O mercado brasileiro de milho deve ter uma quinta-feira marcada por cautela nos negócios. A notícia de que o governo pretende isentar a tributação de PIS/Cofins nas importações de milho ajudou a pressionar as cotações ontem. Agora, os compradores aguardam para ver se esse movimento de queda nas cotações se confirmará. No cenário internacional, a Bolsa de Chicago devolve os ganhos de ontem e opera em queda.
Ontem (18), o mercado brasileiro de milho apresentou preços de estáveis a moderadamente mais baixos. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, o mercado ficou “meio bagunçado com a informação sobre o PIS/Cofins”. O governo federal informou que pretende, até o próximo dia 30, anunciar a isenção da cobrança de PIS/Cofins sobre as importações de milho de qualquer origem.
Molinari destaca que a medida somente será aprovada em 30 de agosto e será válida até dezembro. “Na prática, isso não altera o custo de importação, apenas facilita a participação de todos na importação, já que o PIS não era levado em conta no cálculo da importação”, comenta. Porém, o mercado interno tentou baixar preços baseado nessa informação, indicou.
Analistas de SAFRAS & Mercado avaliam que, na prática, isso não irá alterar o custo de importação do cereal, o qual depende da matemática de preços FOB, fretes e internalização. Segundo SAFRAS, hoje apenas os importadores que têm a facilidade do regime de Draw Back se beneficiam do abatimento de PIS/Cofins. Com a nova medida do governo, todos os consumidores de milho no mercado interno poderão importar isentos desta tarifa. Na prática, porém, esta tarifa já não faz parte do cálculo de importação.
SAFRAS detalha que a medida será válida apenas até dezembro de 2021 e abre espaço também para que mais importadores participem das compras. As tradings, que poderão, por exemplo, trazer um navio com cereal importado e revendê-lo para vários compradores internos.
Chicago
Os contratos com entrega em dezembro de 2021 operam com baixa de 6,50 centavos, ou 1,15%, em relação ao fechamento anterior, cotada a US$ 5,58 1/2 por bushel.
O cereal é pressionado pela previsão de chuvas benéficas para partes do cinturão produtor dos Estados Unidos.
O mercado de commodities é influenciado negativamente também pelo mercado financeiro. O aumento das preocupações com a variante Delta do coronavírus geram um sentimento de cautela em torno da recuperação da economia mundial, o que leva os investidores a optar por investimentos de menor risco. Tal movimento contribuiu para a alta do dólar e a forte queda nos preços do petróleo registradas hoje.
O bom desenvolvimento das lavouras de milho em Illinois e Iowa é outro fator que ajuda a pressionar as cotações.
As lavouras de milho em Illinois, na parte central dos Estados Unidos, estão com desenvolvimento melhor neste ano, na comparação com a média dos últimos três anos e ante ao ano passado, segundo avaliação dos participantes da “Crop Tour”, realizada pela Pro Farmer.
Segundo a Pro Farmer, a produtividade média do milho deve ficar em 196,30 bushels por acre em Illinois, ante a média de 184,40 bushels por acre nos últimos três anos. No ano passado, o rendimento havia sido projetado em 189,40 bushels por acre.
As lavouras de milho em Iowa, no oeste dos Estados Unidos, estão com desenvolvimento melhor neste ano na parte oeste do estado, na comparação com o ano passado, segundo avaliação dos participantes da “Crop Tour”, realizada pela Pro Farmer. Na comparação com a média dos últimos 3 anos, tem duas amostras com rendimento acima e uma abaixo.
Segundo a Pro Farmer, a produtividade média do milho deve ficar em 182,84 bushels por acre na primeira amostra (única abaixo da média), 201,10 na segunda e 192,47 na terceira. Na média dos últimos três anos, o rendimento atingia 184,34, 183,96 e 183,61, respectivamente. No ano passado, somavam 181,26 bushels por acre na primeira, 172,41 na segunda e 184,74 na terceira.
Já as vendas líquidas norte-americanas de milho para a temporada comercial 2020/21, que tem início no dia 1o de setembro, ficaram em 216.500 toneladas na semana encerrada em 12 de agosto. Representa um recuo de 43% ante à semana anterior e bem acima da média das últimas quatro semanas. O México liderou as compras, com 190.100 toneladas.
Para 2021/22, foram mais 510.000 toneladas. Os analistas esperavam exportações entre 200 mil e 1,1 milhão toneladas, somando-se as duas temporadas. As informações são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Ontem (18), A posição dezembro de 2021 fechou a sessão a US$ 5,65 por bushel, ganho de 1,50 centavo de dólar, ou 0,26%, em relação ao fechamento anterior.
Câmbio
O dólar comercial registra alta de 1% a R$ 5,428. O Dollar Index registra ganho de 0,22% a 93,35 pontos.
Indicadores financeiros
- As principais bolsas da Ásia encerraram em baixa. Xangai, -0,57%%. Tóquio, -1,10%.
- As principais bolsas na Europa registram índices em baixa. Paris, -2,47%. Londres, -2,1%.
- O petróleo opera em baixa. Setembro do WTI em NY: US$ 63,20 o barril (-3,45%).
Fonte: Agência SAFRAS