A cotação do milho, em Chicago, para o primeiro mês cotado, fechou a quintafeira (10) em US$ 6,53/bushel, contra US$ 6,79 uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado em 09/11, trouxe os seguintes números para o milho, referentes ao ano 2022/23: a produção do cereal nos EUA deverá fechar em 353,8 milhões de toneladas, com um ganho de quase um milhão sobre outubro; os estoques estadunidenses de milho somariam 30 milhões de toneladas, com ganho de cerca de 200.000 toneladas sobre outubro; a produção mundial do cereal fica estabelecida, agora, em 1,168 bilhão de toneladas, sem modificações sensíveis em relação a outubro; e o estoque final mundial somaria 300,8 milhões de toneladas, com perda de cerca de 300.000 toneladas sobre o estimado em outubro. O preço médio do bushel, ao produtor dos EUA, foi mantido em US$ 6,80/bushel.

Dito isso, a colheita de milho nos EUA, até o dia 06/11, atingia a 87% da área, contra 76% da média histórica. Ao mesmo tempo, os embarques de milho estadunidense, na semana encerrada em 27/10, atingiram a 231.458 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. Com isso, o volume total embarcado até o momento, no ano comercial 2022/23, chegava a 4,4 milhões de toneladas, representando 27% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior.

E, aqui no Brasil, os preços do cereal ficaram relativamente estáveis. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 84,31/saco, enquanto nas demais praças nacionais o produto oscilou entre R$ 65,00 e R$ 82,00/saco. Já na B3 o pregão do dia 09/11 fechou com novembro valendo R$ 85,75/saco; janeiro R$ 87,87; março R$ 91,33; e maio R$ 90,83/saco.

Notase alguns recuos de preço em determinadas praças nacionais, pelo baixo ritmo de negócios, porém, as expressivas exportações continuam dando sustentação ao mercado do cereal, mesmo diante de uma safrinha recorde e já colhida. Os bloqueios das estradas ajudaram a baixar os preços relativos, pois os consumidores usaram seus estoques e deixaram de comprar novas cargas.

Dito isso, o plantio do milho de verão deverá ser feito em 4,54 milhões de hectares neste ano, no Brasil, o que representaria um recuo de 1,5% sobre a área do ano anterior. O CentroSul semearia 3,06 milhões de hectares, 2% abaixo do realizado um ano antes, enquanto as regiões Norte e Nordeste somariam 1,48 milhão de hectares, o que representa 1% a menos do que o realizado um ano antes. Neste contexto, em havendo clima normal, a produção potencial é de 26 milhões de toneladas, superando em 4% o produzido no ano anterior (19,5 milhões de toneladas no Centro-Sul e 6,5 milhões no Norte/Nordeste). Já para a área do milho safrinha, espera-se que a mesma atinja a 18,7 milhões de hectares no país no próximo ano, subindo 2% sobre 2022. Em clima normal, isso poderá resultar em uma produção de 96,8 milhões de toneladas, ou seja, 2% acima do realizado nesta última colheita. Assim, no total, para 2022/23, o Brasil projeta uma área de 23,2 milhões de hectares, sendo esta 1% acima da realizada no ano anterior, e uma produção de 122,8 milhões de toneladas (2% acima da obtida neste último ano) (cf. Datagro), lembrando que existem analistas avançando uma produção final em até 129 milhões de toneladas.

Por outro lado, o plantio da atual safra de verão atingiu a 63% da área esperada no CentroSul nacional, contra 75% na mesma época do ano anterior. Há atrasos em Minas Gerais e Goiás, enquanto no Sul do país o mesmo estaria praticamente concluído.

Especificamente no Mato Grosso, a área de milho safrinha poderá somar um total de 7,42 milhões de hectares para 2022/23. Em clima normal, se espera uma produtividade média local de 104,3 quilos/hectare, o que resultaria em um recorde de produção ao redor de 46,4 milhões de toneladas. Já em relação a comercialização da safra 2021/22, a mesma atingiu a 83,6% do total no final de outubro. O preço médio obtido naquele mês foi de R$ 67,27/saco. Ao mesmo tempo, as vendas antecipadas, relativas à safra 2022/23, atingiram a 18,8% do total esperado, com preços médios em R$ 68,28/saco. Ou seja, apenas um real acima da média vendida na safra anterior.

Pelo lado das exportações, a Anec estima que em novembro o país exporte 6 milhões de toneladas de milho, contra apenas 2,74 milhões em novembro de 2021. Este forte aumento se deve a grande safrinha colhida e ao bom ritmo das vendas. Assim, de janeiro a novembro as exportações nacionais de milho chegariam a 37,9 milhões de toneladas, contra 20,6 milhões em todo o ano de 2021.

Segundo alguns analistas nacionais, “o produtor tem que começar a se prevenir, sendo este o momento de hedge e de proteção de preço, porque os mesmos podem recuar um pouco mais.”. (cf. Brandalizze Consulting).

Enfim, notícia vinda do exterior dá conta que o governo do México não quer comprar milho transgênico, particularmente dos EUA. O México tem um decreto presidencial que visa banir o milho geneticamente modificado em 2024 e eliminar gradualmente o herbicida glifosato, encontrado no Roundup, da Bayer. O país importa cerca de 17 milhões de toneladas de milho dos Estados Unidos, por ano, e está a caminho de importar ainda mais este ano. Os lobbies agrícolas norteamericanos insistem que a proibição causará bilhões de dólares em danos econômicos. (cf. Reuters)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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