Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD): considerando que não dá para “brincar” com o sistema produtivo, de que não se pode ser “amador”, que o manejo do milho (assim como do sistema) deve ser encarado como investimento e que, para isso devemos usar todas as “armas”, é necessário expor possibilidades.

Começando por aquelas que permitam ao milho condições competitivas diante do mato (planta daninha). O que seria garantir condições competitivas para a cultura diante do mato? Segue a resposta:

  • Produção de palhada no sistema, que serve como controle cultural e físico. Pois a cobertura de solo, além de inúmeros benefícios ao sistema como um todo, cria um “invólucro” protetor no solo, impedindo por meio de barreira física que algumas espécies de plantas daninhas venham a emergir e “tomar o sistema”. Observando que algumas palhadas (ou plantas de cobertura) liberam aleloquímicos, que geram alelopatia, que em outros termos nesse caso de MIPD, são “bioherbicidas” que ajudam o produtor.
  • Realizar uma boa dessecação pré-semeadura, utilizando um bom pré-emergente é importante! Fazendo isso, é dado uma “dianteira competitiva” para a cultura, ou seja, ela entra no limpo, o que aumenta o período anterior a interferência do mato (PAI).
  • Associar outro tipo de “controle” que é a seleção de híbridos, nesse caso quanto mais responsivo e vigoroso o híbrido, associado ao um ambiente mais adequado, mais esse milho cresce, se desenvolve e fecha mais cedo, diminuindo o período total de prevenção a interferência (PTPI).

Diminuindo o PTPI, diminui-se o período crítico de prevenção a interferência (PCPI), onde se faz a entrada de herbicida em pós. Então, com o aumento o período anterior a interferência do mato (PAI) e diminuindo PTPI, diminuiu-se o PCPI, pode-se diminuir herbicida em pós e ganhar em economia.

Mas as oportunidades não param ainda, cabe salientar que, dependendo do híbrido que se escolhe, escolhemos, eventualmente embutido neles, algumas tecnologias transgênicas, como a tolerância a alguns herbicidas (glyphosate – RR®, glufosinate – LL®, etc). Essas tecnologias, algumas já disponíveis e outras que ainda virão, são ferramentas auxiliares no manejo, pois assim como deve-se rotacionar culturas no sistema, deve-se rotacionar ou usar transgênicos, pois rotacionando tolerâncias a herbicidas, rotacionamos herbicidas, e isso é o nosso próximo tema, que é o controle químico. Desse modo, vamos falar de seleção de herbicidas!

Na seleção de herbicidas devemos levar em consideração:

  • Composição florística e fitossociologia das plantas daninhas: “nomes bonitos” para enquadrar algo “feio”, ou seja, esses termos se referem ao “tipos” de mato que existe na área e o quanto pode representar.
  • Espectro de controle: se o herbicida “pega” o mato problemático, se o controle é efetivo.
  • Modalidade de uso: há “frentes de ataque” dos herbicidas, podem ser pré-emergentes ou pós-emergentes das plantas daninhas, e podem ter o seu uso na dessecação pré semeadura ou dentro da cultura.
  • Seletividade do herbicida: se o herbicida causa potencialmente fitointoxicação (“fito”) e/ou “carryover” (residual indesejado) no milho, observando a tolerância dos híbridos X herbicidas.
  • Tecnologia de aplicação: esse é um quesito que a maioria anda “perdendo a mão”, e envolve práticas como calibração, volume de calda, condições meteorológicas, água (pH, dureza, etc), entre outros quesitos.
  • Sistema produtivo: lembrar que antes do milho teve alguma cultura e que depois haverá, cuidando assim com herbicidas que causam “carryover” na cultura do milho ou subsequente. E nesse sentido lembrar do solo e da palhada, pois dependendo do solo e da palhada o herbicida vai ter um comportamento diferente!
  • Custo: avaliar a relação custo/benefício no uso de herbicidas, mas esse não pode ser o primeiro critério, pois podemos comprar “gato por lebre”, utilizando produto “barato” que não resolve o problema (onde o “barato sai caro”), e as vezes “fazendo mais do mesmo” sem avanço. Herbicida é investimento!
  • Boas práticas agrícolas: é imprescindível usar EPI, seguir rigorosamente a bula dos produtos e, ter sempre um Engenheiro Agrônomo prescrevendo as tecnologias e acompanhando a lavoura.

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Ainda em herbicidas, vale destacar alguns aspectos:

  • A “planta tem que estar funcionando bem para que o herbicida funcione bem”! Ou seja, se a condição ambiental, seja no momento da aplicação ou anterior a ela não estiverem boas para que as plantas daninhas estejam fisiologicamente “bem”, o herbicida, que tem ação fisiológica no mato, não vai funcionar bem.
  • Ao usar transgênicos as possibilidades de herbicidas melhoram, como a de usar glyphosate (RR®) e glufosinate (LL®) em pós no milho, mas é necessário certificar-se com cautela! As vezes a tolerância será a mais de um, mas as vezes pode haver confusão, e aí leva-se um “baita tapa na cara”, matando o milho ao invés de resolver o problema do mato na lavoura.
  • Dessecações em pré-semeadura são essências para o estabelecimento da cultura. No entanto, quando for dessecar com graminicidas (os herbicidas do mecanismo ACCase, como clethodim e haloxyfop), cuidado com a “fito”, pois não respeitando determinados intervalos antes da semeadura, problemas poderão ocorrer.
  • Atenção a estádio e dose de aplicação em pós-emergência do milho. Como por exemplo: evitar o uso de herbicidas hormonais (como o 2,4-D) após V4; evitar o uso de qualquer herbicida após V6; não ultrapassar a dose de bula, mesmo no caso de transgênicos. Porque, errando estádio e ultrapassando a dose, podem ocorrer “desastres”, já que o herbicida fora de estádio e dose pode deixar se ser seletivo para a cultura.
  • Em consórcio, estar atento! Procurar herbicidas seletivos para as espécies consorciadas e cuidado nas sub-doses de herbicidas para controle de crescimento da braquiária, por exemplo.
  • Utilizar pré-emergentes, pois são essenciais, trabalhando para segurar banco de sementes, aumentar o período anterior a interferência (PAI) e fazendo a rotação de mecanismo de ação, diminuindo assim a pressão de seleção e o surgimento de populações de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Além disso, herbicidas como a atrazina, em dose cheia no milho, ajudam a segurar fluxos de emergência de buva, facilitando o controle após o milho e assim beneficiando o sistema.
  • E não esquecer de procurar sempre um Engenheiro Agrônomo!

Conclusão: não se pode deixar de pensar em sistema, devemos usar todas as estratégias de controle de forma integrada e pró ativa. “O manejo deve ser integrado e pensado no sistema”.

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Indicação Técnica: Canal no YouTube – Professores Alfredo e Leandro Albrecht

Fonte: Informativo Supra Pesquisa

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