Buva (Conyza spp.) e capim-amargoso (Digitaria insularis) são plantas daninhas muito conhecidas em lavouras brasileiras, e que exercem influência negativa sobre a produtividade das culturas agrícola. Entretanto, além delas, outras plantas daninhas vêm se destacando em diversas regiões do Brasil, tendo como principal características a elevada produção de sementes, crescimento e desenvolvimento, além de elevada habilidade competitiva, causando drásticas reduções da produtividade de cultivos agrícolas.
Trata-se das plantas do gênero Amaranthus, cujos danos em culturas agrícolas podem representar reduções de até 80% da produtividade em culturas com o soja e milho, dependendo da espécie de Amaranthus e densidade da infestação da daninha. Popularmente conhecidas como caruru, características como elevada produção de sementes (de 200 a 600 mil por planta) e rápido crescimento são comuns de plantas do gênero Amaranthus. Além disso, sob condições adequadas de temperatura, umidade e luminosidade, a cururu apresenta diversos fluxos de emergência em meio a culturas como soja, o que aliado aos casos de resistência de algumas espécies a herbicidas, dificulta ainda mais o manejo dessas daninhas.
Na Argentina existem casos de resistência dessa espécie ao herbicida glifosato desde 2013, e atualmente, há populações de A. hybridus que apresentam resistência múltipla aos herbicidas inibidores da EPSPS (glifosato), ALS (chlorimuron-ethyl) e Auxinas (2,4-D e dicamba) (Penckowski et al., 2020). No Brasil, embora casos de resistência de algumas espécies de caruru já tenham sido observadas desde 2011, a resistência ao glifosato foi registrada no ano de 2018 (Heap, 2021).
Quadro 1. Casos de resistência conhecidos de espécies de caruru a diferentes mecanismos de ação de herbicidas e herbicidas em diferentes culturas agrícolas no Brasil.

A resistência de espécies de caruru ao glifosato dificulta ainda mais o controle dessa daninha, especialmente em culturas RR onde o glifosato é o herbicida mais empregado para o controle de plantas daninhas. Em mais um episódio do MISSÃO CARURU, André Ulguim, professor da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, destaca que em levantamento realizado, 15% da área do Rio Grande do Sul apresenta populações de Amaranthus hybridus com resistência ao glifosato e que de 300 biótipos testados, 11% apresentam resistência ao glifosato e 6% apresentam resistência a inibidores da ALS .
Figura 1. Levantamento realizado na safra 2019/20 pelas instituições de pesquisas: Fundação ABC, CCGL, COAMO, EMBRAPA, UEM, UFSM e UPF, que mostram a dispersão da espécie de caruru Amaranthus hybridus em áreas com suspeita de resistência aos herbicida glifosato e inibidores da ALS.

Populações de caruru com resistência a herbicidas podem tornar o controle e manejo dessa daninha extremamente difícil e complexo, sendo assim, deve-se reduzir as populações resistentes, e executar práticas de manejo que dificultem o desenvolvimento de novos casos de resistência. Dentre os fatores que contribuem para a presença de plantas daninhas de caruru em áreas de lavoura André Ulguim destaca:
* Equívocos na escolha da tecnologia a aplicação;
* Aplicação em estádios avançados do desenvolvimento da planta daninha;
* Condições ambientais inadequadas e
* Uso de herbicidas em doses ineficientes.
Confira abaixo as dicas e contribuições por Professor André Ulguim, em mais um episódio da MISSÃO CARURU.
Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (Site, Facebook, Instagram, Linkedin, Canal no YouTube)
Referências:
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2021. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 07/07/2021.
PENCKOWSKI, L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL O PRIMEIRO PASSO É SABER IDENTIFI CAR ESSA ESPÉCIE! Revista FABC, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 09/07/2021.