Visando o maior uso da terra, durante o período do vazio outonal, o nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.) é uma das culturas mais cultivadas em lavouras agrícolas, especialmente nas regiões Sul do Brasil, onde o clima favorece o crescimento e desenvolvimento da cultura. Conforme observado por Kochhann et al. (2003), quando bem implementado, o cultivo no nabo-forrageiro pode inclusive contribuir para o aumento da produtividade de culturas sucessoras como o trigo.

Embora apresente benefícios ao sistema de produção e seja tradicionalmente cultivado em algumas regiões produtoras, o nabo-forrageiro requer alguns cuidados, principalmente se tratando do manejo integrado de doenças como o mofo-branco. Causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, o mofo-branco é uma doença com elevada capacidade em causar danos à cultura da soja, podendo causar reduções de produtividade de até 70% (Meyer et al., 2014).

O nabo-forrageiro é uma das principais plantas hospedeiras do mofo-branco e, se tratando do cultivo de plantas de cobertura, o controle químico de doenças com o uso de fungicidas normalmente não é uma prioridade. Como característica particular, o mofo-branco possui a capacidade em formar escleródios. Os escleródios são estruturas reprodutivas do fungo, que podem sobreviver viáveis por longos períodos, até atingirem condições adequadas para a germinação e desenvolvimento da doença.

Figura 1. Escleródios de mofo-branco.

Fonte: Agro Revenda.

Sob condições adequadas de temperatura e umidade, os escleródios germinam dando origem a micélios que penetram nas partes inferiores das plantas ou formam apotécios que liberam milhões de oósporos os quais são disseminados principalmente pelo vento, infectando as plantas.



Figura 2. Escleródio de mofo branco germinando e dando origem a apotécio.

Tendo em vista que o nabo-forrageiro é uma das principais plantas hospedeiras do mofo-branco e que o controle químico da doença nem sempre é realizada na cultura do nabo, é comum observar escleródios de mofo-branco em resíduos culturais do nabo-forrageiro, ou até mesmo em sementes colhidas, com limpeza e classificação ineficientes.

Figura 3. Escleródios de mofo branco na palhada de nabo forrageiro.

Fonte: Marcelo Gripa Madalosso – Madalosso Pesquisas

Figura 4. Escleródios de mofo branco em sementes de nabo-forrageiro.

Fonte: Marcelo Gripa Madalosso – Madalosso Pesquisas

Tendo em vista que os escleródios podem permanecer viáveis por um longo período de tempo no solo, a presença de escleródios em sementes e/ou resíduos culturais do nabo-forrageiro pode ser uma das principais portas de entrada do mofo-branco em áreas produtoras de soja. Sendo assim, visando reduzir a incidência da doença em lavouras de soja, sempre o que nabo-forrageiro integrar o sistema de rotação de culturas, deve-se priorizar a aquisição e utilização de sementes com boa qualidade sanitária, livre da presença de escleródios.

Como principais estratégias de manejo da doença, Henning et al. (2014) destacam o tratamento de sementes com mistura de fungicidas de contato e benzimidazóis, a rotação de culturas com espécies não hospedeiras do fungo e a aplicação de fungicidas no início do florescimento e durante a floração da soja.

Referências:

HANNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 07/06/2022.

KOCHHANN, R. A. et al. RENDIMENTO DE GRÃOS DE TRIGO CULTIVADO EM SEQUÊNCIA AO ADUBO VERDE NABO FORRAGEIRO. Embrapa, Circular Técnica, n. 116, 2003. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co116.pdf >, acesso em: 12/05/2022.

MEYER, M. C. et al. ENSAIOS COOPERATIVOS DE CONTROLE QUÍMICO DE MOFO BRANCO NA CULTURA DA SOJA: SAFRAS 2009 A 2012, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/101371/1/Ensaios-cooperativos-de-controle-quimico-de-mofo-branco-na-cultura-da-soja-safras-2009-a-2012.pdf >, acesso em: 07/06/2022.

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