No sistema plantio direto, a diversificação de culturas é necessária para a maior sustentabilidade e rentabilidade dos cultivos. Uma conhecida forma de diversificação é o consórcio milho-braquiária, que traz inúmeros benefícios ao sistema de produção, tais como promoção do maior tempo de cobertura do solo, aumento da sua matéria orgânica e atributos físicos, biológicos e químicos do solo, além de possibilitar o maior uso da terra e com ela aumento da lucratividade da área.
Entretanto, durante a implantação desse consórcio algumas dúvidas podem surgir com relação a melhor forma de cultivo. Conforme destacado por Ceccon et al. (2015), existem distintas modalidades de cultivo as quais pode-se realizar o consórcio milho-braquiária. As mais utilizadas são: braquiária em linhas intercaladas às linhas de milho; braquiária e milho na mesma linha e braquiária em área total.
Braquiária em linhas intercaladas às linhas de milho
Esse sistema consiste basicamente no cultivo da braquiária no espaçamento entre linhas do milho, sendo utilizado principalmente para a produção de palhada e cobertura do solo. A área de produção de braquiária limita-se ao espaçamento entre linhas do milho, podendo também ser cultivada intercalando duas linhas de milho e uma de braquiária (Ceccon et al., 2015).
Figura 1. Braquiária cultivada em linhas intercaladas às linhas de milho.
Braquiária nas linhas de milho
A semeadura de forrageira na linha de milho é indicada para cultivo em espaçamentos de 0,45 m a 0,50 m entre linhas, visando tanto à produção de palha quanto à formação de pastagem (Ceccon et al., 2015). Basicamente o processo consiste na semeadura da braquiária na mesma linha de semeadura do milho, podendo as sementes de braquiária serem adicionadas e misturadas de forma homogênea aos fertilizantes para semeadura em conjunto a eles.
Figura 2. Semeadura de braquiária na linha de milho.
Braquiária em área total
Essa modalidade de cultivo consiste na distribuição de sementes de braquiária principalmente a lanço na área total, antes do processo de semeadura do milho. A qualidade da cobertura da forrageira é dependente do processo de semeadura e das condições ambientais, ficando muitas vezes limitada a ocorrência de chuvas para uma boa germinação das sementes. A implantação da forrageira em área total é indicada para qualquer espaçamento entre as linhas do milho, preferencialmente nas semeaduras do cedo (em janeiro), devendo-se aumentar a quantidade de sementes com o atraso na semeadura (Ceccon et al., 2015).
Figura 3. Braquiária em área total.
Definida a modalidade de cultivo do consórcio, é preciso definir o método de implantação. Conforme destacado por Ceccon et al. (2015), o método de semeadura está relacionado com a finalidade do cultivo, sendo que é possível realizar a semeadura da braquiária com disco para sementes de forrageiras, com caixa adicional para sementes de forrageiras ou com operação adicional.
Basicamente, a semeadura com disco para sementes de forrageiras consiste na adequação dos discos de sementes da semeadora, utilizando discos adequados a semeadura da braquiária, intercalados a discos para a semeadura do milho. Com esse método é possível realizar a semeadura do milho e braquiária ao mesmo tempo, entretanto, uma das desvantagens é que a população de plantas de braquiária irá depender da população de plantas de milho a qual a semeadora foi regulada.
A utilização de caixa adicional de sementes (terceira caixa) por sua vez, permite qualquer posicionamento das sementes dando autonomia para a regulagem das populações, entretanto, esse sistema representa maior custo, uma vez que são necessárias maiores adequações à semeadora. O método de uma operação adicional por sua vez, consiste na semeadura da braquiária de forma isolada do milho, antes ou após sua semeadura, utilizando semeadora, distribuidor de sementes a lanço ou até mesmo através da semeadura aérea, utilizando aviões.
Tendo em vista a ampla diversidade de implantação do consórcio, cabe ao agricultor ou técnico responsável definir o melhor modelo para implantação na área de cultivo, com base na finalidade da produção e recursos disponíveis. Com relação a competição entre milho e braquiária, em casos em que se identifica a interferência da braquiária no crescimento do milho é possível utilizar subdoses de herbicidas para supressão do crescimento da braquiária até o ponto que não prejudique a produtividade do milho.
Veja também: Importância de uma Boa Supressão da Braquiária Consorciada com o Milho
Referências:
CECCON, G. CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA. Embrapa, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/982597/1/LVCONSORCIOMB.pdf >, acesso em: 17/03/2021.
CECCON, G. et al. IMPLANTAÇÃO E MANEJO DE FORRAGEIRAS EM CONSÓRCIO COM MILHO SAFRINHA. Embrapa, Documentos, 131, 2015. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1027796/implantacao-e-manejo-de-forrageiras-em-consorcio-com-milho-safrinha >, acesso em: 17/03/2021.