Com crescente participação nas lavouras brasileiras, as plantas daninhas do gênero Amaranthus, popularmente conhecidas como caruru, têm causado significativas perdas de produtividade em culturas agrícolas. Esse daninhas se destacam pela elevada habilidade competitiva, rápido crescimento e desenvolvimento e elevada produção de sementes, com diversos fluxos de emergência ao longo do ciclo das culturas agrícolas.

Atrelado a essas características que tornam seu controle complexo, a maioria das espécies de caruru de importância agrícola apresentam resistência a determinados herbicidas, o que dificulta ainda mais o controle efetivo dessa planta daninha.

Atualmente, são relatados casos de resistência das espécies A. viridis, A. retroflexus, A. palmeri e ao A. hybridus a herbicidas no Brasil (figura 1). A maior parte dos casos de resistência são referentes a herbicidas pós-emergentes, o que dificulta o controle do caruru na pós-emergência.

Figura 1. Evolução dos casos de resistência das principais espécies de caruru a herbicidas no Brasil.
Fonte: Heap (2022)
Monitoramento da suscetibilidade de caruru a herbicidas

Visando estabelecer um controle eficiente do caruru e manejar a resistência da planta daninha a herbicidas, é essencial atentar para o monitoramento da suscetibilidade do caruru a herbicidas, principalmente se tratando dos herbicidas pós-emergentes mais utilizados no controle dessa planta daninha.

A suscetibilidade do caruru a cinco herbicidas de diferentes mecanismos de ação foi avaliada no Mato Grosso do Sul e no Paraná. Segundo Leinecker et al. (2024), para efeito de avaliação, foram coletadas sementes de caruru em 100 pontos, localizados em áreas de produção agrícola, as quais foram posteriormente levadas para avaliação da suscetibilidade aos herbicidas inibidor da glutamina sintetase (amônio-glufosinato), inibidor de ALS (clorimurom), inibidor da PROTOX (fomesafem), inibidor da EPSPS (glifosato) e auxina sintética (2,4-D).

O controle do caruru foi analisado aos 28 dias após as aplicações, e as populações foram classificadas quanto à suscetibilidade: alta (controle visual superior a 80%); média (controle visual entre 70 e 80%); e baixa (controle visual inferior à 70%) (Leinecker et al., 2024).


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Resultados

No Paraná, para o herbicida clorimurom na dose 20 g ia ha-1, 15,6% das populações apresentaram sintomas de controle inferior a 70%, baixa suscetibilidade. A faixa de controle entre 70 e 80%, ou seja, média suscetibilidade, concentrou 7,8% das populações e o restante, 76,6%, apresentou controle igual ou superior a 80%, caracterizando assim alto nível de suscetibilidade.

No Mato Grosso do Sul, para a dose 20 g ia ha-1 do herbicida clorimurom, 100% das plantas apresentaram controle igual ou superior a 80%, indicativo de alta suscetibilidade (Figura 2).

Figura 2. Mapa de controle de Amaranthus spp., em função da aplicação de clorimurom na dose de 20 g ia ha-1 (A e B) e do dobro da dose 40 g ia ha-1 (C e D), aos 28 dias após a aplciação em coletas realizadas no Paraná (A e C) e Mato Grosso do Sul (B e D). A coloração verde representa controle visual superior a 80% (alta suscetibilidade), a amarela controle visual superior a 70% e inferior a 80% (média suscetibilidade) e a vermelha controle visual inferior à 70% (baixa suscetibilidade).
Fonte: Leinecker et al. (2024)

Para a dose de 720g ia ha-1 do herbicida glifosato, no Paraná, 1,63 % das populações apresentaram suscetibilidade inferior a 70%. Para a dose de 1440 g ia ha-1 do herbicida glifosato, a mesma população se manteve com controle inferior a 70%. O restante das populações apresentou alta suscetibilidade. No Mato Grosso do Sul, independente da dose utilizada, 100% das plantas apresentaram controle igual ou superior a 80%, ou seja, alta suscetibilidade (Figura 3).

Figura 3. Mapa de controle de Amaranthus spp. em função da aplicação de glifosato na dose 720 g ia ha-1 (A e B) e do dobro da dose 1440 g ia ha-1 (C e D) aos 28 dias após a aplicação em coletas realizadas no Paraná (A e C) e Mato Grosso do Sul (B e D). A coloração verde representa controle visual superior a 80% (alta suscetibilidade), a amarela controle visual superior a 70% e inferior a 80% (média suscetibilidade) e a vermelha controle visual inferior a 70% (baixa suscetibilidade).
Fonte: Leinecker et al. (2024)

Com relação ao controle do caruru utilizando o herbicidas 2,4-D, no Paraná, Leinecker et al. (2024) observaram um controle inferior a 70% em 4,68% das populações de caruru, indicando baixa suscetibilidade. A faixa de controle entre 70 e 80%, média suscetibilidade, concentrou 1,56% das populações e os restantes 93,76%, com controle igual ou superior a 80%, ou seja, alta suscetibilidade.

Para o 2,4-D na dose de 1340g ia ha-1 , a faixa de controle entre 70 e 80%, média suscetibilidade, concentrou 1,56% das populações e os restantes 98,44%, apresentaram controle igual ou superior a 80%, ou seja, alta suscetibilidade. No Mato Grosso do Sul, para a dose 670 g ia ha-1 e para o dobro da dose (1340 g ia ha-1) do herbicida 2,4-D, 100% das plantas apresentaram controle igual ou superior a 80%, alta suscetibilidade (Leinecker et al., 2024).

Figura 4. Mapa de controle de Amaranthus spp. em função da aplicação de 2,4-D, na dose 670 g ia ha-1 (A e B) e do dobro da dose 1340 g ia ha-1 (C e D), aos 28 dias após a aplicação em coletas realizadas no Paraná (A e C) e Mato Grosso do Sul (B e D). A coloração verde representa controle visual superior a 80% (alta suscetibilidade), a amarela controle visual superior a 70% e inferior a 80% (média suscetibilidade) e a vermelha controle visual inferior a 70% (baixa suscetibilidade).
Fonte: Leinecker et al. (2024)

De acordo com Leinecker et al. (2024), em ambos os estados, seja no Paraná, seja no Mato Grosso do Sul, os herbicidas fomesafem (250 ou 500 g ia ha-1 ) e do glufosinato (500 ou 1000 g ia ha-1) controlaram em mais do que 80%, todas as populações testadas, não havendo, nestes casos, suscetibilidade nem média, nem baixa a estes herbicidas.

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Referências:

HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2024. Disponivel em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 30/07/2024.

LEINECKER, J. P. B. et al. MAPEAMENTO DA SUSCETIBILIDADE DE CARURU A HERBICIDAS NO PARANÁ E MATO GROSSO DO SUL. HRAC-BR, 2024. Disponível em: < https://drive.usercontent.google.com/u/0/uc?id=1XyO5OSCflKjhtuCfBSfOg-uhai6g4Qgk&export=download >, acesso em: 30/07/2024.

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