Agentes estiveram cautelosos nas negociações de milho na maior parte de fevereiro. Consumidores priorizaram o uso de estoques, enquanto vendedores estiveram atentos à colheita da safra verão e à semeadura e/ou ao desenvolvimento da segunda safra.
Apesar da queda na produção 2023/24, a melhora do clima pode beneficiar as lavouras de verão semeadas tardiamente e também as de segunda safra que estão em período de implantação. Além disso, compradores acreditam em novas desvalorizações, fundamentados na possível entrada de maior volume da safra verão e da menor paridade de exportação, que, por sua vez, foi pressionada pelo recuo na cotação internacional do milho em boa parte de fevereiro.
Com isso, na região consumidora de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa acumulou leve baixa de 0,2% entre 31 de janeiro e 29 de fevereiro, fechando a R$ 62,23/saca de 60 quilos no dia 29. A média mensal do Indicador, de R$ 62,58/sc, está 5% menor que a de janeiro e 27% inferior à do mesmo período de 2023.
Regionalmente, no acumulado no mês (31 de janeiro a 29 de fevereiro), os preços de balcão (pago ao produtor) e de lotes (negociações entre empresas) recuaram 3,8% e 2,9%, respectivamente. Quanto às médias mensais, as quedas foram de 4,7% e 6% frente às de janeiro/24, nessa ordem.
PORTOS
O ritmo de negociações nos portos voltou a se reduzir em fevereiro, já que a prioridade foram os embarques de soja. O volume de milho exportado no mês foi de 1,71 milhão de toneladas, 25% inferior ao do mesmo período do ano anterior – dados da Secex.
Nem mesmo as negociações para entrega futura registraram progresso. Como os preços praticados em fevereiro são considerados baixos por produtores, muitos preferem negociar o cereal mais próximo da safra, quando a produtividade será definida. Em fevereiro, as médias das intenções de compra nos portos para entrega em agosto e setembro de 2024 foram de respectivos R$ 56,35/sc e R$ 56,83/saca de 60 kg, 3% e 2% inferiores às de janeiro.
Dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) apontam que apenas 19,21% da safra 2023/24 havia sido comercializada até 12 de fevereiro, avanço de 1,44 p.p. em relação ao verificado em janeiro, mas ainda 5,96 p.p. abaixo do mesmo período da safra 2022/23.
No Paraná, a Seab/Deral indica que a comercialização da safra verão somava 15% até fevereiro, acima dos 10% registrado em fevereiro/23. Já para a segunda safra, a negociação é de 3%, contra 2% em 2023.
ESTIMATIVAS
Conforme relatório divulgado pela Conab no início de fevereiro, a produção brasileira da safra 2023/24 deve totalizar 113,69 milhões de toneladas, 14% abaixo da temporada anterior, como consequência das reduções na área e na produtividade das três safras nacionais.
Para a primeira safra, a menor área e o excesso de chuvas durante o desenvolvimento reduziram a produção para 23,6 milhões de toneladas, 14% inferior à de 2022/23. Quanto à segunda safra, o atraso dos trabalhos de campo referentes à soja e os menores preços praticados em 2023 levam produtores a estimar redução na área com milho. Além disso, a produtividade está projetada para ser 7% menor que a verificada na safra anterior, resultando em produção de 88,09 milhões de toneladas, queda de 14% ante 2022/23. A terceira safra (cultivada nas regiões Norte e Nordeste) deve produzir 1,99 milhão de toneladas, 7,6% inferior à temporada anterior.
A Companhia espera aumento de 4,5 milhões de toneladas no consumo interno frente à safra anterior, estimado agora em 84,11 milhões de toneladas. As importações são apontadas em 2,5 milhões de toneladas.
Assim, o Brasil teria, na safra 2023/24, excedente exportável (soma do estoque inicial, da produção e da importação menos o consumo interno) em torno de 38,5 milhões de toneladas. Já a exportação da safra 2023/24 tem sido reduzida mês após mês e, agora, está prevista em 32 milhões de toneladas. Nesse contexto, apenas 6,46 milhões de toneladas restarão ao final da temporada, patamar baixo frente a anos anteriores.
O USDA, por sua vez, segue apontando produção mundial elevada na safra 2023/24, agora estimada em 1,23 bilhão de toneladas, devido principalmente ao crescimento da oferta nos Estados Unidos e na Argentina. O consumo também deve avançar, indo para 1,21 bilhão de toneladas, mas a maior produção global permite que as estimativas de estoques mundiais aumentem 20 milhões de toneladas, agora projetados em 322 milhões de toneladas.
CAMPO
A colheita da safra verão atingiu, até 3 de março, 29,4% da área nacional, 6,8 p.p. acima do observado no mesmo período da temporada anterior. Já a semeadura da segunda safra tem média nacional de 73,7% até o dia 3, avanço anual de 10,1 p.p., segundo a Conab.
INTERNACIONAL
Os futuros apresentaram fortes baixas no acumulado de fevereiro, influenciados principalmente pela ampla oferta dos Estados Unidos na temporada 2023/24 e pela perspectiva de que esse cenário se mantenha também em 2024/25.
A previsão é de que a produção nos Estados Unidos será de 389 milhões de toneladas na temporada 2023/24. O USDA também indicou que, para 2024/25, a colheita deve somar 382 milhões de toneladas, 2% inferior à anterior, mas ainda ampla.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), o contrato Mar/24 recuou fortes 7,3% em fevereiro, fechando a US$ 4,1575/bushel (US$ 163,67/t) no dia 29. Os vencimentos Mai/24 e Jul/24 cederam 6,3% e 5,4%, nesta ordem, fechando a US$ 4,2950/bushel (US$ 169,08/t) e a US$ 4,4125/bushel (US$ 173,71/t).
Fonte: Cepea
Confira o boletim completo, clicando aqui.