Tanto os macronutrientes quanto os micronutrientes são essenciais para o bom desenvolvimento da planta, devendo estar disponível nas quantidades adequadas para suprir as necessidades vegetais.
Na cultura da soja, os micronutrientes desempenham um papel importante, principalmente visando a obtenção de elevadas produtividades. Entre esses micronutrientes, o Manganês (Mn) destaca-se por sua importância no crescimento e desenvolvimento das plantas. Apesar de ser requerido em pequenas quantidades, é um elemento tão importante para o desenvolvimento das plantas quanto os macronutriente (IPNI).
De acordo com Taiz et al. (2017), a função mais bem definida do Mn2+ consiste na reação fotossintética mediante a qual o oxigênio (O2) é produzido a partir da água. O manganês, bem como o ferro, cobre e zinco, diferente dos demais nutrientes, apresentam sua disponibilidade aumentada em baixos pHs de solo (Gitti et al., 2019).
À medida que o pH do solo diminui, a disponibilidade de manganês para as plantas aumenta, tornando-se mais propenso a deficiências em solos alcalinos. No entanto, se o pH do solo for muito baixo, pode ocorrer toxicidade para culturas sensíveis.
Figura 1. Relação entre o pH e disponibilidade de nutrientes no solo.
O manganês é um micronutriente imóvel nas plantas, sendo assim, os primeiros sintomas de deficiência surgem nas folhas mais jovens, uma vez que as plantas não podem facilmente remover Mn dos tecidos mais velhos. A soja é uma das culturas mais suscetíveis à deficiência do manganês, os sintomas surgem primeiramente nas folhas superiores, as quais se tornam cloróticas entre as nervuras. As folhas mais jovens se tornam verde-pálidas e, logo, amarelo-pálidas. A medida em que a deficiência se torna mais severa, surgem áreas mortas marrons (IPNI).
Além disso, Paulilo et al. (2015) destacam que a deficiência de Mn pode provocar a deformação em sementes de oleaginosas, como a soja. De acordo com Borkert et al. (1994), a deficiência de manganês na planta difere da de ferro e magnésio devido as nervuras permanecerem verdes e aparecerem ressaltadas, de forma saliente. A deficiência desse nutriente tem sido observada em solos com altos teores de ferro e/ou alumínio, principalmente em latossolos arenosos que receberam calcário em doses acima do recomendado.
Figura 2. Sintomas de deficiência de Manganês em soja.
Os autores destacam que é mais comum observar a ocorrência de fitoxidade de manganês do que a deficiência. O excesso do nutriente afeta diretamente a parte aérea das plantas. Os sintomas de fitoxidade incluem a clorose nas bordas dos folíolos seguida de necrose, com enrugamento por contração do folíolo e clorose das folhas novas (semelhante a deficiência de ferro) e desenvolvimento de pontos necróticos). Além disso, ocorrem problemas fisiológicos específicos que estão associados à toxicidade de manganês, que é o encarquilhamento dos folíolo.
O manganês é requerido como cofator de inúmeras enzimas, como descarboxilases e desidrogenases, as quais participam do Ciclo de Krebs, e da enzima pertencente ao complexo que quebra a molécula de água e libera oxigênio durante o processo de fotossíntese (Paulilo et al., 2015).
Os fertilizantes que contêm manganês podem ser aplicados de duas maneiras: a lanço, em faixas no solo ou aplicação via foliar. O sulfato de manganês é a fonte mais comum deste elemento, pois dissolve facilmente em água, tornando-o adequado tanto para aplicação no solo quanto, principalmente, para ser aplicado via foliar nas plantas. Além do sulfato, há outras opções de fertilizantes que fornecem manganês, como quelatos, cloretos, óxidos e oxisulfatos.
As quantidades necessárias variam de acordo com o método de aplicação, sendo preferível aplicar em faixas ou via foliar do que espalhar diretamente sobre o solo, especialmente em solos com pH elevado. Nestas condições, o manganês se torna insolúvel muito rapidamente, limitando sua absorção pelas plantas (IPNI).
Figura 3. Fontes comuns de fertilizantes contendo manganês.
Em suma, o manganês desempenha um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento das plantas, sendo essencial para várias funções metabólicas, incluindo o processo de fotossíntese. O manejo adequado desse nutriente, seja via solo ou foliar, é importante para suprir as demandas da cultura, especialmente em solos com pH elevado, onde sua disponibilidade é reduzida.
Veja mais: Cobre e sua importância para a soja
Referências:
BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. Arquivo do agrônomo, n. 5, Informações agronômicas, n. 66, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 08/04/2024.
GITTI, D. C. et al. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Safra 2018/2019, Fundação MS. Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 08/04/2024.
IPNI. MANGANÊS. International Plant Nutrition Institute, Nutri-Fatos, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-9/$FILE/NutriFacts-BRASIL-9.pdf >, acesso em: 08/04/2024.
PAULILO, M. T. S. et al. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, 182 p. Florianópolis – SC, 2015. Disponível em: < https://antigo.uab.ufsc.br/biologia//files/2020/08/Fisiologia-Vegetal.pdf >, acesso em: 08/04/2024.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Artmed, ed. 6. Porto Alegre – RS, 2017.
Foto de Capa: Hansel & Oliveira (2016)
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