O Fenômeno La Niña vem persistindo no presente ano, trazendo algumas preocupações para a safra de verão 2022/23. O La Niña é marcado por seus efeitos na agricultura, causando principalmente o aumento dos volumes de chuvas no Norte e Nordeste do Brasil, bem como períodos de seca e elevadas temperaturas no Sul. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste os efeitos desses fenômenos podem variar, trazendo certa instabilidade climática.

Além de afetar diretamente o balanço hídrico do solo e disponibilidade hídrica para as plantas, podendo limitar a produtividade de culturas como a soja, as condições climáticas oriundas dos efeitos adversos do La Niña podem favorecer o desenvolvimento de algumas doenças dependendo do ambiente, inóculo e região.

Pensando nas regiões Norte e Nordeste onde o aumento do volume de chuvas é esperado sob condições de La Niña, uma das doenças favorecidas é o mofo-branco, doença causada pelo fungo (Sclerotinia sclerotiorum). O mofo-branco infecta a parte aérea das plantas, causando morte e reduções médias de produtividade variando de 20% a 30%, podendo chegar a 70% em situações de falha de controle e de condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença (Meyer et al., 2021).

Figura 1. Sintomas do mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) em soja.

O desenvolvimento do mofo-branco é favorecido pela alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas. O fungo produz estrutura reprodutivas com significativa resistência denominadas escleródios, os quais contribuem para a dispersão e persistência da doença em áreas de cultivo. Sob condição de alta umidade e temperaturas entre 10°C a 21°C, os escleródios caídos no solo germinam, dando origem a apotécios que produzem ascosporos que são liberados ao ar e são responsáveis pela infecção das plantas (Henning et al., 2014).



Figura 2. Escleródio de mofo-branco germinado, dando origem a apotécio.

Segundo Henning et al. (2014), o período da floração plena ao início da formação dos legumes é a fase mais vulnerável da soja ao mofo-branco. Cabe destacar que a transmissão da doença pode ocorrer por semente, tanto por meio de micélio dormente (interno) quanto por meio dos escleródios misturados as sementes.

Figura 3. Escleródios de mofo-branco misturados a sementes de soja.

Foto: José de Barros França-Neto

Uma vez introduzida na área de cultivo, a doença é dificilmente erradicada, logo, além do adequado programa e posicionamento de fungicidas, é fundamental atentar para a aquisição de sementes de qualidade, livre de materiais inertes e/ou escleródios que possam ser fonte de infecção do mofo-branco, principalmente se tratando de anos onde as condições climáticas favorecem o desenvolvimento da doença.

 


Veja mais: Mofo-branco da soja em números



Referências:

HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 5, 2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/991687/manual-de-identificacao-de-doencas-de-soja >, acesso em: 06/10/2022.

MEYER, M. C. et al. Eficiência de fungicidas para controle de mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) em soja, na safra 2020/2021: resultados sumarizados dos experimentos cooperativos. Embrapa, Circular Técnica, n. 173, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/224971/1/CT-173.pdf > acesso em: 06/10/2022.

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