A indesejável presença de plantas daninhas na cultura da soja é cada vez mais comum em meio a tanta complexidade do manejo delas. Além de características como rápido crescimento, elevada produção de sementes e resistência a herbicidas, algumas plantas daninhas a exemplo do capim-amargoso (Digitaria insularis) apresentam elevada capacidade de rebrote, fato que dificulta ainda mais o controle.

Segundo informações do Grupo Supra Pesquisa, uma planta de capim-amargoso em um metro quadrado de área pode reduzir em até 21% a produtividade da soja, como se não bastasse, a medida que a população da daninha aumenta, tem-se o aumento dos danos ocasionados na soja, podendo chegar a mais de 50% de redução da produtividade da cultura.



Figura 1. Interferência de diferentes densidades populacionais de capim-amargoso sobre a produtividade da soja.

Fonte: Supra Pesquisa

Tendo em vista que o emprego de herbicidas é a forma mais usual  para o manejo e controle do capim-amargoso, utiliza-los de forma sábia é essencial para a obtenção de resultados satisfatórios de controle da daninha. Conforme observado por Grigolli (2017), e corroborado por Gaspar et al. (2019), maior eficiência de controle do capim-amargoso é observada quando realizado o controle da daninhas em estádio de rebrote em comparação a planta já adultas (perenizadas).

Dessa forma, o período outonal compreendido do final da colheita da soja ao início das culturas de inverno é um dos principais momentos para a realização de um controle eficiente da daninha. No momento da colheita da soja, as plantas daninhas persistentes na área de cultivo são cortadas, possibilitando de certa forma o controle de algumas espécies, entretanto, plantas como o capim-amargoso rebrotam com facilidade dando continuidade ao ciclo da daninha.



Nesse momento após a colheita, não ha a presença de plantas de maior porte proporcionando efeito guarda-chuva sobre o rebrote da daninha, possibilitando assim maior cobertura da planta pela aplicação de herbicidas. Além disso, em comparação a plantas perenes, o rebrote de plantas apresenta menor massa, o que em tese resulta em menor quantidade de ingrediente ativo para controle da daninha.

Mas quais produtos utilizar para controlar o capim amargoso nesse estádio?

Avaliando a eficiência de herbicidas na supressão de rebrote de touceiras de capim-amargoso, Peternela et al. (2014) observaram que tanto glyphosate + clethodim (Gly + Cle); quanto glyphosate + imazethapyr (Glyn + Ima) e glyphosate + clethodim + S-metolachlor (Gly + Cle + S-Met) conseguiram restringir por 21 dias após a aplicação (DAA) os rebrotes de capim-amargoso, e que todos foram eficientes em suprimir os rebrotes desta espécie, sendo que o herbicida S-metolachlor não afetou a eficiência dos herbicidas glyphosate e clethodim (Peternela et al., 2014).

Tabela 1. Número total de touceiras rebrotadas aos 21, 28 e 35 dias. Nova Aurora, PR, 2013.

Fonte: Peternela et al. (2014).

Embora atualmente sejam conhecidos casos de resistência simples do capim-amargoso a inibidores da EPSPs, inibidores da ACCase e resistência múltipla a ambos (Heap, 2021), incluindo o glifosato,  os resultados obtidos por Peternela et al. (2014) evidenciam que o controle do capim-amargoso é mais acessível no período de rebrote da daninha. Dessa forma, independente do herbicida utilizado para controle do capim-amargoso o período outonal compreendido do fim da colheita da soja ao início da implantação da cultura da inverno é essencial para o manejo de plantas daninhas, especialmente as que apresentam capacidade de rebrote como o capim-amargoso.


Veja mais: Controle do capim-amargoso – Confira o desempenho de alguns herbicidas


Referências:

GASPAR, S. L. L. et al. CONTROLE DO CAPIM AMARGOSO EM DIFERENTES MANEJOS E ASSOCIAÇÕES DE AGROQUÍMICOS. Revista Cultivando o Saber, v. 12, p. 280 – 291, 2019. Disponível em: < https://www.fag.edu.br/upload/revista/cultivando_o_saber/5dbc4989c30d7.pdf >, acesso em: 18/05/2021.

GRIGOLLI, J. F. J. MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2016/2017, 2017. Disponível em: < http://www.fundacaoms.org.br:8080/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/269/269/5ae0947f6d6c239c33990fa9c4cbf2b40e9a4fa66a99d_capitulo-04-plantas-daninhas-somente-leitura-.pdf >, acesso em: 18/05/2021.

HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2021. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 18/05/2021.

PETERNELA, A. et al. EFICIÊNCIA DE HERBICIDAS NA SUPRESSÃO DE REBROTE DE TOUCEIRAS DE CAPIM-AMARGOSO. Rev. Bras. Herb., v.13, n.1, p.73-79, jan./abr. 2014. Disponível em: < http://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/241 >, acesso em: 18/05/2021.

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