos 6 e 2, figura 3).
Figura 3. Produtividade da soja em função do tratamento utilizado na safra 2018/2019 em Lavras-MG. Tratamentos: 1. Superfosfato triplo (ST) 50%; 2. ST 100%; 3. ST 50% + BiomaPhos (2 mL.kg-1 de semente); 4. ST 100% + BiomaPhos (2 mL.kg-1 de semente); 5. ST 100% + BiomaPhos no sulco (100 mL ha-1); 6. ST 100% + BiomaPhos no sulco (150 mL ha-1). Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott-Knott (p<0,05).
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Logo, pode-se dizer que embora o Fósforo apresente uma complexa dinâmica no solo, alternativas de manejo como o uso de microrganismos tem contribuído para o aumento da disponibilidade do P para as plantas, possibilitando maior absorção desse nutriente, principalmente quando essas soluções biológicas são associadas a uma adubação equilibrada em soja.
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Referências:
OLIVEIRA-PAIVA et al. MICRORGANISMOS SOLUBILIZADORES DE FÓSFORO E POTÁSSIO NA CULTURA DA SOJA. Bioinsumos na Cultura da Soja, cap. 9, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/234840/1/Bioinsumos-na-cultura-da-soja.pdf >, acesso em: 11/02/2025.
OLIVEIRA-PAIVA, C. A. et al. VALIDAÇÃO DA RECOMENDAÇÃO PARA O USO DO INOCULANTE BIOMAPHOS® (Bacillus subtilis CNPMS B2084 E Bacillus megaterium CNPMS B119) NA CULTURA DE SOJA. Embrapa, circular técnica, 279. Sete Lagoas – MG, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/228039/1/CIRC-TEC-279-Validacao-recomendacao-BiomaPhos-cultura-soja.pdf >, acesso em: 11/02/2025.
PEREIRA, H. S. FÓSFORO E POTÁSSIO EXIGEM MANEJOS DIFERENCIADOS. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Fertilidade04.pdf >, acesso em: 11/02/2025.
SANTOS, M. S. et al. GUIA ILUSTRADO DE DEFICIENCIAS NUTRICIONAIS DA SOJA. Metrics, 2024.
YARA. DEFICIÊNCIA DE FÓSFORO NA SOJA. Yara, 2025. Disponível em: < https://www.yarabrasil.com.br/nutricao-de-plantas/soja/deficiencias-soybean/deficiencia-de-fosforo-soybean/ >, acesso em: 11/02/2025.