Para assegurar o potencial produtivo do trigo, é fundamental garantir condições sanitárias adequadas, mitigando o efeito das doenças que incidem sobre a cultura. Dentre as principais doenças foliares que acometem o trigo, podemos destacar o oídio, a ferrugem da folha, a mancha-amarela, a mancha-marrom e a septoriose.
Os danos variam em função do período de ocorrência, severidade e suscetibilidade da cultivar à doença. No caso do oídio, por exemplo, perdas de 10% a 62% podem ser observadas. Na média dos anos, as perdas em decorrência da doença ficam entre 5% a 8%, além disso, o oídio reduz em 7,5% o conteúdo de amido e de proteína dos grãos, afetando principalmente componentes de produtividade como número de espigas por área e o número e tamanho de grãos por espiga (Costamilan, 2020).
Figura 1. Sintomas típicos de oídio em trigo.
Para um controle adequado das doenças foliares no trigo, além da escolha do fungicida, é necessário atentar para o posicionamento desses defensivos no momento ideal. Para isso, o monitoramento das áreas de cultivo é determinante para definir o momento da aplicação.
Monitoramento de doenças foliares no trigo
Algumas doenças podem ocorrer desde o início do desenvolvimento do trigo. Nesse sentido, o monitoramento constante da lavoura é fundamental para embasar práticas de manejo no controle das doenças.
Conforme recomendações de manejo, as lavouras devem ser monitoradas num intervalo de cinco dias. Orienta-se coletar, ao acaso, 40 a 50 colmos principais. Destacar as folhas, eliminando aquelas com mais de 50% da área foliar morta por causa não parasitária, e as que estiverem em crescimento (Almeida, 2024).
Após, deve-se determinar a incidência individual das doenças ou usar o critério de patossistema múltiplo. Durante o estádio de afilhamento é intensa a produção de novas folhas, por isso pode haver decréscimo na incidência das doenças. Recomenda-se, portanto, que o monitoramento tenha início no final do afilhamento (Almeida, 2024).
De acordo com Almeida (2024), a primeira aplicação de fungicida deve ser realizada quando a doença alvo do controle atingir o limiar de ação (LA). O intervalo para reaplicação dos fungicidas deve respeitar o período de persistência dos ingredientes ativos utilizados, observando-se o período máximo de proteção para manter a incidência das doenças abaixo do limiar de dano econômico (LDE).
O autor destaca ainda que, a última aplicação de fungicidas não deve ultrapassar o estádio de grão leitoso, visto que, caso o manejo tenha sido realizado adequadamente, a probabilidade de retorno financeiro com aplicação após esse estádio é muito baixa.
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Referências:
ALMEIDA, J. L. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRAS 2024 & 2025. Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, 2024. Disponível em: < https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/infotecnitrigotriticalesafras20242025livrodigitalfinal-1721832775.pdf >, acesso em: 03/09/2024.
COSTAMILAN, L. M. OÍDIO: Blumeria graminis f. sp. Tritici. Principais doenças do trigo no sul do Brasil: diagnóstico e manejo. Embrapa, Circular Técnica, n. 375, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1129989/principais-doencas-do-trigo-no-sul-do-brasil-diagnostico-e-manejo >, acesso em: 03/09/2024.