O ano de 2025 pode ser considerado positivo para o mercado brasileiro de milho. De acordo com o analista de Safras & Mercado, Paulo Molinari, como sazonalmente ocorre, os preços se mostraram mais altos internamente no primeiro semestre, diante da menor disponibilidade de oferta. “As cotações chegaram a atingir R$ 80,00 em algumas regiões, numa média em torno de R$ 74,50 nos seis primeiros meses do ano. Já na segunda metade do ano, as cotações se acomodaram com a chegada da segunda safra e estiveram alinhadas ao movimento de exportação, em um patamar médio ao redor de R$ 62,80”, comenta.
O destaque neste ano ficou com a demanda interna recorde e o desempenho da exportação. Também é preciso mencionar a maior produção brasileira de milho da história, acima de 140 milhões de toneladas, puxada pelo ótimo desempenho da safrinha, que superou a casa de 100 milhões de toneladas pela primeira vez. “A grande surpresa no ano foi o clima, que proporcionou uma segunda safra no Brasil praticamente perfeita. A condição pode ser vista como anormal, uma vez que houve excelentes chuvas no outono, possibilitando um resultado com produtividade recorde”, afirma.
Molinari entende que as exportações de milho brasileiras neste ano podem ser consideradas satisfatórias, próximas a 40 milhões de toneladas, uma vez que, com uma safra norte-americana recorde, a Ucrânia com uma boa produção e a Argentina competitiva, o país poderia perder força nas vendas. “O desempenho surpreendeu mesmo com preços internos baixos. Isso demonstrou que somente o etanol não é suficiente para enxugar o mercado interno de milho facilmente. Demonstra também o fato de que o Brasil está bem inserido no ambiente global como fornecedor número 2 de milho”, sinaliza.
Preços no ambiente internacional tiveram mais um ano de correção
Molinari afirma que, no ambiente internacional, os preços tiveram mais um ano de correção. “Após as altas fortes da pandemia, com a Bolsa de Chicago chegando a US$ 8,00/bushel, o mercado retomou os níveis normais de US$ 4,00/bushel, voltando a sua média. A safra norte-americana com a segunda maior área da história e com ótima condição de clima consolidaram este movimento”, analisa.
No Brasil, o câmbio mais valorizado ao longo do ano foi um ponto negativo. A média de preços do dólar estava em R$ 6,02 em janeiro, atingiu R$ 5,52 em julho e chegou a R$ 5,34 em novembro, contribuindo para pressionar as cotações em reais internamente devido à baixa de preços nos portos. “Em uma situação melhor de câmbio, os volumes a serem embarcados pelo Brasil poderiam ter sido maiores”, comenta.
Desempenho dos principais players no mercado internacional de milho foi positivo
Na avaliação de Molinari, o desempenho dos principais players do mercado internacional de milho como EUA, Argentina, Ucrânia e China foi positivo. “Todos esses países tiveram um ano de boas produções, com recomposição das exportações e atendimento da demanda mundial. Esta é uma variável que sugere que o consumo mundial pode estar crescendo mais do que o projetado em 2025 e 2026”, disse.
Particularmente, a Ucrânia conseguiu se manter como o quarto maior exportador mundial de milho apesar de ainda estar enfrentando uma guerra com a Rússia. Já a Argentina teve um bom desempenho, mesmo com a forte mudança econômica, que contribuiu para a realização de ajustes internos.
De forma resumida, Molinari entende que 2025 foi um ano de correções de preços para a média histórica, com o registro de ótimas safras e demanda crescente por milho.
Para o Brasil, este não foi um ano muito rentável ao produtor devido aos custos e passivos. “De todo modo, tecnicamente, o país conseguiu dar vazão para mais uma safra recorde de milho”, conclui.
Fonte: Arno Baasch – Safras News




