Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira
As cotações do trigo em Chicago permaneceram abaixo dos US$ 5,00/bushel, porém, com boa melhora no fechando do dia 08/08 (quinta-feira). O mesmo ficou em US$ 4,98/bushel, contra US$ 4,75 uma semana antes.
Nota-se boa performance do trigo de primavera nos EUA e baixas exportações deste país. Neste último caso, as vendas líquidas, referentes ao ano 2019/20, iniciado em 1º de junho, ficaram em 383.100 toneladas na semana encerrada em 25/07, representando 2% a menos do que a média das quatro semanas anteriores.
Mesmo assim, ficaram dentro do que o mercado esperava, embora no patamar inferior desta expectativa. Já as inspeções de exportação de trigo estadunidense atingiram a 395.136 toneladas na semana encerrada em 1º de agosto, ficando abaixo do volume da semana anterior.
Quanto as condições das lavoura de trigo de primavera nos EUA, as mesmas, até o dia 04/08, apontavam para 73% entre boas a excelentes, 22% regulares e 5% entre ruins a muito ruins. Afora isso, o mercado trabalhou na expectativa do relatório de oferta e demanda, previsto para este próximo dia 12/08. Neste sentido, as projeções dos analistas estrangeiros é de que os estoques finais de trigo nos EUA fiquem em 27 milhões de toneladas, enquanto os estoques mundiais devem recuar.
No Mercosul, a tonelada FOB para exportação permaneceu entre US$ 230,00 e US$ 240,00, enquanto a safra nova argentina se manteve em US$ 185,00. E no Brasil os preços se mantiveram estáveis, com leve viés de alta, puxados pela desvalorização do Real que torna mais caras as importações. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 41,41/saco, enquanto os lotes, na referência, continuaram em R$ 46,80/saco.
No Paraná, o balcão se manteve entre R$ 46,50 e R$ 47,50/saco, enquanto os lotes seguiram entre R$ 54,00 e R$ 55,00/saco. Já em Santa Catarina, o balcão ficou entre R$ 41,00 e R$ 42,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos permaneceram em R$ 50,40/saco. É bom lembrar que os preços atuais do trigo, no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estão entre 10% a 14% mais baixos do que as médias praticadas nesta mesma época no ano passado. O plantio está finalizado na Argentina, confirmando a maior área de trigo dos últimos 18 anos. Agora, tanto lá quanto aqui no sul do Brasil o clima torna-se o elemento central até a colheita.
Neste caso, no Paraná e alguns locais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, as geadas de julho e deste início de agosto fizeram estragos nas lavouras do cereal. Ainda não há uma avaliação definitiva, porém, o sentimento é de perdas na safra. Além disso, novas geadas não estão descartadas até o final de agosto. Soma-se a esse problema, o fato de que a forte desvalorização do Real deixar os moinhos com mais dificuldades para importarem, pois o produto do exterior fica mais caro, valorizando o trigo nacional que deve chegar ao mercado a partir de setembro, via o Paraná.
Dito isso, não se pode esquecer que a Argentina, em o clima ajudando, terá uma safra maior neste ano, ofertando para exportação uma quantidade significativa de trigo, fato que pode frear maiores ímpetos de alta nos preços locais, mesmo com o câmbio ao redor de R$ 4,00 por dólar. Especialmente se Chicago se manter com cotações abaixo dos US$ 5,00/bushel. Quanto as condições das lavouras paranaenses, segundo o Deral local, houve uma piora nas mesmas nesta semana. Assim, 9% se apresentavam em condições ruins, 29% regulares e 62% entre boas a excelentes. No ano passado, 18% das mesmas estavam ruins e 54% boas a excelentes. Ou seja, o quadro vem piorando no passar das semanas, porém, as lavouras de trigo do Paraná ainda se apresentam melhores do que o registrado no ano passado.
Enfim, por enquanto a liquidez do mercado continua tímida, pois há muito pouco trigo nacional disponível. Os moinhos aindas estão abastecidos pelas importações ou alongamento de estoques, na medida em que moem um volume menor do produto nas últimas semanas. A expectativa dos mesmos é que os preços internos baixem com a entrada da safra nova, mas o clima e o câmbio podem frustrar esta estratégia.
Isso porque, além das perdas físicas provocadas pelas geadas, há ainda a perda de qualidade do produto a ser colhido. Tudo isso ainda será melhor avaliado nas próximas semanas.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.