Para se analisar corretamente o mercado de milho e responder à pergunta “vendo ou não vendo”, há que se considerar dois aspectos:
- o custo médio total de produção, apurado pelo Deral-PR, é de R$ 34,26/saca, para uma produção média de 140 sacas/hectare, o que garante um lucro líquido (limpo, depois de pagas todas as despesas) aproximado ao redor de 19,18% para os produtores do RS, SC e PR;
- para as fábricas de ração, preços do milho acima de R$ 40,00/saca CIF e de farelo de soja acima de R$ 1.200,00/tonelada significam prejuízo em relação aos atuais preços das carnes.
Neste momento, porém, o preço CIF do milho já está em R$ 42/43/saca e o preço do farelo de soja está acima de R$ 1.300,00 CIF, limitando as chances de novas elevações dos preços. Isto não significa que os preços do milho não podem subir ainda mais, mas será mais complicado. É o que está acontecendo no momento atual, com a curva de preços em queda nos últimos 6 dias.
Nos últimos dias, as chuvas reapareceram com mais intensidade nas áreas produtivas do Brasil, amenizando as especulações climáticas. Os mapas de chuva também apontam bons volumes até o final de novembro.
As cotações do milho em Chicago fecharam em leve queda de 0,19% e o dólar teve desvalorização de 0,35%, no Brasil, reduzindo as chances da exportação e dando um alívio aos compradores domésticos, embora os preços se mantenham em preços muito elevados, para os custos das rações. Com isto, a média dos preços apurados pelo Cepea abriu o mês de novembro registrando nova queda, de 0,61%, a R$ 40,83, na região de Campinas, principal fonte de referência do milho brasileiro.
No Rio Grande do Sul, operadores dizem que os preços cederam um pouco, ficando na faixa de R$ 43,00 em Santa Rosa, R$ 42,00 em Ijuí, e R$ 41,00 em Frederico Westphalen, com trigo “vindo de fora” (de outros estados), posto nas fábricas. Todavia, compradores menores pagaram de R$ 42,00 a R$ 44,00 no interior para milho diferido em lotes pequenos.
No Paraná negócios reportados na faixa de R$ 38,00 a R$ 40,00. Preços no porto ficaram na faixa de R$ 38,00, disponível, e entre R$ 38,00 e R$ 39,00, futuro. Os vendedores pedem R$ 40,00, sem ceder, e compradores, comprando apenas o necessário, travando muito o mercado.
No oeste do Paraná foi reportado bom volume de venda na semana, entre 100.000 e 120.000 toneladas. Estima-se que 100% da safra antiga e cerca de 30% da nova safra já tenham sido comercializadas. A qualidade do milho da região dos Campos Gerais está apresentando ótima qualidade.
No Mato Grosso do Sul, alguns negócios foram reportados, sendo estimado em 50.000 toneladas. Os preços ficaram em cerca de R$ 33,00, livre, na região de Dourados e R$ 32,00 na região de Maracaju. Para a safra 2020 vendedores estão pedindo R$ 30,00, enquanto compradores oferecem R$ 28,00.
Em Mato Grosso, foram reportadas vendas firmes de 80.000 toneladas da safra 2019, com preços na faixa entre R$ 27,00 e R$ 33,00. Para a safra 2020 as vendas estão travadas, tendo sido reportadas vendas de 20.000 toneladas, com preços na faixa de R$ 22,00 a R$ 26,00.
Em São Paulo, mercado de grãos encerra mais uma semana sob pressão de baixa nos preços. As recentes quedas do Dólar, que volta a ser operado abaixo de R$ 4,00/US$, somadas a pouca força de Chicago são os pontos chaves do aperto. Indiretamente, o fato causa perda do suporte nos preços de porto brasileiros, diminuindo espaço dos vendedores para barganhar/especular no mercado local.
Compradores, que apenas observavam, passam a testar preços menores e vão obtendo sucesso. Estes adotaram postura firme e buscam recompor seus estoques. Intermediários e produtores tentam não ceder à pressão, mas acabam entregando alguns lotes para gerar caixa. Estimativas de mercado apontam para o preço médio de R$ 41,79/sc, recuo de 0,19/sc. As indicações dos portos brasileiros para novembro estão em R$ 40,00/sc, estáveis no dia.
Em Goiás as negociações do milho foram raras: apenas 2.000 toneladas para a safra 2019 e 1.800 toneladas para 2020. A pesquisa da T&F registrou que o percentual já comprometido no estado da safra 2019 é de 88% e da safra 2020, de 28%.
Na Bahia o preço do milho subiu R$ 0,50/saca durante a semana, passando de R$ 34,50 para R$ 35,00/saca, com poucos negócios reportados. Os preços oferecidos pela exportação, para vendedores distantes 600 km do porto, caiu para R$ 35,51 (35,68 do dia anterior) para dezembro, R$ 36,48 (36,62) e para março R$ 34,55 (34,58) para maio de 2020.
Já os milhos importados do Paraguai chegariam ao Oeste do Paraná ao redor de R$ 31,87 (R$ 31,99 anterior); ao Oeste de Santa Catarina ao redor de R$ 35,24 (35,37) e ao Extremo Oeste de SC ao redor de R$ 34,76 (34,88) /saca. O milho argentino a R$ 53,09 (52,26) e o americano a R$ 59,39 (59,17) no oeste de SC.
Com relação aos preços dos principais consumidores de milho, os preços do frango resfriado para o consumidor em São Paulo permaneceram inalterados pelo terceiro dia consecutivo, iniciando o mês estável, cotado a R$ 4,61/kg. Os preços dos suínos no Paraná também iniciaram o mês de novembro estáveis, cotados a R$ 4,94/kg. Os preços do boi gordo em São Paulo iniciaram o mês com leve alta, de 0,37%, mantendo a sequência de altas, que no dia anterior foi de 0,91%.
Fonte: T&F Agroeconômica