O mercado global de biounsumos, que inclui todos os segmentos – controle, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores – movimentou entre US$ 13 e US$ 15 bilhões em 2023. Segundo pesquisa da CropLife Brasil, o mercado brasileiro cresceu 21% nos últimos três anos, quatro vezes acima da média global. Até 2032, o mercado global deve crescer entre 13% e 14% ao ano, triplicando em faturamento na comparação com o número atual.
As vendas no varejo brasileiro somam R$ 5 bilhões em 2023/24. E as principais culturas a adotarem os bioinsumos são a soja, o milho e cana. O Mato Grosso representa 33% do mercado brasileiro de biounsumos. Os três estados que vêm logo atrás – Goiás/DF, São Paulo e Paraná – , somam 30%.
Segundo a CropLife, os bioinsumos são utilizados em 23% da área agrícola do Brasil. O número é considerado elevado, mas os dirigentes da associação observam o potencial de crescimento no país.
No contexto nacional, o interesse pela agricultura de baixo impacto ambiental vem crescendo, conforme a CropLife. Assim, os produtos biológicos são uma alternativa viável para uma produção mais sustentável.
Crescimento do setor
O mercado de bioinsumos deve continuar crescendo no mesmo ritmo dos últimos anos no Brasil. Os principais motores desse movimento são a profissionalização e a expansão da indústria, as novas formulações de tecnologias e os fortes incentivos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A CropLife responde por 80% do P&D nessa área no Brasil. Na visão da associação, os produtores têm entendido que as soluções biológicas têm trazido retorno positivo pra sua produção.
Desafios e oportunidades
O diretor-presidente da CropLife Brasil, Eduardo Leão, vê 2024 como um ano desafiador para a indústria de insumos agrícolas. Além da mudança climática, questões de mercado afetam o setor. “Esperamos uma regularização maior do nível de estoques. Ano passado foi difícil pra indústria, pois os estoques estavam muito elevados, não só nos revendedores, mas nos produtores”, disse. Os menores preços das commodities também impactam a cadeia como um todo. “São desafios que demandam tecnologias que possam endereçar de forma mais adequada essas dificuldades”, observou.
Desta forma, ele enxerga como oportunidades o custo-benefício positivo dos biosunumos. “Isso vem sendo observado pelos produtores”, disse. Outro ponto é a sinergia dos bioinsumos com outras tecnologias agrícolas para tornar produção mais sustentável econômica e ambientalmente. “O Brasil é um laboratório extremamente rico pela biodiversidade que nós temos. Seguramente vai se tornar uma base de exportação pra outros países”, projetou.
Plano Safra
Para o Plano Safra 24/25, que deve ser divulgado amanhã, a expectativa dos dirigentes da CropLife é de uma manutenção nas linhas de crédito mais baratas para a agricultura sustentável. Segundo eles, a forma de pensar do ministério da agricultura sinaliza para a continuidade do incentivo às práticas sustentáveis.
Marco Regulatório
Atualmente, um marco regulatório para bioinsumos está sendo debatido em Brasília. A discussão envolve diversas esferas do governo, da indústria e os produtores. Existe, segundo a CropLife, um consenso de que os bioinsumos devem ser retirados da lei de agroquímicos, que tem uma regulação muito mais pesada, com preocupações específicas.
Eles defendem que, além das especificações e exigências para a indústria, haja uma fiscalização para a produção adequada, técnica e responsável dentro das fazendas. “É importante que regulamentação traga controle de qualidade rastreabilidade, pra que administração pública possa controlar o que está sendo feito dentro das fazendas”, disse um dirigente da empresa em coletiva realizada nesta terça-feira.
Autor/Fonte: Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Safras News