• A mistura de tanque é uma realidade de muitas propriedades agrícolas;
  • Desde outubro de 2018, a prática é regulamentada no Brasil;
  • Embora diversos fatores possam interagir sobre a calda de pulverização, seguir a ordem de mistura ajuda a reduzir as incompatibilidades físicas e químicas;
  • Antes de preparar a calda no pulverizador, recomenda-se realizar o teste da jarra para identificar possíveis problemas de incompatibilidade.

A aplicação de defensivos agrícolas é indispensável para o controle de pragas, plantas daninhas e doenças em culturas agrícolas em escala comercial. A mistura de defensivos (mistura de tanque) é uma realidade de muitas propriedades agrícolas, que possibilita otimizar as operações de pulverização e manejo das culturas.

Até 2018, a mistura de tanque não era regulamentada no Brasil, entretanto, A Instrução Normativa no 40 de 11 de outubro de 2018, descrita no Anexo 1 (Brasil, 2018), complementa as regras sobre a emissão da receita agronômica previstas no Decreto nº 4.074 de 04 de janeiro de 2002 e em seu Artigo 2 §1º estabelece que as informações constantes em rótulo e bula dos agrotóxicos e afins registrados relativas à mistura em tanque, quando existentes, são de caráter obrigatório, devendo constar na receita agronômica (Gazziero et al., 2021).

Após essa liberação, diversos estudos passaram a avaliar a compatibilidade das misturas de defensivos agrícolas, bem como os efeitos dessas misturas. Entretanto, a nível de campo, dificuldades ainda são enfrentadas pelos agricultores ao realizar misturas de tanque, principalmente se tratando de problemas de incompatibilidade química e física dos produtos na calda de pulverização.

Entre outras consequências, essas incompatibilidades resultam no entupimento de filtros, pontas de pulverização e linhas de alimentação, além da formação de flocos e grumos, formação excessiva de espuma ou que formam aglomerações ou pastas, resultando em perda de tempo e dinheiro em função dos atrasos nas aplicações, redução da eficiência operacional e eficácia dos produtos.



Figura 1. Sensor de pressão entupido o que compromete o sistema eletrônico e a vazão na linha principal (A); incompatibilidade da mistura de herbicidas e o consequente entupimento nos filtros de barra (B).

Fotos: Arquivo UENP/Nitec

Diversos fatores podem resultar nas incompatibilidades físicas e químicas da calda de pulverização, tais como qualidade da água, sua dureza, pH e formulações. Visando minimizar os riscos de incompatibilidade, um dos principais fatores a se analisar é a ordem de mistura do tanque.

Embora possa haver variações em função das diferentes formulações e doses, no geral, orienta-se a seguinte ordem de mistura:

  • Passo 1: Encha o tanque com água em até 2/3 do volume a ser aplicado;
  • Passo 2: Inicie o processo de agitação e o mantenha até o final;
  • Passo 3: Adicione os condicionadores de água (agentes sequestrantes, acidificantes e tamponantes), agentes redutores de deriva, agentes antiespumante e de compatibilidade (caso a adição seja necessária);
  • Passo 4: Adicione os pós molháveis (WP);
  • Passo 5: Adicione os produtos granulados, granulados dispersíveis em água (WG) e granulados solúveis em água (SG) (realize a pré-mistura indicada nas bulas);
  • Passo 6: Adicione as suspensões concentradas (SC);
  • Passo 7: Adicione as concentradas solúveis (SL);
  • Passo 8: Adicione os concentrados emulsionáveis (EC);
  • Passo 9: Adicione os demais adjuvantes (caso a adição seja necessária);
  • Passo 10: Adicione fertilizantes foliares (caso a adição seja necessária);
  • Passo 11: Adicione o restante da água necessária (Gazziero et al., 2021).

Antes de realizar a mistura no tanque do pulverizador, é possível realizar o teste de compatibilidade da calda, popularmente conhecido como “teste da jarra”, onde em escala menor, utilizando pequenos volumes, simulando a calda de pulverização, para analisar possíveis problemas de incompatibilidade.

Gazziero et al. (2021) orientam que para realizar o teste da jarra, deve-se seguir os seguintes passos:

  • Passo 1: Escolha um recipiente transparente e com tampa que tenha volume suficiente para o preparo de 1 litro de calda e adicione 2/3 do volume de água. (use a mesma fonte de água utilizada na preparação da calda de pulverização);
  • Passo 2: Adicione os condicionadores de água (agentes sequestrantes, acidificantes e tamponantes), o agente redutor de deriva, antiespumante e de compatibilidade;
  • Passo 3: Adicione as formulações no recipiente seguindo a ordem recomendada anteriormente, utilizando as dosagens ajustadas para o volume do recipiente;
  • Passo 4: Adicione o restante de água necessária;
  • Passo 5: Adicione os demais produtos;
  • Passo 6: Feche o recipiente e agite bem;
  • Passo 7: Deixe a mistura repousar por duas horas;
  • Passo 8: Identifique se houve incompatibilidades físicas e, em caso positivo, altere a ordem de mistura das formulações e repita o teste (Gazziero et al., 2021).

Figura 2. Exemplos de incompatibilidades demonstrados no teste da jarra: floculação (A); decantação (B); espuma (C).

Fotos: Arquivo UENP/Nitec

Vale destacar que segundo a Instrução Normativa nº 40, de 11 de outubro de 2018 (Brasil, 2018), as misturas devem ser recomendadas pelo engenheiro-agrônomo, mediante receita agronômica. Sobretudo, visando reduzir os casos de incompatibilidade físico-química, além de respeitas a ordem de mistura, recomenda-se realizar o teste da jarra para evitar maiores transtornos como o entupimento dos equipamentos.

Confira a publicação completa de Gazziero e colaboradores (2021) clicando aqui!


Veja mais: Qualidade da água – Como a dureza e o pH da água afetam a calda de pulverização?



Referências:

GAZZIERO, D. L. P. et al. MANUAL TÉCNICO PARA SUBSIDIAR A MISTURA EM TANQUE DE AGROTÓXICOS E AFINS. Embrapa, Documentos, n. 437, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/228162/1/DOCUMENTOS-437-1.pdf >, acesso em: 19/05/2023.

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