A produção agrícola depende, dentre outros fatores, da disponibilidade de nutrientes de forma equilibrada no solo.

Os micronutrientes essenciais, como boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn), molibdênio (Mo), cobalto (Co) e zinco (Zn), são absorvidos em pequenas quantidades pelas plantas, quando comparados aos macronutrientes. No entanto, quando os teores presentes no solo são insuficientes para manter a demanda das plantas, há uma drástica redução na atividade fisiológica vegetal, impactando diretamente na produtividade da cultura.

Nos últimos anos, a utilização de micronutrientes na adubação de grandes culturas vem ganhando destaque na agricultura brasileira. Isso ocorre principalmente devido ao aumento da produtividade das culturas e consequente aumento da remoção de diversos nutrientes do solo, ao aparecimento de deficiências induzidas em razão do aumento das doses utilizadas e da incorreta incorporação de calcário ao solo e ao aprimoramento da análise de solo e foliar, com melhoria na eficiência da diagnose de micronutrientes.

O material de origem e os processos envolvidos na formação dos solos, os quais determinam a capacidade de retenção de água, a aeração e a temperatura do solo, também influenciam na disponibilidade de micronutrientes às plantas. Além disso, fatores como a idade da folha, permeabilidade da cutícula e o estado fisiológico da cultura podem afetar a absorção dos nutrientes via adubação foliar.

Mas e para a cultura da soja, qual a importância desses nutrientes? Em que quantidades devem ser aplicados?

Veja, na tabela abaixo, um estudo da Embrapa que mostra as quantidades de nutrientes extraídas e exportadas pela cultura da soja, para cada tonelada de grãos produzida, dando-se um destaque maior para os micronutrientes.

Tabela 1: Quantidades médias absorvidas e exportações de nutrientes por tonelada de soja produzida (Embrapa, 2012).

Fonte: Embrapa (2013).

Pensando nisso, na terceira temporada do Dicas Mais Soja, o Dr. João Pascoalino, do CESB – Comitê Estratégico Soja Brasil, comentou a respeito da utilização dos micronutrientes na cultura da soja, bem como a melhor época de se aplicar e os cuidados que devemos ter em relação ao uso dessa ferramenta tão importante para garantirmos uma boa produtividade na cultura da soja.



O pesquisador ressalta que a alta produtividade está associada a todos os fatores, que devem estar em harmonia e equilíbrio. Dessa forma, dentro desse aspecto, não podemos negligenciar os micronutrientes.

Quando nos referimos aos micronutrientes, João destaca que esses são nutrientes exigidos em pequenas quantidades, porém, não necessariamente são menos importantes que os macronutrientes, por exemplo, que são exigidos em maiores quantidades pelas culturas.

Quando trabalhamos em ambientes de altas produtividades devemos ter em nossa concepção que são ambientes extremamente exigentes, e por isso devemos fornecer quantidades de Zinco, Boro, Ferro, Manganês, e os demais dentro da proporção correta de acordo com as exigências nutricionais de cada cultura, destacou o pesquisador.

Quando desenhamos a lógica de uma planta e suas necessidades, existem alguns aspectos do manejo inerentes nesse cenário, por exemplo, quando tratamos com a adubação de base, ali estão também os micronutrientes, pensando principalmente em regiões como o cerrado que carecem desses nutrientes, esse momento é imprescindível para a nutrição das plantas. Ao incluir os micronutrientes na adubação de base, já se está favorecendo a entrega desses nutrientes em tempo hábil para a cultura e consequentemente para termos quantidades suficientes fornecidas à planta ao longo de todo o seu desenvolvimento, ressaltou o pesquisador.

Porém, conforme destacado, dentro desse aspecto os micronutrientes não são fornecidos apenas via adubação no sulco, também temos o tratamento de sementes, onde é imprescindível fornecermos a quantidade exata, não deixando que esse tratamento perca a eficiência de aproveitamento desses nutrientes em função de serem utilizados diversos produtos que podem causar antagonismo e reduzir a eficiência desses nutrientes. Nesse aspecto, refere-se principalmente ao Níquel, o Cobalto e o Molibdênio, que são exigidos em pequenas quantidades e a faixa entre a toxidez e essencialidade acaba sendo muito estreita.

O pesquisador destaca que o Níquel, por exemplo, cuja faixa entre a essencialidade e a toxidez é muita estreita, em caso de falta desse nutriente, teremos problemas em algumas enzimas associadas à fixação biológica de nutrientes, dessa forma, devemos ter cuidados extremamente específicos com aqueles elementos que estão relacionados à fisiologia da cultura da soja.

Já o Boro, por exemplo, tem se demonstrado como um nutriente extremamente estratégico para o crescimento e desenvolvimento do sistema radicular, ajudando na permeabilidade da membrana, liberação de açúcares das folhas e quando somado ao Magnésio e o Nitrogênio ajuda no enchimento de grãos e o Manganês, ao longo do desenvolvimento da cultura, em uma aplicação de glifosato deve ser colocado para gerar um fator positivo, evitando estresse da planta.

Dentro desse contexto temos também o Cobre que ajuda muito na questão da fisiologia da planta pensando-se na nutrição e também para suprir algumas condições de adversidades.

Dessa forma, os micronutrientes, embora exigidos em pequenas quantidades, possuem um papel muito importante dentro do metabolismo da planta, principalmente quando falamos de metabolismo secundário, evitando determinados aspectos de estresse causados pelo ambiente e em ambientes de alta produção, qualquer estresse pode causar um impacto muito grande na produtividade e é isso que devemos evitar.

Para ouvir a conversa do pesquisador com o Mais Soja, assista o vídeo abaixo.

https://www.facebook.com/maissoja/videos/2633732723371022/?t=48



Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

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