O termo cúprico refere-se a presença de cobre (Cu). Os fungicidas cúpricos foram os primeiros a serem utilizados na agricultura. No entanto, na soja e em outras culturas de como feijão e algodão, o uso é bastante recente. 

Os fungicidas cúpricos são produtos multissítios protetores, os quais devem ser usados na soja associados a fungicidas sistêmicos, como reforço das aplicações, e não isolados.

Mas porque conhecer quais são esses fungicidas? Existem uma enormidade de produtos contendo cobre, que por vezes são confundidos com fungicidas, mas na realidade não são. Dessa forma, discutiremos aqui quais são as principais opções de fungicidas atualmente registradas para uso em soja.

Os produtos considerados fungicidas possuem registro junto ao MAPA. Essa informação vem descrita em bula na classe do produto conforme Figura abaixo.

Figura 1. Recorte de parte da bula de um fungicida a base de cobre. 

Os fungicidas cúpricos são sais de cobre e por isso são classificados como fungicidas inorgânicos. Atualmente nós temos três opções de sais de cobre registrados para uso em soja e uma opção em fase de registro, que são eles:

  • Oxicloreto de cobre – [Cu2Cl(OH)3]
  • Óxido cuproso – [Cu2O] 
  • Hidróxido de cobre – [Cu(OH)2]
  • Sulfato de cobre [CuO4S]  *Em fase de registro

Alguns produtos possuem esses sais isolados e alguns produtos mais recentes têm vindo com a mistura de dois sais, como por exemplo hidróxido de cobre + oxicloreto de cobre ou a mistura com um outro fungicida multissítio, como por exemplo oxicloreto de cobre + mancozebe ou oxicloreto de cobre + clorotalonil.

Existem muitos fertilizantes foliares, indutores de defesa, bioativadores, bioestimulantes, enfim, que contém cobre na sua formulação, porém não fazem o mesmo papel que os fungicidas citados. 

A diferença entre um fungicida a base de cobre de um outro produto está basicamente na quantidade de cobre em equivalente metálico presente no produto. O que mata os fungos são os íons Cu2+, os quais se acumulam nas células do fungo após a dissociação do sal. Em bula, existe a concentração do sal presente no produto e a concentração em equivalente metálico, ou seja, o que de fato atua sobre o fungo (Figura 1).

Nesse caso, os fungicidas conseguem entregar uma quantidade muito maior em equivalente cobre metálico comparado a outros produtos como fertilizantes, indutores, etc. Isso reflete em um maior percentual de controle da doença. 

Os dados dos ensaios cooperativos sumarizados pela Embrapa (Tabela 1) mostram a quantidade em g i.a.ha-1 para os fungicidas a base de cobre. Com base na tabela, pode-se notar também que as médias de controle da ferrugem da soja para esses fungicidas ficam em torno de 50%. 

O aumento na quantidade de cobre pode resultar em incremento de controle, porém deve-se ter atenção com o risco de fitotoxidade à cultura. Alguns produtos possuem em bula um intervalo bastante largo de dose, variando muitas vezes de 0,5 a 1,5 L/ha. É necessário cautela, relatos de produtores e pesquisadores indicam que acima de 0,75 L/ha aumenta-se o risco de fitotoxidade, a depender das condições da planta e do clima.

Tabela 1. Severidade da ferrugem-asiática, porcentagem de controle (C) em relação à testemunha sem fungicida para os diferentes tratamentos. Média de 18 ensaios, safra 2017/18. Fonte: Godoy et al. (2018)

Os fungicidas cúpricos possuem ação de amplo espectro e por isso não apenas controlam ferrugem, mas podem ajudar também no controle de manchas foliares e antracnose na soja. 

Saiba Mais!

No caso de fosfitos de cobre, são produtos classificados como indutores de defesa, os quais apresentam controle indireto e direto de determinadas doenças. O controle indireto é devido a ativação de defesas nas plantas, e o controle direto, mesmo que pequeno, pode ocorrer devido a presença de quantidades razoáveis de cobre na formulação. É encontrado na literatura ação de fosfitos no controle de oomicetos. No controle de ferrugem, manchas e antracnose na soja, o controle é inferior comparado aos fungicidas cúpricos citados. 

Uma situação prática, por exemplo, vamos supor que um produtor ao selecionar um fungicida multissítio para reforçar as últimas aplicações na soja, acaba confundindo

com um fosfito de cobre, por exemplo. Isso pode refletir em perdas de controle, visto que os fosfitos não substituem o trabalho dos fungicidas. Ainda, a estratégia de uso dos indutores de defesa são em estágios anteriores da cultura, e não no final.

Dessa forma, os produtores precisam ficar atentos para não comprar “gato por lebre”. As classes dos produtos devem ser respeitadas e cada um deve ser usado de maneira correta para desempenhar o papel que lhe é potencial.

Sobre o Autor: Leandro N. Marques, Eng. Agrônomo formado na UFSM. Mestrado e Doutorado em Agronomia, na área da fitopatologia (UFSM). Atualmente é professor de fitopatologia na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ).

 

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