Considerada uma das doenças mais agressivas que acometem a soja, a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) tem rápido desenvolvimento, sendo favorecida por condições de alta umidade e temperaturas amenas. O processo de infecção do fungo depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessários no mínimo 6 horas de molhamento foliar (Soares, R. M., 2023). Logo, longos períodos de molhamento foliar, chuvas ou orvalho, em conjunto com a presença de esporos do fungo e condições adequadas de temperatura, aceleram o desenvolvimento da ferrugem-asiática, contribuindo para o aumento da incidência da doença.

Figura 1. Ciclo da ferrugem-asiática da soja.

A ferrugem-asiática tem seus esporos dispersos pelo vento, podendo percorrer longas distâncias e alcançar, inclusive, áreas de outros países (Yorinori; Nunes Junior; Lazzarotto, 2004). Medidas como o monitoramento por meio de coletores de esporos (Figura 2) podem auxiliar no manejo da doença; contudo, não são determinantes, pois esporos inviáveis também podem ser detectados nesses coletores, não representando, necessariamente, risco de infecção.

Figura 2. Coletor de esporos.
Fonte: Oliveira et al, (2020)

O monitoramento com o coletor de esporos não dispensa a inspeção das lavouras para avaliação de sintomas, principalmente sob condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença, devendo portanto, ser utilizado como ferramenta complementar de manejo. Os primeiros sintomas costumam aparecer no terço inferior da planta, como pequenas pontuações (até 1 mm) de coloração esverdeada a cinza-esverdeada, mais escuras que o tecido saudável (Embrapa, s.d.). A avaliação dos sintomas deve ser realizada em folhas dos terços inferior e médio, utilizando lupa de bolso (mínimo de 20×), com atenção especial à face inferior, onde se localizam as urédias do fungo (Figura 3) (Oliveira et al., 2020).

Figura 3.  Urédias (pústulas) de ferrugem-asiática na face inferior da folha de soja.

O monitoramento deve ser mantido desde a emergência da cultura, com maior intensidade próximo ao fechamento das entrelinhas e no florescimento da soja, sobretudo em regiões com presença confirmada da doença. Devem ser coletadas folhas dos terços médio e inferior da planta e observadas contra a luz, em busca das pontuações escuras características. Vale destacar que a ferrugem-asiática pode ocorrer em qualquer estádio do desenvolvimento da soja.

Em caso de dúvida quanto à presença da doença, recomenda-se utilizar uma câmara úmida para verificar a presença da ferrugem. Basta colocar as folhas suspeitas em um saco plástico junto a um pedaço de papel ou algodão umedecido, soprar ar para inflar e fechar o saco, formando um pequeno balão. O material deve ser mantido em ambiente fresco e à temperatura ambiente por 12 a 24 horas. Nesse período, o fungo pode formar urédias com uredosporos visíveis, facilitando a confirmação diagnóstica (Godoy et al., 2017) (Figura 4).

Figura 4. Câmara úmida com saco plástico e papel (ou algodão) umedecido para induzir a formação das estruturas reprodutivas de Phakopsora pachyrhizi.
Foto: Jose Tadoshi Yorinori. Fonte: Godoy et al. (2017)

O monitoramento da ferrugem deve se estender até a fase final do enchimento dos grãos. A partir de R7, onde ocorre o máximo acúmulo de matéria seca nos grãos, e a planta não absorve mais água nem nutrientes, então, pode-se sessar o monitoramento e controle da ferrugem, sem danos econômicos.

Em localidades próximas as áreas com relato de ocorrência de casos de ferrugem em soja voluntária e/ou lavouras comerciais, o monitoramento das lavouras e medidas de manejo devem ser intensificadas. Ainda que seja possível identificar a ocorrência de ferrugem no início do desenvolvimento da doença, em função da agressividade do patógeno e potencial em causar danos em soja, recomenda-se que todas as medidas de controle sejam adotadas de forma preventiva a ocorrência da doença, especialmente ao observar condições climáticas e ambientais favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem, como água livre na superfície da folha e temperatura entre 18°C e 26,5°C (Soares, R. M., 2023).


Veja mais: Ferrugem-asiática – Primeiro caso do RS é registrado em lavoura comercial


Referências:

GODOY, C. V. et al. BOAS PRÁTICAS PARA O ENFRENTAMENTO DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 92, 2017. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1074899/1/ComTec92OL.pdf >, acesso em: 29/12/2025.

OLIVEIRA, G. M. et al. COLETOR DE ESPOROS: DESCRIÇÃO, USO E RESULTADOS NO MANEJO DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 167, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1129482/1/Circ-Tec-167.pdf >, acesso em: 29/12/2025.

OLIVEIRA, G. M. et al. COLETOR DE ESPOROS: DESCRIÇÃO, USO E RESULTADOS NO MANEJO DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA. Embrapa Soja, Circular Técnica, n. 167, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1129482/1/Circ-Tec-167.pdf >, acesso em: 29/12/2025.

SOARES, R. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa Soja, Documentos, n. 256, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1158639/1/Doc-256-2023OL-1.pdf >, acesso em: 29/12/2025.

YORINORI, J. T.; NUNES JUNIOR, J.; LAZZAROTTO, J. J. FERRUGEM “ASIÁTICA” DA SOJA NO BRASIL: EVOLUÇÃO, IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E CONTROLE. Embrapa, Documentos, n. 247, 2004. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/467712/1/Documentos247.pdf >, acesso em: 29/12/2025.

 

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