O milho (Zea mays) é uma das culturas mais importantes produzidas no mundo, desempenhando um papel fundamental na alimentação humana e animal, além de ser utilizado na produção de biocombustíveis. É uma das culturas mais cultivadas no Brasil, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (2023), a área planta na safra 2022/23 foi de 22.156,6 milhões de hectares, com produtividade média de 5.767 Kg ha-1 e produção de 127.767 milhões de toneladas, apresentando um acréscimo de 12,9% na produção, comparado a safra anterior.

De acordo com Cota et al. (2021), após a colheita do milho, é frequente encontrarmos resíduos de grãos na área da lavoura, resultantes de perdas durante a colheita. Essas perdas podem gerar o surgimento de plantas voluntárias, que crescem durante o período de entressafra ou na cultura seguinte, e são comumente denominadas tigueras ou plantas guaxas.



Segundo Sabato et al. (2018), o milho é a única planta hospedeira conhecida da cigarrinha Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae), no milho a cigarrinha encontra refúgio, alimenta-se e se reproduz, depositando seus ovos nas folhas da planta hospedeira. Sabato et al. (2014), afirmam que a cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis é a única espécie do gênero Dalbulus que ocorre no Brasil. As cigarrinhas possuem um tamanho médio de 3,7 a 4,3 mm, sendo as fêmeas geralmente maiores que os machos. Apresentam uma coloração amarelo-palha e são encontradas principalmente no cartucho das plantas.

Figura 1. A) detalhe do adulto em repouso; B) adultos presentes no cartucho da planta de milho (cada seta amarela indica a presença de um adulto); C) adultos em cópula – fêmea acima (maior) e macho abaixo (menor); D) ovo retirado da nervura central de planta de milho, E) microfilamentos que se formam 48 horas a 72 horas após a postura (seta amarela mostra a posição dos microfilamentos); e F) ninfa de D. maidis.

Fotos: Charles Martins de Oliveira.

Conforme Ribeiro & Canale (2021), a cigarrinha-do-milho transmite para as plantas de milho agentes causais do enfezamento-vermelho (Maize bushy stunt phytoplasma), enfezamento-pálido (Spiroplasma kunkelii) e da virose-da-risca (Marafivirus). Quando se alimentam de plantas infectadas, as cigarrinhas adquirem o patógeno e são capazes de transmitir o vírus para plantas sadias.

Ávila et al. (2021), afirmam que os enfezamentos vermelho e pálido são doenças sistêmicas e vasculares ocasionadas pelos patógenos denominados moliculites (fitoplasma e espiroplasma). Esses patógenos se estabelecem e proliferam nos vasos condutores (floema) do milho, acarretando desordens fisiológicas, hormonais e bioquímicas. Como resultado, observa-se sintomas nas folhas e o desenvolvimento da planta é comprometido, resultando em espigas menores e deformadas, reduzindo, consequentemente, a produtividade da cultura. As doenças podem reduzir em 70% a produção de grãos da planta doente, em relação à planta sadia, em cultivar susceptível às doenças (Castelhões, 2017).

Figura 2. A) fumagina decorrente da alimentação de adultos e ninfas de D. maidis, B) sintomas de enfezamento-vermelho, C) sintomas de enfezamento-pálido e D) sintomas da virose da risca.

Fonte: Ávila et al. (2022).

Segundo Ávila et al. (2022), as viroses causam danos significativos às plantas de milho, resultando em sintomas como diminuição do crescimento, aborto das gemas florais e redução no tamanho das espigas e grãos. Essas condições afetam negativamente a produção de grãos de milho, podendo resultar em reduções que variam de 10% a 100%, dependendo do ambiente, estágio de desenvolvimento em que a planta foi infectada e das características genéticas do hospedeiro.

Devido a notável capacidade de reprodução da cigarrinha-do-milho e ao fato de o milho ser seu principal hospedeiro, o controle do milho tiguera durante os períodos de entressafra e cultivo de milho safrinha é fundamental para reduzir as populações dessa praga e prevenir a ocorrência de enfezamento na cultura do milho. Nesse sentido, a adoção de algumas práticas de manejo é essencial. Confira algumas práticas de manejo recomendadas para o controle da cigarrinha e do enfezamento do milho.

Figura 3. Conjunto de boas práticas agrícolas para o manejo dos enfezamentos do milho e das populações da cigarrinha Dalbulus maidis.


Veja mais: Nova espécie de cigarrinha do milho capaz de transmitir enfezamentos é observada em Goiás



Referencias:

ÁVILA, CRÉBIO JOSÉ et al. A CIGARRINHA Dalbulus maidis E OS ENFEZAMENTOS DO MILHO NO BRASIL. Embrapa, Revista Plantio Direto, ed. 182, p. 18-25 digital, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/231995/1/37279.pdf >,acesso em: 14/07/2023.

ÁVILA, CRÉBIO JOSÉ et al. CIGARRINHA-DO-MILHO Desafios ao Manejo de Enfezamentos e Viroses na Cultura do Milho. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados – MS, 2022. Disponível em: < https://aprosojams.org.br/sites/default/files/boletins/MIOLO_DOC%20149_2022_IMPRESSO_0.pdf >, acesso em: 14/07/2023.

CASTELHÕES, LILIANE ENFEZAMENTO DO MILHO APARECE COMO PROBLEMA NESTA SAFRA. Embrapa Cerrado, 2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/cerrados/noticias/-/asset_publisher/u2ZCgJrx1lR9/content/id/21567446 >, acesso em: 14/07/2023.

CONAB. ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA GRÃOS. Safra 2022/23 10° Levantamento. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/component/k2/item/download/48137_6239e58c7fc01900f76618eb4ca2bb01 >,acesso em: 14/07/2023.

COTA, LUCIANO VIANA et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo. Disponível em: < https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/arquivos/Cartilhacigarrinhaeenfezamentos_Embrapa.pdf >, acesso em: 14/07/2023.

RIBEIRO, LEANDRO PRADO; CANALE, MARIA CRISTINA. CIGARRINHA-DO-MILHO E O COMPLEXO DE ENFEZAMENTOS EM SANTA CATARINA: PANORAMA, PATOSSISTEMA E ESTRATÉGIAS DE MANEJO. Informativo Técnico, v.34, p.22-25, n.2, Agropecuária Catarinense, Florianópolis – SC, 2021. Disponível em: < https://publicacoes.epagri.sc.gov.br/rac/article/view/1144/1124 >, acesso em: 14/07/2023.

SABATO, ELIZABETH OLIVEIRA; KARAM, DÉCIO; OLIVEIRA, CHARLES MARTINS. SOBREVIVENCIA DA CIGARRINHA Dalbulus maidis (Hemiptera Cicadelidae) EM ESPÉCIES DE PLANTAS DA FAMÍLIA POACEAE. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/191252/1/bol-175.pdf >, acesso em: 14/07/2023.

SABATO, ELIZABETH OLIVEIRA; LANDAU, ELENA CHARLOTTE; OLIVEIRA, CHARLES MARTINS. RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DE DOENÇAS DO MILHO DISSEMINADAS POR INSETOS-VETORES. Embrapa, Circular Técnica 205. Sete Lagoas – MG,2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/121416/1/circ-205.pdf >, acesso em: 14/07/2023.

 

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Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria.

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