O manejo e controle de doenças em soja é indispensável para assegurar a boa produtividade. Estima-se que as perdas anuais de produção de soja em função da ocorrência de doenças varie entre 15% a 20%, entretanto, sabe-se que a nível de lavoura, algumas doenças possuem potencial de reduzir em até 100% a produtividade da cultura (Seixas et al., 2020).

Visando reduzir as perdas de produtividade, para um  manejo eficiente de doenças da cultura da soja é importante considerar e entender o patossistema envolvido, o que remete à forma de sobrevivência dos patógenos, à fonte do inóculo inicial, à(s) forma(s) de disseminação e de infecção, bem como o comportamento epidemiológico, se monocíclico ou policíclico e também se é um patógeno biotrófico, hemibiotrófico ou necrotróficos (Seixas et al., 2022).


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No estabelecimento da lavoura, fungos necrotróficos são mais preocupantes. Os fungos necrotróficos sobrevivem em sementes e restos culturais, logo, a própria lavoura pode ser fonte de inóculo. Cercospora sojina (mancha olho-de-rã), Cercospora kikuchii (cercosporiose), Septoria glycines (mancha-parda), Colletotrichum truncatum (antracnose), Corynespora cassiicola (mancha-alvo), Sclerotinia sclerotiorum (mofo-branco) e Phomopsis sojae (queima da haste e da vagem) são exemplos de doenças causadas por fungos necrotrófico (Forcelini, 2010).

Em áreas com pouca palhada, ou sem palhada, a soja é mais suscetível a infecção por fungos necrotróficos. Os fungos presentes nos resíduos culturais e/ou solo, são dispersos pelos respingos de chuva (figura 1). Os respingos de solo, causados pela gota da chuva são alguns dos principais veículos da dispersão de patógenos (figura 2), carregando o fungo do solo para a folha da planta, dando início a infecção do patógeno.

Figura 1. Efeito da gota da chuva sobre a dispersão de patógenos em soja.
Fonte: Manual de Fitopatologia (ESALQ)
Figura 2. Efeito da gota da chuva sobre a dispersão de patógenos em soja. Folhas de soja com solo, proveniente dos respingos de chuva.

A palhada na cobertura do solo, serve como uma barreira física, reduzindo o impacto da gota da chuva e consequentemente a dispersão de patógenos do solo, que desencadeiam a infecção na planta, iniciada normalmente no terço inferior (baixeiro).

Ainda que não exerça efeito direto sobre o controle de doenças em soja, visto que os respingos de solo, causados pela gota da chuva são um dos principais veículos da dispersão de patógenos, a boa cobertura do solo contribui para a redução da proliferação de doenças em soja, especialmente nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura.

Esse fenômeno é visível em lavouras com pouca palhada em comparação a lavoura com abundante palhada na superfície do solo. Notoriamente, lavouras com boa palhada em superfície tendem a apresentar um melhor estabelecimento inicial, com menor desenvolvimento de doenças na parte inferior da planta (figura 3).

Figura 3. À esquerda área de soja sem palhada; à direita, área de soja com palhada. Influência da cobertura do solo sobre a sanidade da cultura.
Fotos: Marcelo Gripa Madalosso – Madalosso Pesquisas

Além disso, vale destacar que algumas dessas doenças apresentam mais de um ciclo ao longo do desenvolvimento da soja, sendo, portanto, consideradas policíclicas. Dessa forma, o inóculo produzido pela doença policíclica infecta outras plantas ou os tecidos saudáveis da planta hospedeira, permitindo a ocorrência de múltiplos ciclos da doença ao longo do cultivo, o que torna necessário intensificar o monitoramento para avaliar a necessidade de controle.

Tabela 1. Classificação das doenças da soja quanto ao tipo de ciclo (monocíclicas e policíclicas).

Em suma, deve-se intensificar o monitoramento inicial de doenças em soja, em especial em áreas com pouca ou nenhuma palhada na superfície do solo. No entanto, mesmo em áreas com boa cobertura do solo, a presença da palhada na superfície do solo não reduz a necessidade da aplicação de fungicidas no manejo fitossanitário, especialmente de forma preventiva a ocorrência de doenças, contudo, contribui para o aumento da eficiência do manejo fitossanitário, em especial quando realizada adequadamente a rotação de culturas no sistema de produção.

Confira o que o Professor e Pesquisador Marcelo Madalosso tem a dizer sobre o tema.


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Referências:

FORCELINI, C. A. DOENÇAS EM SOJA: ENTENDENDO AS DIFERENÇAS ENTRE BIOTRÓFICOS E NECROTRÓFICOS. Revista Plantio Direto, N. 7, 2010. Disponível em: < https://pt.scribd.com/document/711702511/3-230207-193658 >, acesso em: 25/11/2024.

SEIXAS, C. D. S. et al. BIOINSUMOS PARA O MANEJO DE DOENÇAS FOLIARES NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Bioinsumos na cultura da soja, Cap. 19, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1147056/1/cap-19-Bioinsumos-na-cultura-da-soja.pdf >, acesso em: 25/11/2024.

SEIXAS, C. D. S. et al. MANEJO DE DOENÇAS. Embrapa, Sistemas de Produção, n.17, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 10, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 25/11/2024.

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