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Milho como ferramenta no manejo de plantas daninhas

O controle de plantas daninhas é essencial para reduzir perdas produtivas e qualitativas em culturas agrícolas. Contudo, em um sistema de produção agrícola, em especial no plantio direto, o manejo e controle de plantas daninhas deve ser pensando de forma integrada, para reduzir as populações de plantas daninhas tanto no período de safra, quanto na entressafra.

Banco de sementes do solo

O banco de sementes do solo é uma das principais se não a principal fonte de novas populações de plantas daninhas. Ao completar o ciclo de desenvolvimento, a maioria das plantas daninhas dispersas suas sementes no ambiente.  Grande parte dessas sementes vão parar no solo, integrando o branco de sementes do solo.

Algumas espécies de plantas daninhas apresentam elevada capacidade em produzir sementes, como é o caso do caruru, que dependendo da espécie, pode produzir de 200 mil a 600 mil sementes por planta  (Penckowski et al.,2020). Espécie mais comuns como a buva, podem produzir mais de 100 mil sementes por planta (Duarte et al., 2007).

Essas sementes são dispersas no solo, nas mais variadas camadas. Sob condições adequadas de umidade, temperatura e luminosidade, as sementes germinam dando origem a novos fluxos de emergência de plantas daninhas, e novas populações dessas plantas.

Controle cultural

Estratégias de manejo podem contribuir para a redução dos fluxos de emergência das plantas daninhas. Algumas espécies de plantas daninhas como buva e caruru, apresentam sementes consideradas fotoblásticas positivas, ou seja, necessitam de luz para germinar.

Em sistemas plantio direto estabelecidos, o cultivo de espécies de cobertura e/ou a rotação de culturas pode contribuir para a redução da germinação das sementes no banco de sementes do solo. A palhada das culturas na superfície do solo serve como uma barreira física, restringindo a passagem de luz para o solo, e consequentemente limitando a germinação das sementes fotoblásticas positivas.


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Embora a cobertura do solo seja muito associada apenas a culturas de cobertura, conforme analisado por Yamashita & Guimarães (2015), culturas comerciais como o milho, inseridas no sistema de produção agrícola, podem contribuir para o manejo de plantas daninhas. Além de possibilitar a rotação de ingredientes ativos e mecanismos de ação de herbicidas, o milho proporciona boa cobertura do solo, com palhada residual da cultura.

Analisando o efeito da palhada do milho na emergência de espécies de buva (Conyza canadensis e Conyza bonariensis), os autores observaram uma relação inversamente proporcional da quantidade da palhada de milho, com a emergência das plantas daninhas. Os resultados obtidos demonstram que a medida em que há o aumento da quantidade de palhada de milho na superfície do solo, tem-se a redução da emergência das espécies de buva, corroborando a importante contribuição da palhada no manejo de plantas daninhas.

Figura 1. Emergência de plântulas de Conyza, sob quantidades crescentes de palha de milho.
Fonte: Yamashita & Guimarães (2015)

Segundo Yamashita & Guimarães (2015), a redução da quantidade e modificação da qualidade da luz que atinge as sementes em solos cobertos com palha na superfície contribui para a redução da germinação das sementes de buva. A sensibilidade da buva a luminosidade para germinação também foi observada por Yamashita et al. (2016), que avaliando a germinação de espécies de buva em função da presença e da ausência de luz, observaram que, a ausência de luz restringe a germinação das sementes da buva.

Tabela 1. Germinabilidade (%) de sementes de Conyza canadensis e C. bonariensis em duas condições de luminosidade, após cinco dias da montagem do experimento.
Fonte: Yamashita et al. (2012), apud. Yamashita et al. (2016)

Em suma, pode-se dizer que a boa cobertura do solo afeta a germinação das sementes de plantas daninhas fotoblásticas positivas, reduzindo os fluxos de germinação dessas plantas daninhas, e contribuindo para o manejo delas. Além disso, como visto anteriormente, o milho pode ser considerado uma importante ferramenta no manejo de plantas daninhas.

Por apresentar elevada matéria seca e poder compor a rotação de culturas em sistemas agrícolas comerciais, o cultivo do milho possibilita o manejo de plantas daninhas sem abrir mão da produção de grãos. Contudo, sua capacidade em atuar na supressão de plantas daninhas está diretamente relacionado com a quantidade de palhada produzida pelo milho.


Veja mais: Dessecação pré-colheita da soja no manejo de plantas daninhas



Referências:

DAUER, J. T. et al. TEMPORAL AND SPATIAL DYNAMICS OF LONG-DISTANCE Conyza canadensis  SEED DISPERSAL. Journal of Applied Ecology 2007. Disponível em: < https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1365-2664.2006.01256.x >, acesso em: 18/03/2024.

PENCKOWSK, L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL: O PRIMEIRO PASSO É SABER IDENTIFICAR ESSA ESPÉCIE! Revista FABC – Abril/Maio 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 18/03/2024.

YAMASHITA, O. M. et al. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE DUAS ESPÉCIES DE Conyza EM FUNÇÃO DA PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE LUZ E INTERAÇÃO COM A ADIÇÃO DE NITRATO E ÁCIDO GIBERÉLICO NO SUBSTRATO. Ambiência Guarapuava, 2016. Disponível em: < https://www.researchgate.net/profile/Marco-Carvalho-6/publication/368184297_Germination_of_two_species_of_Conyza_seeds_as_a_function_of_the_presence_or_absence_of_light_and_interaction_with_the_addition_of_nitrate_and_gibberellic_acid_in_the_substrate/links/640087870cf1030a566743bc/Germination-of-two-species-of-Conyza-seeds-as-a-function-of-the-presence-or-absence-of-light-and-interaction-with-the-addition-of-nitrate-and-gibberellic-acid-in-the-substrate.pdf >, acesso em: 18/03/2024.

YAMASHITA, O. M.; GUIMARÃES, S. C. EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE Conyza canadensis e Conyza bonariensis EM SOLO COBERTO COM PALHA DA CULTURA DE MILHO. Evidência, Joaçaba v. 15, n. 2, p. 141-152, jul./dez. 2015. Disponível em: < https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/8814611.pdf >, acesso em: 18/03/2024.

Equipe Mais Soja
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