A cultura do milho apresenta elevada variabilidade de desenvolvimento e desempenho produtivo no Estado como reflexo da distribuição irregular das chuvas e da ocorrência de ondas de calor a partir da segunda quinzena de novembro. As condições ambientais no início do ciclo favoreceram o crescimento vegetativo em grande parte das lavouras. Contudo, a restrição hídrica subsequente impactou negativamente áreas de sequeiro, especialmente aquelas em fases sensíveis do ciclo, como pendoamento, floração e enchimento de grãos.
O restabelecimento parcial da umidade do solo, decorrente de três eventos de precipitação ocorridos em dezembro, com intervalo aproximado de uma semana entre eles, contribuiu para a retomada do crescimento em lavouras ainda em estádios vegetativos ou reprodutivos iniciais, mas as perdas já consolidadas não são passíveis de recuperação. Observa-se redução do potencial produtivo em lavouras de sequeiro, com intensidade variável conforme época de semeadura, condições edafoclimáticas e nível tecnológico empregado.
A situação fitossanitária está adequada. Em áreas irrigadas, verificam-se focos de bacteriose, com potencial de reduzir rendimento. A incidência de cigarrinha-do-milho varia regionalmente, sendo mais intensa em regiões ao Norte do Estado. As lavouras de semeadura tardia registram aumento de infestação da praga, o que exige controle químico sequencial até a fase V10 para evitar danos à cultura.
Estima-se o cultivo de 785.030 hectares e produtividade de 7.370 kg/ha, segundo a Emater/RS-Ascar.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, as condições climáticas foram favoráveis até a metade de novembro; a partir da segunda quinzena, o déficit hídrico e as ondas de calor inverteram o quadro. Em áreas de sequeiro, a quebra poderá ser expressiva. Em Itacurubi, o estresse hídrico e térmico durante a fase de pendoamento/floração secou grande parte da área foliar; parte dos produtores optou pela confecção de ensilagem. Em São Borja, as lavouras implantadas na primeira quinzena de agosto iniciam a maturação, e a produtividade deve variar entre 7.200 e 8.400 kg/ha. As implantadas em final de agosto devem produzir 50% menos do que às de plantio antecipado. As áreas com sistema de irrigação mantêm expectativa positiva. Na Campanha, a cultura está predominantemente em fase vegetativa, com bom desenvolvimento após a ocorrência de chuvas. A semeadura de pequenas áreas para autoconsumo e de lotes comerciais será escalonada nos próximos dias, para que cheguem à fase reprodutiva em março, quando as previsões climáticas são mais favoráveis.
Na de Caxias do Sul, a semeadura está praticamente concluída, restando apenas algumas pequenas glebas momentaneamente ocupadas por pastagem ou olerícolas. Em geral, a cultura apresenta bom potencial produtivo, apesar de alguns locais terem sofrido redução na expectativa de produtividade devido ao período de baixa precipitação no final de novembro e início de dezembro.
Na de Ijuí, o restabelecimento da umidade do solo, aliado à alta radiação e às noites amenas, tem favorecido o desenvolvimento da cultura, em especial as áreas em enchimento de grãos. A restrição hídrica reduziu o potencial produtivo das lavouras de sequeiro, com diminuição do número de grãos, sobretudo na extremidade das espigas. As perdas são estimadas em cerca de 20%, podendo atingir até 50% nas áreas mais afetadas, sendo irreversível a senescência das folhas basais ocorrida no período.
Na de Passo Fundo, 30% dos cultivos estão em floração, e 70% em espigamento e enchimento de grão. As chuvas do período melhoraram a condição da cultura, mas, em algumas áreas, estão confirmadas perdas irreversíveis.
Na de Pelotas, o plantio prosseguiu em decorrência da recuperação da umidade. Estão semeados 67% da área estimada para a safra atual. As lavouras mais precoces estão em maturação (2%) e 4% colhidos.
Na de Santa Maria, a área plantada passo de pouco mais de 65%, e o restante será semeado após a colheita do tabaco. Há perdas irreversíveis nas lavouras que estavam em pendoamento durante o recente período de altas temperaturas e baixa precipitação.
Na de Santa Rosa, 2% dos cultivos estão em desenvolvimento vegetativo, 5% em floração, 56% em enchimento de grãos e 36% em maturação. Em propriedades menores, os produtores relatam intenso ataque de caturritas (Myiopsitta monachus) nas espigas em final de enchimento de grãos. Essas aves destroem o terço superior das espigas, consumindo os grãos e possibilitando o acesso de umidade nas espigas.
Na de Soledade, a cultura retomou o crescimento, mas não foram revertidas as perdas recentes, que variam de acordo com o manejo. Nas lavouras mal conduzidas ou em solos degradados, as perdas de produtividade são relevantes, e nas áreas bem implantadas a perda de produtividade é mínima. A semeadura avança conforme a liberação das áreas de tabaco, atingindo 75%.
Comercialização (saca de 60 quilos) O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 1,02%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 62,50 para R$ 63,14.
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Fonte: Emater RS





