A mosca-branca (Bemisia tabaci), apesar do nome comum de mosca, é, na realidade, um inseto sugador comumente encontrado em diversas culturas agrícolas. Na cultura da soja, a B. tabaci é uma preocupação devido a sua atuação como vetor do vírus da necrose-da-haste, que faz parte do grupo dos carlavírus, a evolução dos sintomas causados por esse vírus, pode ocasionar a morte da plantas de soja (Bueno et al., 2021). A mosca-branca biótipo B, tem gerado maiores preocupações devido a dificuldade de controle, isso se deve ao fato de que esse biótipo possuir maior número de plantas hospedeiras, apresentar maior resistência a inseticidas e capacidade de induzir desordens fisiológicas em certos tipos de hospedeiros (Tomquelski et al., 2020).

Conforme destacam Sosa-Goméz et al. (2014), os adultos da B. tabaci medem aproximadamente 1 mm de comprimento, possuem dois pares de asas brancas e seus corpos são cobertos por uma camada pulverulenta de cera, apresentando uma coloração amarelada. As ninfas, por outro lado, são transparentes e ovais, medindo de 0,3 a 0,7 mm, enquanto nas fases quiescentes apresentam uma coloração amarelo-esbranquiçadas e estão cobertas por serosidade. Uma fêmea possui a capacidade de oviposição entre 100 e 300 ovos ao longo de seu ciclo de vida, podendo variar de acordo com a disponibilidade de alimento e da temperatura (Bueno et al., 2021).

Figura 1. Estádios de vida de Bemisia tabaci. A) ovos; B) ninfa de 1° ínstar; C) ninfa de 2° ínstar; C) ninfa de 3° ínstar; D) ninfa de 4° ínstar e E) adulto.

Fotos: Henrique Pozebon (2019).

Quando se alimentam, as ninfas excretam uma grande quantidade de substância açucarada. Essa substância favorece o crescimento de um fungo chamado fumagina (Capnodium sp.), que cobre as folhas com uma camada escura. Quando expostas à radiação solar, as folhas desidratam e caem da planta. Além disso, esse inseto é de difícil controle, principalmente quando em altas densidades populacionais (Sosa-Gómez et al., 2014).

Figura 2. Planta de soja com a presença da fumagina.

Foto: Adeney de Freitas Bueno.

O pesquisador Arnemann (2019) ressalta que a presença dessa praga nas plantas de soja ocorre em todo o dossel das plantas de soja, mas cerca de 80% das ninfas são predominantemente localizadas nos terços médio e inferior, essa distribuição representando um desafio na aplicação de produtos para o controle dessas ninfas. As ninfas de mosca-branca são encontradas principalmente na face inferior das folhas, enquanto os adultos podem ser encontrados em ambos os lados, além disso, períodos de estiagem prolongada, secos e quentes, criam condições que favorecem o desenvolvimento da mosca-branca, especialmente na fase vegetativa da cultura (Ávila , 2020).

Figura 3. Número médio de ninfas de B. tabaci por área foliar, nos terços superior, médio e inferior das plantas de soja.

Fonte: Arnemann (2019).

Conforme destaca Ávila (2020), esse inseto tente a atacar as plantas com maior frequência durante a fase de enchimento de grãos. A infestação inicial é observada geralmente nas bordas da lavoura e, em seguida, se espalha para o centro. Nesse sentido, o monitoramento da mosca-branca deve ser feito nas bordaduras da lavoura, realizando amostragens em grade com intervalos de 40 a 60 m entre os pontos.

Para garantir um controle eficiente e economicamente viável da mosca-branca na cultura da soja, Pozebon et al. (2019) destacam que é necessário quantificar a ocorrência e densidade de Bemisia tabaci nos folíolos das plantas. A amostragem envolve a coleta de três a quatro folíolos no terço médio das plantas em cada ponto de amostragem, com o auxílio de uma lupa, realiza-se a contagem de ninfas de mosca-branca em um área mínima de 1 cm2 por folíolo. Quando as infestações são abaixo de 2 ninfas cm-2, elas não são capazes de promover o desenvolvimento de fumagina nas folhas, que é o principal fator de redução da área fotossintética (Roggia et al., 2020).



O manejo da mosca-branca na cultura da soja, de acordo com Roggia et al. (2020), requer a integração de diversas práticas de manejo, por se tratar de uma espécie polífaga, uma das principais medidas de controle é o vazio sanitário, que visa interromper o ciclo da praga e reduzir a sua densidade populacional no ambiente. Além disso, é imprescindível a eliminar as plantas voluntárias de soja e plantas daninhas hospedeiras dessa espécie. Os autores destacam que em áreas com plantas daninhas com alta infestação de mosca-branca, recomenda-se realizar a dessecação da área antes da semeadura da soja, a fim de evitar o ataque severo no início do desenvolvimento da cultura. Ademais, o controle químico pode ser empregado com inseticidas registrados para a cultura no controle dessa espécie.

Visto que os danos provocados pela B. tabaci na soja, tanto de forma direta através da alimentação como os danos ocasionados de forma indireta pela transmissão de viroses e formação da fumagina, causam prejuízos acarretando perdas de produtividade na cultura, torna-se fundamental o monitoramento da presença dessa praga na lavoura, bem como a adoção de medidas de controle eficiente para reduzir os danos ocasionados por essa praga. Além disso, ao empregar as medidas de controle químico, é imprescindível garantir que o produto aplicado atinja todo o dossel da planta, a fim de controlar o inseto em todas as suas fases e garantir a eficiência da aplicação e controle.


Veja mais: Controle de pragas e janela de aplicação de inseticidas



Referências:

ARNEMANN, J. MOSCA-BRANCA EM SOJA: OCORRÊNCIA, FASES E MANEJO. Mais Soja, 2019. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-7nh-wCJ87s&list=RDCMUChW6r7uAYLjkjY5xxKF2hag&index=1 >, acesso em: 08/11/2023.

ÁVILA, C. J. PRAGAS DA SOJA: CONHEÇA E PREVINA-SE. Embrapa, 2020. Disponível em: < https://pragas.cpao.embrapa.br/views/praga.php?id=25 >, acesso em: 08/11/2023.

BUENO, A. F. et al. MOSCA-BRANCA: PRAGAS DA SOJA. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/producao/manejo-integrado-de-pragas/pragas/pragas-que-atacam-folhas/mosca-branca >, acesso em: 08/11/2023.

POZEBON, H. et al. DISTRIBUIÇÃO DE Bemesia tabaci NAS PLANTAS DE SOJA E EM FOLÍOLOS INDIVIDUAIS. Entomologia Experimentalis et Applicata, v. 167, ed. 5, p. 396-405, 2019. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/eea.12798 >, acesso em: 08/11/2023.

ROGGIA, S. et al. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. Tecnologias de Produção de Soja, Sistemas de produção 17, cap. 9. Embrapa, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 08/11/2023.

SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, ed. 3, documentos 269. Londrina – PR, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf >, acesso em: 08/11/2023.

TOMQUELSK, G. V. ET AL. EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DA MOSCA-BRANCA Bemisia tabaci BIÓTIPO B (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE) EM SOJA NAS SAFRAS 2017/2018 E 2018/2019: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, circular técnica 158. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/212145/1/CT-158.pdf >, acesso em: 08/11/2023.

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