Assim como avança o ciclo e a colheita da cultura, intensificam-se as perdas. Do total implantado na safra, 57% estão colhidos. A redução na produtividade reflete em menor estoque do produto no Estado, trazendo problemas de abastecimento para produtores de proteína e de gado de leite.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, o clima marcado por altas temperaturas e reduzido volume de chuvas na Fronteira Oeste, e deve refletir em redução no potencial produtivo das lavouras em enchimento dos grãos. Em Rosário do Sul, onde predominam lavouras de pequenos produtores com adesão ao Programa Troca-Troca, foi iniciada a colheita que já alcança 5% da área cultivada, com perdas estimadas na faixa de 70%. Em São Borja, a colheita já atingiu 95% da área implantada. Em Maçambará, onde a colheita foi encerrada, a produtividade média é de três mil quilos por hectare nas lavouras de sequeiro e de 8.700 quilos nas irrigadas. O plantio de milho safrinha foi praticamente todo cancelado pelos produtores da região devido à falta de chuvas em volumes significativos para garantir umidade adequada para semeadura, sendo que a reserva de água nas áreas com sistema de irrigação não foi suficiente para a exploração de um segundo cultivo.
Na Campanha, em Caçapava do Sul foram solicitadas perícias de Proagro em lavouras de milho com perda total, as quais foram liberadas para aproveitamento da massa verde. Nota-se manutenção da coloração verde nas lavouras estabelecidas em áreas com solos de maior profundidade e com boa cobertura de palhada, especialmente as em desenvolvimento vegetativo implantadas em janeiro devido ao menor índice de área foliar que reflete em menor demanda de água. As temperaturas novamente foram favoráveis para a cultura, especialmente durante a noite. Os níveis de umidade no solo estão em declínio, impedindo a aplicação de fertilizantes nitrogenados e afetando parcialmente o potencial produtivo.
Na de Caxias do Sul, como a janela de semeadura da cultura do milho é muito longa, há algumas áreas em desenvolvimento vegetativo enquanto outras já foram colhidas. Áreas semeadas em setembro sofreram menos com a falta de umidade e apresentam rendimentos melhores que de outubro e novembro. Já as poucas áreas semeadas em dezembro e janeiro apresentam desenvolvimento satisfatório, porém é alta a infestação de cigarrinha, o que poderá resultar em prejuízos por enfezamento. Muitas áreas semeadas com objetivo de colher grão foram destinadas para silagem de planta inteira devido às perdas ocasionadas pelo déficit hídrico.
Na de Erechim, a colheita foi intensificada e chegou a 75% da área. Com o déficit hídrico, a produtividade média regional deve ficar em 3.740 quilos por hectare, deixando de produzir 240 mil toneladas. Em anos normais, a região importa 60 mil toneladas.
Na de Passo Fundo, a cultura está 5% no estágio de maturação fisiológica, 35% maduro e 60% colhida. Devido à estiagem, as perdas superam 70% de forma generalizada, mas com chances de ampliar o prejuízo, exceto algumas lavouras irrigadas.
Na região administrativa de Ijuí, a colheita ocorre em ritmo mais lento na medida em que se aproxima o final da operação, rentando por colher apenas 10% da área cultivada.
Na regional de Pelotas, a semana de 13 a 19/02 sem chuvas agravou a situação de desenvolvimento do milho nas regiões com falta de umidade nos solos. Nas lavouras que foram beneficiadas com as precipitações nas semanas anteriores, as plantas também começaram a sentir a falta de umidade nos solos, reduzindo e até paralisando seu desenvolvimento, reduzindo ainda mais a produtividade na região. 9% das áreas foram colhidas, correspondendo a lavouras em Pelotas, Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Canguçu e São Lourenço do Sul. Aumento do número de relatos de lavouras de milho com a presença da praga cigarrinha do milho, com necessidade de controle.
Na de Porto Alegre, foi intensificado o plantio de milho safrinha após as chuvas ocorridas nas últimas semanas, com a liberação das áreas de tabaco do cedo. É realizada adubação em cobertura e capina química. Lavouras bem do cedo já sendo colhidas. De modo geral, as lavouras estão com bom estado fitossanitário, poucos relatos de presença de cigarrinhas e lagartas, não dano econômico.
Na de Santa Rosa, áreas de milho safrinha encontram-se em desenvolvimento vegetativo, muito prejudicado pela falta de umidade, havendo lavouras com falhas de germinação e emergência, e problemas de estabelecimento inicial, reduzindo a população de plantas. Com as chuvas de domingo e amanhecer de segunda, em muitas lavouras foi possível a realização da adubação nitrogenada em cobertura. No entanto, como as chuvas foram muito desuniformes, muitas lavouras continuam com problemas de desenvolvimento, e ainda tem ocorrido ataques de tripes, que também prejudicam o desenvolvimento.
Apesar das condições ambientais desfavoráveis, lavouras de plantio do cedo (julho/agosto), ainda foram melhores em rendimento, além das irrigadas (cerca de 21% da área total de milho na região), com rendimento médio de 8.400 quilos por hectare. Produtores que armazenam na propriedade estão disponibilizando para venda com preço de R$ 100,00/sc., com retirada no local de armazenamento. A falta de milho no mercado tem aumentado a procura, principalmente por parte de suinocultores.
Na de Soledade, a colheita chegou a 46%. No Vale do Rio Pardo, muitas lavouras bem manejadas atingiram produtividades acima de 100 sacos por hectare. A semeadura da safrinha foi finalizada e as lavouras apresentam bom desenvolvimento inicial. Nessas áreas é realizado o controle de plantas invasoras em pós-emergência e aplicado adubos nitrogenados em cobertura. A cigarrinha também está sendo monitorada e a maioria prefere fazer aplicação de inseticidas preventivamente. Muitas lavouras tardias que receberam pequenos volumes de chuvas em 12/02, mostram sintomas de estresse hídrico (folhas enroladas) nas horas mais quentes do dia, e a tendência é aumentar caso não retornem as chuvas mais gerais. Mas ainda não se verifica impactos na produtividade dessas lavouras.
Na regional de Frederico Westphalen, a colheita chegou a 90% das áreas. A perda de produção aumenta ainda mais o déficit do grão no Estado. Diante das previsões meteorológicas no início do ano, agricultores optaram por outras culturas, como a soja, como alternativa para safrinha, o que deve reduzir ainda mais a oferta do grão.
Em Tupanciretã, na regional de Santa Maria, as perdas foram de 80% nas lavouras de milho não irrigadas. Há presença da cigarrinha do milho, exigindo monitoramento e controle pelos produtores.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, o preço médio da saca de milho caiu -0,99%, passando de R$ 94,03 para R$ 93,10. O produto disponível em Cruz Alta ficou cotado em R$ 100,00.
Fonte: Emater/RS-Ascar