O nabo forrageiro (Raphanus sativus) é uma planta da família das Brassicaceae, muito utilizada como adubação verde no inverno, rotação de culturas e alimentação animal. De acordo com Tiecher (2016), o nabo forrageiro é muito cultivado na Ásia Oriental e Europa, no Brasil seu cultivo ocorre principalmente na Região Sul, onde o clima com temperaturas amenas são propícias para seu desenvolvimento, produz em média na parte aérea de 3.500 kg ha-1 a 8.000 kg ha-1 de massa seca. Conforme Barros & Jardine (2021), o nabo forrageiro é uma planta anual muito vigorosa, sua característica de sistema radicular pivotante o torna robusto e capaz de se adaptar, em apenas 60 dias é capaz de cobrir cerca de 70% do solo.
Figura 1. Nabo forrageiro em área de lavoura com solo degradado.
É uma espécie tolerante à seca e a geada e possui ciclo de quatro meses, sendo muito utilizada na adubação verde, conhecida pela capacidade do seu vigoroso sistema radicular em descompactar camadas compactadas do solo, de acordo com Calegari (2016), o nabo forrageiro apresenta elevada ciclagem de nutrientes. A capacidade de reciclagem de nutrientes de Nitrogênio, Fósforo e Potássio na matéria seca são de respectivamente, 0,92 a 2,96%, 0,18 a 0,33% e 2,02 a 3,90%. Com um ciclo de 140 a 160 dias, é capaz de produzir de 20 a 60 toneladas por hectare de massa verde.
Tabela 1. Identificação, Características e Semeadura do nabo forrageiro (Raphanus sativus).
Segundo Carvalho (2022), o nabo forrageiro exerce um papel importante favorecendo diversas melhorias ao solo, dentre esses benefícios, destaca-se a promoção da formação de bioporos no solo, esses poros favorecem a aeração e a infiltração de água, contribui significativamente para o incremento de matéria orgânica em profundidade no solo, melhorando assim, a fertilidade e o ambiente físico-hídrico. Além disso, é capaz de controlar de forma eficiente a erosão no solo.
Figura 2. Sistema radicular nabo forrageiro.
A adubação verde, segundo Alcântara (2016), é uma prática agrícola que visa utilizar plantas capazes de reciclar os nutrientes presentes em camadas profundas do solo, ou na atmosfera, tornando o solo mais fértil e mais produtivo. Essas plantas são caracterizadas por sua rusticidade e pela presença de um sistema radicular forte. Além de melhorar a qualidade do solo, a adubação verde é uma prática ecologicamente correta para a agricultura. Nesse contexto, o nabo forrageiro se destaca-se como uma excelente opção, graças à sua adaptabilidade e rusticidade, tornando-se uma escolha ideal para atender a esses propósitos e promover um manejo agrícola mais eficiente.
Uma pesquisa conduzida por Viola et al. (2013), evidenciaram os benefícios do uso de adubos verdes entre as culturas de milho e trigo em substituição ao pousio. Esses adubos verdes, com destaque para o nabo forrageiro, desempenham um papel fundamental no sistema agrícola, incorporando matéria seca ao solo e reciclando nutrientes de forma eficiente. Foi observada a produção abundante de matéria seca pelo nabo forrageiro, assim como o acúmulo de nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo e potássio. Além disso, sua decomposição ocorreu estrategicamente em estádios fenológicos de alta demanda para a cultura do trigo, resultado da liberação gradual e oportuna de nitrogênio, um elemento fundamental para o crescimento do trigo. Essa pesquisa revela a importância da cultura antecessora na resposta do trigo à aplicação de N mineral.
Estudos realizados por Kochhann et al. (2003), verificaram o aumento no rendimento de trigo com cobertura de nabo forrageiro após milho, independente da dose de nitrogênio aplicada, confirmando a importância da cultura antecessora, que fornecerá nutrientes resultado da decomposição e mineralização dos resíduos, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento da cultura sucessora, no caso do estudo, o trigo.
Figura 2. Rendimento de grãos de trigo, com e sem nabo forrageiro como cultura intercalar às culturas de milho-grão e de trigo, em Independência, em 2000.
Carvalho et al. (2022), afirmam que o nabo forrageiro possui uma baixa relação C:N (20:1), o que resulta em uma rápida disponibilização dos nutrientes ciclados para a cultura em sucessão. No entanto, a decomposição da palhada é muito rápida, para maximizar os benefícios, recomenda-se o consócio com outras culturas, como aveia, triticale e outras gramíneas, essa estratégia permite que a palha dure por mais tempo no solo, proporcionando a liberação gradativa dos nutrientes.
É necessário ter atenção ao cultivo do nabo forrageiro em áreas que exista problemas com mofo-branco, pois o nabo forrageiro é uma das principais plantas hospedeiras dessa doença. Calegari (2016), destaca o consórcio com outras espécies, como centeio, aveia, milheto, pode diminuir a chance de aumentar a ocorrência de mofo-branco.
Veja mais: Plantas de cobertura: Posicionamento das espécies e seleção das sementes é fundamental para a manutenção do sistema plantio direto
Referências:
ALCÂNTARA, FLÁVIA. O QUE É E COMO FAZER ADUBAÇÃO VERDE. Saber e fazer agroecologia – Por uma agricultura mais generosa com a terra e com as pessoas Embrapa Arroz e Feijão, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/144392/1/Saber-e-Fazer-Agroecologia-5-ainfo.pdf >, acesso em: 21/07/2023.
BARROS, TALITA DELGROSSI; JARDINE, JOSÉ GILBERTO. NABO-FORRAGEIRO. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/tematicas/agroenergia/biodiesel/materias-primas/nabo-forrageiro >, acesso em: 21/07/2023.
CALEGARI, ADEMIR. PLANTAS DE COBERTURA. Manual Técnico, Projeto Solovivo, IAPAR, 2016. Disponível em: < http://www.ecoagri.com.br/web/wp-content/uploads/Plantas-de-Cobertura-%E2%80%93-Manual-T%C3%A9cnico.pdf >, acesso em: 21/07/2023.
CARVALHO, MARTA LUSTOSA et al. GUIA PRÁTICO DE PLANTAS DE COBERTURA: ASPECTOS FILOTÉCNICOS E IMPACTOS SOBRE A SAÚDE DO SOLO. ESALQ, Piracicaba – SP, 2022. Disponível em: < https://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/view/782/696/2581 >, acesso em: 21/07/2023.
KOCHHANN, RAINOLDO ALBERTO et al. RENDIMENTO DE GRÃOS DE TRIGO CULTIVADO EM SEQUÊNCIA AO ADUBO VERDE NABO FORRAGEIRO. Embrapa, Circular Técnica, n. 116, 2003. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co116.pdf >, acesso em: 21/07/2023.
TIECHER, TALES. MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS NO SUL DO BRASIL: PRÁTICAS ALTERNATIVAS DE MANEJO VISANDO A CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA. UFRGS, Porto Alegre – RS, 2016.
VIOLA, RICARDO; BENIN, GIOVANI; CASSOL, LUÍS CÉSAR; PINNOW, CILAS; FLORES, MARIANA FABER; BORNHOFEN, ELESANDRO. ADUBAÇÃO VERDE E NITROGENADA NA CULTURA DO TRIGO EM PLANTIO DIRETO. Bragantia, v.72, n.1, p.90-100, Campinas – SP, 2013. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/brag/a/frnxPqs8mxN4ZpsKpr5fN4w/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 21/07/2023.
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Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria.