O fósforo (P), é considerado um dos macronutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento vegetal. Sua deficiência pode resultar em significativas perdas de produtividade ou até mesmo comprometer a viabilidade da produção. Conforme destacado por Martins (2019), para a produção de uma tonelada de grãos/sementes de soja são necessários em média 8,7 kg.ha-1 de P, embora pareça uma quantidade relativamente pequena, o fósforo desempenha importante função no metabolismo das plantas, sendo essencial no sistema de produção.
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O fósforo apresenta uma complexa dinâmica no solo e planta, o que torna o manejo desse nutriente extremamente difícil. Em virtude das características químicas da molécula, nem sempre o fósforo encontra-se prontamente disponível para as plantas, mesmo em elevadas quantidades no solo. Fatores como tipo de solo, textura, teor de argila, e pH podem interferir diretamente na disponibilidade do Fósforo para as plantas.
Stewart & Sharpley (1987) montaram um esquema das formas de fósforo no solo, mostrando suas interações e dinâmica, e associou-as com as frações estimadas pelo fracionamento de Hedley et al. (1982). Nessa técnica são adicionados sequencialmente, extratores de menor à maior força de extração, os quais removem fósforo inorgânico (Pi) e Fósforo orgânico (Po) das formas mais disponíveis às mais estáveis (Gatiboni, 2003).
Figura 1. O ciclo do Fósforo no solo: Seus componentes e correspondência com as frações estimadas pelo fracionamento de Hedley et al. (1982) (Gatiboni, 2003).
Conforme destacado por Vilar & Vilar (2013), a capacidade do solo em adsorver fósforo é em média 1.000 vezes superior que a adubação fosfatada geralmente aplicada em culturas agrícolas, resultando que em condições naturais, normalmente se tenha uma tendência a deficiência de fósforo. Isso explica por que ano após ano, em determinados solos é necessário realizar a reposição de fósforo, mesmo que as doses utilizadas na adubação sejam superiores a exportação do nutriente pela cultura.
Naturalmente, o fósforo absorvido pelas plantas é o disponível na solução do solo, e por ser considerado um nutriente de baixa mobilidade no solo, a forma como é realizada a adubação fosfatada influencia diretamente em sua disponibilidade para as plantas. Normalmente, em virtude de sua complexa dinâmica no solo, cerca de 20 a 30% do fósforo aplicado via fertilizante é aproveitado pelas plantas (Pereira, 2009). Em virtude das características do sistema plantio direto, a adubação fosfatada tem sido realizada em sulco de semeadura e em algumas situações a lanço. Isso tem implicado em um acúmulo de fósforo na camada superficial do solo, sobretudo nos primeiros 10 cm (Pereira, 2009).
Dessa forma, fica evidente a necessidade de fazer esse fósforo “descer” no perfil do solo, se concentrando nas camadas mais exploradas pelo sistema radicular das plantas. Contudo, essa é uma difícil tarefa que requer uma série de ações em conjunto, partindo desde a adubação com fosforo em maiores profundidades, através do uso de hastes sulcadoras na linha de distribuição de fertilizantes da semeadura das culturas; o cultivo de plantas com capacidade em ciclar nutrientes, a adubação de sistema e até mesmo o estímulo ao desenvolvimento da fauna microbiana no solo, contribuindo para a mineralização do fósforo orgânico.
Cabe destacar que a adubação fosfatada deve levar em consideração os resultados obtidos via análise química da fertilidade do solo e as recomendações técnicas para a cultura e região de cultivo. Com relação a forma de adubação, a fonte dos fertilizantes fosfatados pode variar de acordo com a disponibilidade e região, entretanto, agronomicamente não é recomendada a adubação fosfata via lanço (em cobertura), principalmente pela baixa mobilidade do nutriente no solo. As raízes apresentam geotropismo positivo, logo, não conseguem absorver o fósforo depositado na superfície do solo.
Referências:
GATIBONI, L. C. DISPONIBILDIADE DE FORMAS DE FÓSFORO DO SOLO ÀS PLANTAS. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Maria, 2003. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/3154/LUCIANO%20GATIBONI.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 04/08/2021.
MARTINS, G. TABELA DE EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DOS NUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA. Nutrição de Safras, 2019. Disponível em: < https://www.nutricaodesafras.com.br/tabela-de-extracao-e-exportacao-dos-nutrientes-na-cultura-do-soja/ >, acesso em: 04/08/2021.
PEREIRA, H. S. FÓSFORO E POTÁSSIO EXIGEM MANEJOS DIFERENCIADOS. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Fertilidade04.pdf >, acesso em: 04/08/2021.
VILAR, C. C.; VILAR, F. M. COMPORTAMENTO DO FÓSFORO EM SOLO E PLANTA. Revista Campo Digital, v. 8, n. 2, dezembro, 2013. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/267209917_Artigo_de_Revisao_-_COMPORTAMENTO_DO_FOSFORO_EM_SOLO_E_PLANTA_-_PHOSPHORUS_BEHAVIOR_IN_SOIL_AND_PLANT >, acesso em: 04/08/2021.