O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa) em seu último boletim aponta as cadeias produtivas da maçã, feijão, trigo, cebola e leite como afetadas em maior ou menor grau pela crise causada pela Covid-19.
A maçã Fuji sofre com a redução da demanda escolar, causada pelo cancelamento das aulas em decorrência do isolamento domiciliar. A maior demanda da fruta se concentra nesse momento nas redes de atacado e varejo e pequenos varejistas. Assim, a estratégia das classificadoras é segurar os novos lotes para reduzir a oferta e pressionar a valorização dos preços da variedade.
O feijão teve alta significativa nos preços, o que, na avaliação da Epagri/Cepa é efeito da pandemia somada à estiagem que atinge o Sul do país. Em Santa Catarina, o preço pago ao produtor pelo feijão carioca teve alta de 22,24%. No caso do feijão preto, os produtores catarinenses perceberam alta de 6,13%.
O trigo foi outro produto cujos preços continuaram a subir em março. O cenário é resultado da dificuldade de importações dos países vizinhos e aumento da demanda interna em função da pandemia, aliada à alta do dólar. Os produtores catarinenses receberam em março R$ 46,36 em média pela saca de 60 Kg, alta de 1,62% no mês. Em Santa Catarina, o plantio do trigo começa normalmente em junho. Para a safra 2020/2021 a expectativa é de aumento da área plantada em função das previsões de crescimento da demanda nos cenários nacional e mundial.
A cebola teve o ritmo de escoamento de produção afetado pela pandemia, mas não os preços, que alcançaram o melhor patamar até o momento. O preço de comercialização da cebola nesta safra teve grande variação. Em Santa Catarina, a comercialização chegou a ficar bem abaixo da estimativa do custo de produção. Em março os valores reagiram. Segundo a Epagri/Cepa, os produtores catarinenses iniciaram o mês de março com preço da cebola classe 3 a R$ 1,00/kg. No final da primeira quinzena, passaram a receber de R$1,20/kg a R$1,55/kg, fechando o mês a R$2,20/kg nas regiões de Rio do Sul e Ituporanga.
Para todos os segmentos da cadeia produtiva do leite, o cenário para os próximos meses é muito preocupante, aponta o boletim da Epagri/Cepa. A produção brasileira tem ficado abaixo dos níveis esperados. Mesmo com o decréscimo de oferta, os preços dos lácteos não davam sinais de recuperação. A chegada da entressafra tendia a mudar esse quadro, mas a pandemia da Covid-19 complicou a situação do setor. Parte dos produtores catarinenses já sentirá os efeitos disso em abril, com queda no preço recebido. Outra parte deve receber preços igual ou levemente acima dos de março.
O mercado do arroz segue aquecido em Santa Catarina, contrariando a tendência de redução dos preços nesse período. Até o momento, 97% da área plantada na safra principal de 2019/20 já foi colhida e a expectativa é de produção normal na maioria das regiões.
O milho sofre com a estiagem, que causou retração de 10% na produção catarinense em relação à safra anterior. Os preços, que estavam em elevação desde setembro, apresentaram sinais de recuo na primeira quinzena de abril. Isso é reflexo do cenário internacional, já que, diante da desvalorização do petróleo, a demanda pelo cereal no mercado externo retraiu e, consequentemente, as cotações no mercado doméstico também. Outro fator é o recuo na produção de etanol nos Estados Unidos e Brasil, diminuindo a demanda por milho.
A produção esperada de soja no Estado deve ser 4,4% inferior à safra anterior. A redução só não foi maior em função do aumento de mais de 10 mil hectares da área cultivada e aos bons rendimentos das lavouras em municípios do Oeste do Estado. Apesar do impacto da pandemia no mercado internacional das commodities, os preços se mantém fortalecidos em função da cotação do dólar frente ao real em fevereiro e março. Em Santa Catarina, os preços em março apresentaram uma reação de 6,88% em relação ao mês anterior e de 13,2% frente ao mesmo mês do ano passado.
Conforme o esperado, o preço médio do boi gordo em Santa Catarina registrou queda de 7,4% na comparação entre fevereiro e dezembro últimos. Contudo, quando se compara a média preliminar de fevereiro com o mesmo mês de 2019, as variações são positivas: 6,8% em Chapecó, 14,8% em Lages e 21,4% na média estadual.
O frango enfrentou queda de 2,8% na exportação entre fevereiro e março, e de 29,5% na comparação com março de 2019. As receitas caíram 4,8% em relação a fevereiro e 32,5% na comparação com março do ano passado.
Já as exportações de suínos aumentaram 7,5% entre fevereiro e março e 14,5% na comparação com março de 2019. O faturamento de março foi de US$ 85,52 milhões, alta de 6% em relação ao mês anterior e de 36,7% na comparação com março de 2019. Os bons resultados na exportação contrastam com as oscilações negativas do preço do suíno vivo em diversas praças catarinense, em razão da redução de demanda no mercado interno. O preço médio estadual ao produtor independente registrou queda de 8,8% na comparação entre março e a média preliminar da primeira quinzena de abril, com variações de até -21,8% em algumas praças.
Fonte: Secretaria da Agricultura de SC, disponível em Fecoagro