Autor: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
As cotações do milho, em Chicago, ficaram relativamente estáveis durante esta semana, com repique altista na quinta-feira (16), quando o fechamento ficou em US$ 7,88/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 7,73 uma semana antes.
O relatório do USDA, divulgado no dia 10/06, indicou o seguinte para o ano comercial 2022/23 do cereal:
- 1) A produção dos EUA está estimada em 367,3 milhões de toneladas, mantendo o volume indicado em maio;
- 2) Os estoques finais dos EUA ficam em 35,6 milhões de toneladas, contra 37,7 milhões no ano anterior;
- 3) A produção mundial de milho está estimada em 1,185 bilhão de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais ficariam em 310,4 milhões;
- 4) A produção do Brasil está indicada em 126 milhões de toneladas, bem acima das expectativas do mercado brasileiro, enquanto a da Argentina atingiria a 55 milhões de toneladas;
- 5) A Ucrânia produziria 25 milhões de toneladas, contra as 19,5 milhões estimadas em maio, e contra as 53,5 milhões registradas no ano anterior;
- 6) O Brasil exportaria 47 milhões de toneladas, enquanto a Argentina ficaria com 47,2 milhões;
- 7) O preço médio aos produtores de milho dos EUA, no ano em questão, ficaria em US$ 6,75/bushel, contra US$ 5,95 no ano anterior e US$ 4,53/bushel em 2020/21.
Dito isso, o plantio do milho nos EUA, até o dia 12/06, chegava a 97% da área esperada, igualmente na média histórica. Cerca de 88% das lavouras já haviam germinado, contra 89% na média histórica. Por sua vez, 72% das lavouras semeadas apresentavam condições entre boas a excelentes, 23% regulares e 5% entre ruins a péssimas.
E aqui no Brasil os preços do cereal voltaram a ceder mais um pouco, após breve recuperação na semana passada. A média gaúcha, no balcão, fechou em R$ 83,77/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 68,00 e R$ 85,00/saco. Já na B3, o vencimento julho/22 foi cotado a R$ 90,16/saco, setembro/22 a R$ 92,95, novembro/22 a R$ 95,10 e janeiro/22 a R$ 98,00/saco. A colheita da atual safrinha atingiu a 6,6%, no dia 09/06, no Centro-Sul brasileiro, sendo puxada especialmente pelo Mato Grosso e Goiás. (cf. AgRural)
No Paraná a colheita da safrinha atingia a 1% da área até o início da presente semana, sendo que 32% das lavouras estavam em maturação, 63% em frutificação e 5% seguiam em floração. 79% das lavouras apresentavam boas condições. (cf. Deral)
E no Mato Grosso, 16,2% da área de safrinha havia sido colhida até o dia 10/06, contra a média histórica de 7,7% para esta data. Por sua vez, a comercialização da safra atingia a 61% da produção esperada, contra 72% na média histórica para esta época do ano. O preço médio do saco de milho ficou em R$ 69,66 no final da semana anterior, registrando um recuo mensal de praticamente 4%. Por outro lado, as vendas antecipadas da futura safrinha 2023 chegavam a 10,3%, contra a média histórica de 17,2%. (cf. Imea)
E no Rio Grande do Sul, conforme a Câmara Setorial do Milho, em 2020 o Estado importou pouco mais de 2,6 milhões de toneladas de milho. Em 2021 o volume importado ficou em 2,4 milhões de toneladas, devido ao fato de que o trigo foi muito utilizado nas rações animais. Já em 2022, diante da forte quebra na safra do cereal, a expectativa de importação sobe para 4 milhões de toneladas. Ajuda para isso o fato de que o Estado está exportando muito trigo neste ano.
No Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul, 82,2% das lavouras da safrinha de milho apresentam boas condições, 11,6% estão regulares e 6,2% estão ruins. Apesar de problemas climáticos em algumas regiões do Estado, a expectativa continua sendo de uma produção final de 9,34 milhões de toneladas de milho safrinha, após uma redução de 12,6% na área semeada. Em termos de preço, a média, na primeira quinzena de junho, passou a R$ 74,88/saco, contra R$ 84,90 praticada em junho de 2021. Por enquanto, os produtores locais continuam com 23% da safrinha 2022 já negociada, índice 17 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.
Em todo o mês de maio o Brasil exportou 1,16 milhão de toneladas de milho, aproveitando-se do espaço deixado pela Ucrânia, em função da guerra que este país trava com a Rússia desde o final de fevereiro passado. O preço por tonelada obtido subiu 17,1% no período, saindo dos US$ 295,50, no ano passado, para US$ 346,00 neste último mês de maio. Quanto às importações, o país comprou no exterior 96.217 toneladas em maio de 2022. Isso significa que o Brasil recebeu 54,5% a mais do que foi registrado em todo maio de 2021. Os preços pagos subiram 22,7%, com a tonelada passando de US$ 228,00 para US$ 279,80 no período. (cf. Secex)
Já nos oito primeiros dias úteis de junho, o Brasil exportou 288.676 toneladas de milho, sendo este volume 213,2% superior ao registrado no mesmo período de junho de 2021. Por sua vez, no mesmo período, o país importou 51.372 toneladas do cereal, volume que já é 55,9% de tudo o que foi registrado em junho do ano passado. (cf. Secex)
Enfim, em seu mais recente relatório mensal, relativo a safra nacional de 2021/22, a Conab estima uma produção final de milho no país em 115,2 milhões de toneladas. O Paraná produziria 16 milhões de toneladas. Isto somado as 2,9 milhões da primeira safra resulta em um total de 19 milhões de toneladas naquele Estado.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).