Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do milho em Chicago se mantiveram estáveis durante a semana, com o fechamento desta quinta-feira (18) ficando em US$ 3,31/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 3,29 uma semana antes.
O mercado internacional está atento ao desenvolvimento da safra nos EUA, cuja semeadura está concluída. Nesta última semana houve redução nas condições positivas das lavouras estadunidenses, indicando pressão altista sobre os preços. De fato, até o dia 14/06 o USDA apontou que 71% das mesmas se apresentavam entre boas a excelentes, contra 75% na semana anterior. Por outro lado, outros 24% das lavouras estavam regulares e 5% entre ruins a muito ruins.
Em contrapartida, os Fundos de Investimento têm jogado contra a alta nos preços do milho. Pelo menos até o dia 09/06 os mesmos tinham aumentado sua posição líquida vendida em 5,7%, enquanto para a soja o saldo comprado havia crescido 168%.
Como sempre nesta época, o clima ditará o movimento principal nas cotações do milho em Chicago. Por enquanto, a situação é normal, com previsão de safra superior a 406 milhões de toneladas nos EUA.
No Brasil, os preços do milho continuam pressionados pela chegada da safrinha e a expectativa de uma safra total recorde ao redor de 101 milhões de toneladas. Com isso, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 42,95/saco. No Paraná o produto ficou cotado a R$ 38,00, enquanto na região central de Santa Catarina igualmente em R$ 42,00. Nas demais principais praças nacionais tivemos os seguintes preços médios: R$ 32,00 em Rondonópolis (MT); R$ 29,00 em Sorriso(MT); R$ 37,00 em Maracaju (MS); R$ 39,00 em Dourados (MS); R$ 35,00 em Rio Verde (GO); e R$ 50,00 no CIF em Campinas (SP).
Na BM&F de São Paulo, no dia 18/06 o mês de julho iniciou cotado a R$ 45,75/saco, enquanto setembro ficava em R$ 44,75, e novembro em R$ 46,91/saco.
Por sua vez, segundo a Anec, a expectativa é de que o Brasil exporte 1,04 milhão de toneladas em junho. Assim, os seis primeiros meses do ano devem fechar com um total de 2,8 milhões de toneladas exportadas. Uma queda de 64,5% sobre as 7,9 milhões de toneladas exportadas no primeiro semestre de 2019. A projeção da Conab é de que o país feche o ano exportando 34,5 milhões de toneladas, contra cerca de 42 milhões no ano passado. Isso significa dizer que o Brasil terá que exportar quase 32 milhões de toneladas entre julho e dezembro próximos. Algo desafiador diante de uma futura safra recorde nos EUA, ficando muito na dependência do câmbio para motivar tais vendas. Na prática, o mercado espera vendas externas um pouco menores, ao redor de 30 milhões de toneladas. Portanto, este ritmo menor de vendas externas tende a ser mais um fator de pressão baixista sobre os preços, além da entrada da safrinha a partir deste final de junho.
E a respeito da safrinha, vale destacar que o Mato Grosso do Sul já teria negociado 42% da mesma, sendo seis pontos percentuais superior ao mesmo período de 2019. O preço do milho local está 35% acima do valor praticado na mesma época do ano passado, embora o mesmo venha recuando desde maio. O Estado deverá colher 8,2 milhões de toneladas, contra 12,2 milhões no ano anterior, após um recuo na área semeada de quase 13%. Além disso, o clima não foi positivo em muitas regiões do Estado sul mato-grossense.
Já no Paraná, segundo o Deral, a colheita da safrinha chegou a 3% da área até o dia 15/06, com a produção final devendo atingir a 11,9 milhões de toneladas, com recuo de um milhão de toneladas em relação ao esperado inicialmente.
Por sua vez, no Mato Grosso a colheita chegava a 10% da área, estando atrasada. Os produtores locais já negociaram 85% da safrinha de milho, e já venderam 35% da safra 2020/21.
Em síntese, salvo surpresa, nos próximos meses a pressão continuará baixista sobre os preços do milho nacional. Passada a colheita da safrinha, a partir de setembro, tais preços podem melhorar dependendo do volume que se terá na safrinha e do ritmo das exportações do cereal no segundo semestre.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ