Ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja, diversas doenças podem acometer as plantas, causando desde a redução da produtividade, até a depreciação das sementes produzidas, reduzindo atributos qualitativos como germinação e vigor. Alguns patógenos causadores de doenças em soja são considerados necrotróficos, ou seja, sobrevivem em resíduos culturais. Já outros por sua vez, são classificados como biotróficos (necessitam de um hospedeiro vivo para sobreviver). Nesse contexto, determinados patógenos podem estar presentes na área de cultivo, antes mesmo da semeadura da soja, sobrevivendo na palhada ou em plantas voluntárias/hospedeiras.

Além disso, há doenças consideradas monocíclicas e policíclicas. No caso das monocíclicas, a doença apresenta apenas um ciclo durante o desenvolvimento da cultura. Já as doenças policíclicas, apresentam vários ciclos durante o desenvolvimento da planta, podendo o inóculo produzido infectar outras plantas ou os tecidos saudáveis da planta hospedeira, permitindo a ocorrência de múltiplos ciclos da doença ao longo do cultivo (Tabela 1).

Sendo assim, o controle de doenças policíclicas é mais complexo, requerendo maior frequência de intervenção, principalmente sob condições climáticas e ambientais favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos.

Tabela 1. Classificação das doenças da soja quanto ao tipo de ciclo (monocíclicas e policíclicas).

O potencial em causar danos varia de acordo com a natureza do patógeno, suscetibilidade da cultivar e severidade da doença. Contudo, dependendo do estádio em que as plantas são infectadas e da agressividade da doença, perdas de produtividade de até 100% podem ser observadas em soja, caso as devidas medidas de controle não sejam adotadas. Dentre as principais e mais preocupantes doenças que incidem sobre a soja, destacam-se a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi), a antracnose (Colletotrichum truncatum) a mancha-parda (Septoria glycines), o oídio (Microsphaera diffusa), a mancha-alvo (Corynespora cassiicola) e o crestamento foliar (Cercospora kikuchii)

Figura 1. Potencial de danos das principais doenças fúngicas da soja.

Tendo em vista o impacto gerado pelas doenças em soja, adotar estratégias de manejo que preconizem a manutenção da sanidade da lavoura é determinante para a obtenção de altas produtividades. Ainda que, para determinadas doenças as recomendações de manejo estabeleçam que o controle deva ocorrer de forma preventiva ao desenvolvimento do patógeno, o monitoramento das áreas de cultivo ainda é indispensável para avaliar possíveis focos de infecção e a severidade das doenças. Para tanto, visando identificar as doenças ainda no início do seu desenvolvimento, é crucial compreender a dinâmica de ocorrência que envolve as doenças em soja, visto que algumas ocorrem predominantemente em dado estádio do desenvolvimento da cultura.



Figura 2. Período de ocorrência da doenças da soja.

Especialmente em áreas com pouca palhada, o monitoramento deve ser intensificado durante o estabelecimento da cultura. Nessas áreas, a soja fica mais suscetível a infecção por fungos necrotróficos dispersos pela chuva. Os respingos de solo, causados pela gota da chuva são alguns dos principais veículos da dispersão de fitopatógenos (figura 3), carregando o fungo do solo para a folha da planta, dando início a infecção do patógeno.

Figura 3. Efeito da gota da chuva sobre a dispersão de patógenos em soja. Folhas de soja com solo, proveniente dos respingos de chuva.

A palhada na cobertura do solo, serve como uma barreira física, reduzindo o impacto da gota da chuva e consequentemente a dispersão de patógenos do solo, que desencadeiam a infecção na planta, iniciada normalmente no terço inferior (baixeiro). Assim como áreas de baixa palhada, o monitoramento de doenças em soja deve ser intensificado sob condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças, sendo que, chuvas frequente, seguidas de temperaturas amenas e alta umidade relativa do ar, são propícias para o desenvolvimento da maioria dos fungos fitopatogênicos.

Sendo assim, a análise das condições climáticas e ambientais, atreladas aos períodos de predominância de doenças em soja, podem ser utilizados para melhor posicionar o monitoramento de doenças em soja. No entanto, vale destacar que se tratando de doenças de elevado potencial destrutivo, bem como cultivares suscetíveis, o manejo proativo e preventivo constitui uma das principais estratégias de controle para uma lavoura sadia.


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Referências:

PICININI, E. C.; FERNANDES, J. M. DOENÇAS DE SOJA DIAGNOSE, EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE. EMBRAPA, Documentos, n. 16, 2003. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/820515/1/CNPTDOC.1603.pdf >, acesso em: 01/12/2025.

SPOLTI, P.; VALDEBENITO-SANHUEZA, R. M. M. SOBREVIVÊNCIA, COMPONENTES EPIDEMIOLÓGICOS EPIDEMIOLÓGICOS E CONTROLE DO INÓCULO INÓCULO INICIAL DA PODRIDÃO OLHO DE BOI DE BOI. I Workshop sobre a podridão olho de boi, 2018. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355300/37478345/Sobreviv%2B%C2%ACncia%2C+componentes+epidemiol%2B%C2%A6gicos+e+controle+.pdf/4fb0e75e-627e-16fb-d5d6-3506a42bc9ff >, acesso em: 01/12/2025.

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