O mercado brasileiro de trigo opera com reportes pontuais de negócios. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, a quebra consolidada em alguns estados e as incertezas climáticas que ainda podem comprometer a qualidade em regiões que não colheram fazem com que os agentes adotem posturas defensivas.
“Além do quadro interno, os agentes seguem atentos às condições das lavouras argentinas. Com ocorrências de chuvas, segundo a Bolsa de Buenos Aireis, o déficit hídrico reduziu na última semana. Apesar disso, as condições das lavouras pioraram. Isso mostra que a produção no maior fornecedor brasileiro segue em xeque. Enquanto não há uma indefinição desse cenário, compradores e vendedores seguem inflexíveis nas indicações de preços e, consequentemente, os negócios são pontuais”, observou.
No Rio Grande do Sul, a oferta disponível de safra nova é incipiente. Para esses grãos, houve deporte de negócios entre R$ 1.250 e R$ 1.300 a tonelada. Com o avanço da colheita, se não houver maiores problemas de qualidade no estado, essas cotações tendem a enfraquecer. No Paraná, base de compra no FOB por volta de R$ 1.400 a tonelada. Com a quebra consolidada, parece que os preços não têm espaço para novos recuos nos próximos meses. O balizamento dos preços locais será dado pelo custo de aquisição da Argentina e do Rio Grande do Sul.
Conab
A colheita das lavouras da safra 2024 atingiu 36,7% da área estimada nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 6 de outubro. Na semana anterior, a ceifa estava em 30,9%. Em igual período do ano passado, o número era de 41%.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2023/24 de trigo do estado atingiu 73% da área estimada de 1,149 milhão de hectares. Ela deve ficar 19% abaixo dos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023.
Rio Grande do Sul
A colheita de trigo atinge 2% da área no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, na semana passada, os trabalhos ainda não chegavam a 1%. Em igual momento do ano passado, eram 13%. A média dos últimos cinco anos para o período é de 8%.
Argentina
O déficit hídrico diminuiu na Argentina na última semana. Já as condições das lavouras pioraram. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, não indicou percentual de colheita, que já ocorre incipientemente desde a semana passada. Em algumas áreas, há necessidade de chuvas para a sustentação dos rendimentos esperados. Boa parte das plantas entram em estágios críticos do desenvolvimento.
As condições de cultivo se dividem entre boas (29%), médias (33%) e ruins (38%). Na semana passada, eram 36%, 31% e 33%, respectivamente. Em igual momento do ano passado, eram 14%, 44% e 42%. Atualmente, 49% das lavouras estão em déficit hídrico, contra 54% na semana passada. No mesmo momento do ano passado, eram 50%.
A área é estimada em 6,3 milhões de hectares. No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.
Fonte: Gabriel Nascimento / Safras News