Buva (Conyza spp.) e capim-amargoso (Digitaria insularis) são plantas daninhas comumente encontradas em lavouras brasileiras e conhecidas por possuir elevada habilidade competitiva, causando drásticas reduções na produtividade da soja. Cabe destacar que conforme resultados de pesquisa, quando maior a população dessas plantas daninhas em meio a cultura da soja, maiores são os danos.

Além dessas daninhas, um gênero de plantas vem se destacando e ganhando espaço em lavouras brasileiras, trata-se do gênero Amaranthus, cujas plantas são popularmente conhecidas como caruru. Conforme destacado por Zanatta et al. (2008) o gênero Amaranthus possui cerca de 60 espécies; algumas são cultivadas, e outras, invasoras competindo com as culturas, como Amaranthus viridis, Amaranthus spinosus, Amaranthus retrojlexus, Amaranthus hybridus e o Amaranthus palmeri .

Dentre as características do caruru podemos destacar o rápido crescimento e desenvolvimento, elevada habilidade competitiva e grande produção de sementes. Com relação aos danos, Gazziero & Silva (2017) destacam que dependendo da espécie de caruru e população da planta daninhas, reduções de produtividade superiores a 79% podem ser observadas em soja. Além disso, o caruru apresenta diversos fluxos de emergência durante o desenvolvimento da soja, o que aliado a resistência de algumas espécies a herbicidas, dificulta ainda mais o manejo e controle dessa planta daninha.


Veja mais: MISSÃO CARURU – Episódio 3 – Quais as principais espécies de caruru?


Buva, capim-amargoso e caruru, qual a mais preocupante?

Conforme destacado por Aldo Merotto, professor da UFRGS – Eldorado do Sul, RS, a resistência das plantas daninhas a herbicidas é uma das principais características que deve ser observada para saber se uma planta é problemática ou não. Plantas com resistência conhecida a herbicidas apresentam maior dificuldade de controle. Quando a resistência se da a mais de um mecanismos de ação de herbicidas, o manejo e controle dessa daninha é ainda mais difícil.

Embora buva e capim-amargoso apresentem resistência conhecida a diferentes mecanismos de ação de herbicidas, a grande variedade de espécies e diversidade do caruru, aliado a sua possível capacidade de hibridização entre as espécies, faz do caruru uma das plantas daninhas mais preocupantes no cenário do manejo e controle de plantas daninhas em culturas agrícolas.

No Brasil, casos de resistência simples e múltipla de espécies de caruru a herbicidas já vem sendo relatados desde 2011. Os principais casos de resistência do caruru a herbicidas podem ser observados no quadro 1.

Quadro 1. Casos de resistência conhecidos de espécies de caruru a diferentes mecanismos de ação de herbicidas e herbicidas em diferentes culturas agrícolas no Brasil.

Fonte: Heap (2021)

Além dos casos de resistência do caruru a herbicidas, a elevada produção de sementes e facilidade de dispersão delas, principalmente por máquinas e equipamentos agrícolas facilita a disseminação do caruru, possibilitando a ocorrência de maiores infestações dessa planta daninha. Dessa forma, conforme destacado por Aldo Merotto, a “sanitização” da lavoura é de fundamental importância para o manejo e controle do caruru. Dentre as principais práticas para isso, podemos destacar o uso de sementes certificadas, o controle dos fluxos de emergência do caruru e a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas.

Confira abaixo mais um episódio da MISSÃO CARURU.


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Referências:

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 25/06/2021.

HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2021. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 25/06/2021.

ZANATTA, J. F. et al. TEORES DE ÁGUA NO SOLO E EFICÁCIA DO HERBICIDA FOMESAFEN NO CONTROLE DE Amaranthus hybridus. Planta Daninha, Viçosa, MG,  v.26,n. 1, p. 143-155, 2008. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/372514/1/Teores0001.pdf >, acesso em: 25/06/2021.

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