Nos últimos dias tem-se observado grande quantidade de chuvas especialmente em algumas regiões do Rio Grande do Sul. Além desse fato impossibilitar a entrada de máquinas para a aplicação de defensivos agrícolas, essa condição de elevada umidade tem favorecido o desenvolvimento de doenças como o mofo-brando (Sclerotinia sclerotiorum).
Segundo Meyer et al. (2018), o mofo-branco se manifesta com maior severidade em anos chuvosos, onde condições de elevada umidade e temperaturas amenas favorecem seu desenvolvimento. Os autores ainda destacam que a doença pode causar sérios danos à cultura da soja, pois a cada ponto percentual do aumento da incidência de mofo-branco, ocorre uma redução média de produtividade da soja de aproximadamente 17 kg.ha-1, aliado a um aumento da produção de escleródios de 100 g.ha-1.
Corroborando a informação de elevada capacidade do mofo-branco em causar danos á cultura da soja, Meyer et al. (2020) destacam que a redução da produtividade da soja causada pelo mofo-branco pode chegar a 70%, e que o fungo está presente em cerca de 28% da área de produção brasileira, destacando a importância econômica da doença.
Figura 1. Mofo-branco em soja.

Segundo Henning et al. (2014) o período de maior sensibilidade da soja á doença vai da floração plena ao início da formação de legumes. Período esse que infelizmente pode coincidir com elevadas precipitações e temperaturas amenas, favorecendo o desenvolvimento do mofo-branco.
Mas o que fazer nesse cenário?
Além das já conhecidas estratégias de sistema que possibilitam uma redução da pressão da doença, tais como a semeadura sob a palhada de gramíneas, a rotação de culturas, o uso de sementes certificadas entre outros, o uso de fungicidas no início do florescimento e durante a floração é de extrema importância para o manejo do mofo-branco.
Em vídeo a pesquisadora da CCGL, Caroline Wesp Guterres, chama atenção para o uso de fungicidas. Segundo Caroline, para um manejo eficiente do mofo-branco é necessário utilizar fungicidas registrados para a cultura, em doses adequadas e no momento correto, sendo esse do início da floração á formação de legumes. Contudo, cabe destacar que em virtude das condições ambientais (persistência de chuvas), tem-se observado certa dificuldade dos produtores para a aplicação de fungicidas em suas áreas de produção.
Área com histórico de ocorrência da doença ou elevada presença de escleródios devem receber atenção especial, reduzindo o intervalo de aplicações para 7 a 10 dias, evitando a reinfestação da doença. Segundo Caroline, em condições em que o dossel da cultura já fechou a entrelinha, deve-se aumentar a vazão e/ou volume de calda visando melhor cobertura do terço inferior da planta (baixeiro) com fungicidas.
A pesquisadora destaca que embora o custo por aplicação para o controle de mofo-branco gire em torno de 01 sc.ha-1 e as condições ambientais no presente momento não permitam a entrada na lavoura para a aplicação de fungicidas, áreas com a presença de apotécios e histórico de ocorrência da doença devem receber aplicações de fungicidas destinadas ao controle de mofo-branco assim que possível para evitar maiores perdas produtivas.
Confira o vídeo abaixo com as dicas e contribuições da pesquisadora da CCGL Caroline Wesp Guterres.