O trigo (Triticum aestivum), é um dos três cereais mais cultivados do mundo (CONAB, 2017) e uma das opções mais utilizadas pelos produtores da região Sul do Brasil durante o período do inverno, sendo esta, uma ótima opção de renda durante o período. Para a safra 2022 se tem boas perspectivas, principalmente devido a previsão de condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da cultura. Se possuindo uma expectativa de produção de 7,5 milhões de toneladas de trigo na região Sul do Brasil, em uma área cultivada de aproximadamente 2,5 milhões de hectares para esta safra 2022 (CONAB, 2022).
Mesmos a expectativa sendo boa sob o ponto de vista climático, existem diversos fatores que podem provocar perdas significativas na produtividade e qualidade final do grãos de trigo como a ferrugem da folha do trigo, doença está causada pelo patógeno Puccinia triticina, onde o monitoramento e o manejo preventivo e constante devem ser as principais ferramentas de manejo, pois a mesma é bem expressiva, agressiva e causa grandes perdas na cultura se não for bem manejada, podendo comprometer a produtividade, a lucratividade e o investimento por parte do triticultor na cultura do trigo.
A ferrugem da folha do trigo é uma das doenças mais importantes e comuns que atacam a cultura, sendo característico da Puccinia triticina, o surgimento de pústulas aleatórias na superfície das folhas (preferencialmente na face adaxial) de coloração amarelo-escuro, como representado na imagem 1.
A Puccinia triticina, pode se desenvolver na cultura desde a emergência das primeiras folhas até a maturação, onde, as condições favoráveis para seu desenvolvimento são clima quente e úmido, temperatura de 20°C com 3 horas de molhamento foliar contínuo, possuindo seu desenvolvimento rápido mesmo em condições de temperatura de 10 a 30°C (ANTUNES, 2020), porém, em condições de clima seco e quente tem baixo desenvolvimento, tendo baixo potencial de causar perdas à cultura.
Diante dessas condições favoráveis, o desenvolvimento da mesma pode ocasionar consideráveis perdas de produtividade e qualidade final de grãos da cultura do trigo, uma vez que, ataca a área foliar da cultura aumentando a respiração e diminuindo a capacidade fotossintética das plantas, podendo ocasionar danos à produtividade “superiores a 60% em cultivares suscetíveis” (ANTUNES, 2020). Essa perda de área foliar compromete o enchimento e o peso final de grãos, sendo então de suma importância a realização de um monitoramento e manejo da doença constante.
A realização de manejos preventivos como a escolha de cultivares menos suscetíveis, o planejamento da época de semeadura e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra são de extrema importância para um melhor manejo da doença. A eliminação de plantas voluntárias é de suma importância devido a diminuição de inóculo inicial, uma vez que, a Puccinia triticina é patógeno biotrófico, ou seja, somente se desenvolve em tecido vivo. Então praticar a rotação de culturas com plantas não hospedeiras do patógeno é uma das principais medidas para se reduzir o potencial e a pressão de inóculo.
Posteriormente à emergência da cultura, o monitoramento do desenvolvimento das plantas é um dos pontos chaves para o manejo das doenças. Em caso de incidência da ferrugem da folha do Trigo, é de suma importância realizar uma boa aplicação com Triazóis, Estrobilurinas e Carboxamidas e principalmente realizar a aplicação no momento certo. Por isso, que esse monitoramento e aplicação do fungicida no aparecimento dos primeiros sintomas é fundamental com estratégia de manejo e controle da doença. A entrada tardia com fungicida após a doenças já estar bem estabelecida e com forte pressão do inóculo torna o manejo mais oneroso e menos eficiente potencializando ainda mais as perdas em produtividade. Logo, é de grande importância o manejo preventivo, visando se reduzir o potencial de inóculo da doença na área de cultivo, para isso, o monitoramento e o acompanhamento do desenvolvimento da cultura é de suma importância para se realizar um manejo mais assertivo dessa doença com mínimo impacto sobre a produtividade final de grãos.
Autores: Alfredo Henrique Suptiz e Nitiele Silva de Azeredo. Acadêmicos do Curso de Agronomia da UFSM, Campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, Professor Dr. Claudir José Basso.
Referências:
ANTUNES, J. M. – Atenção com as doenças no trigo. Disponível em: encurtador.com.br/cflI1. Acesso em: Julho de 2022.
CONAB – A Cultura do Trigo. Disponivel em: encurtador.com.br/axIN1 . Acesso em: Julho de 2022.
CONAB – Tabela de dados – Produção e balanço de oferta e demanda de grãos, 9° Levantamento. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos. Acesso em: julho de 2022.
OLIVEIRA, Gustavo Migliorini de et al. Controle da ferrugem da folha do trigo (Puccinia triticina) em diferentes momentos de aplicação de fungicida. Arquivos do Instituto Biológico, v. 80, p. 436-441, 2013. Acesso em: Julho de 2022.
Foto de capa: Flávio Santana