O Nitrogênio desempenha papel fundamental na planta, sendo diretamente ligado a composição de aminoácidos e proteínas, constituinte de macromoléculas e enzimas. Segundo FAQUIN (2005), o nitrogênio é um dos nutrientes exigidos em maior quantidade pelas plantas, constituindo de 2 a 5% da matéria seca da planta.
O nitrogênio pode ser absorvido por diferentes formas na planta, sendo que sua absorção pode ser oriunda da atmosfera, ou solo nas formas N2, NH4+ e NO3–. A principal forma de absorção na maioria das culturas é NO3– por conta do processo de nitrificação que ocorre no solo. Para as culturas com capacidade de realizar a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) como a soja por exemplo, a maior absorção do elemento se dá na forma de N2.
No solo, a principal fonte de nitrogênio é a matéria orgânica, contudo, nem todo nitrogênio presente na matéria orgânica do solo está prontamente disponível para as plantas, ele é liberado lentamente e depende da atividade microbiana do solo. O Nitrogênio é facilmente redistribuído no floema, apresentando alta mobilidade na planta. No solo, ele também apresenta alta mobilidade, sendo facilmente lixiviado e necessitando de adequado aporte nos estádios de maior resposta das culturas.
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Tabela 1. Quantidade de nitrogênio absorvida por algumas culturas agrícolas para valores de produtividade conhecidos.
Nas plantas com capacidade de realizar a FBN, é utilizado o Nitrogênio atmosférico através do processo de Nitrogenase. O processo consiste na conversão do N2 atmosférico, para formas combinadas pela ação de microorganismos FAQUIN (2005). Os principais microrganismos responsáveis por esse processo são as bactérias do gênero Bradyrhizobium. As bactérias podem ser inseridas no sistema por meio da inoculação de sementes com o Bradyrhizobium, auxiliando as bactérias já presentes no solo e aumentar a formação de nódulos e fixação biológica de Nitrogênio.
Escolha de uma fonte de nitrogênio
Normalmente, só o Nitrogênio presente no solo não capaz suprir as necessidades de uma cultura agrícola para atingir altas produtividades. Para garantir o suprimento adequado de Nitrogênio e boa produtividade, é necessário que se realize adubação nitrogenada nas culturas que não realizam FBN. Os fertilizantes nitrogenados comerciais são amplamente utilizados em lavouras comerciais, várias fontes de Nitrogênio podem ser utilizadas, mas a mais conhecida é a uréia.
A escolha da fonte de Nitrogênio a ser utilizada deve levar em consideração fatores econômico, agronômicos e práticas de manejo. Além de fontes minerais, fontes orgânicas como esterco animal, em geral de aves e suínos também são opções na utilização da adubação nitrogenada, contudo é necessário ter cautela para não utilizar incorretamente os fertilizantes nitrogenados, resultando em custo desnecessário e contaminação de águas.
Sintomas de deficiência de nitrogênio
Folhas bem nutridas, sem deficiência de Nitrogênio apresentam coloração verde escura (decorrente de altos teores de clorofila), além de bom crescimento e desenvolvimento. Níveis baixos de clorofila, decorrentes da deficiência de Nitrogênio podem ocasionar clorose nas folhas. Os principais sintomas são visualizados primeiramente nas folhas mais velhas podendo se estender às folhas jovens dependendo da severidade da deficiência. Outros sintomas como menor perfilhamento em gramíneas, baixa quantidade de folhas, maior suscetibilidade a estresses decorrentes de ataque de pragas e insetos e diminuição da estatura da planta são comuns de serem notados em plantas deficientes em Nitrogênio.
Figura 1: Deficiência de Nitrogênio em soja.
Figura 2: Deficiência de nitrogênio em milho.
ponto de vista visual, a adubação nitrogenada é a que traz maior retorno perceptível na produtividade das culturas, seus efeitos são de fácil visualização, sendo perceptíveis ao visualizar a coloração das folhas. Conforme observado por LUCENA et. al, (2000), o uso adequado do nitrogênio no milho por exemplo, pode otimizar as produções e os lucros e ao mesmo tempo, quando trabalhada a adubação no máximo nível econômico (figura 3).
Figura 3. Curva de resposta do rendimento de grãos de milho, cv. BR5033, em função de dosagens crescentes de N aplicadas ao solo.
Além da suplementação de Nitrogênio pela adubação, é importante trabalhar a matéria orgânica e microfauna do solo, favorecendo o processo de mineralização do Nitrogênio orgânico e a disponibilidade para as plantas. O manejo do Nitrogênio é fundamental para alcançar boas produtividades das culturas agrícolas, sendo pela adubação ou FBN, práticas que minimizem as perdas de Nitrogênio no solo como particionamento da adubação de cobertura podem ser alternativas interessantes para diminuir a perda por lixiviação e aumentar a disponibilidade para a planta.
Além disso, é importante atentar para as quantidades de Nitrogênio fornecidas, período e forma de fornecimento, práticas de manejo como o controle de plantas daninhas antes do fornecimento de Nitrogênio podem favorecer a absorção do nutriente pela cultura agrícola, diminuindo perdas para plantas daninhas; em casos de adequado fornecimento de Nitrogênio à cultura, a adubação foliar pode entrar no sistema como um “ajuste fino” na produção, auxiliando processos fotossintéticos e diminuindo impactos de estresses, contudo nunca substituindo a adubação via solo.
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Referências:
BORKERT et. al,. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. Informações Agronômicas, n.66, jun. 1994.
FAQUIN, V. NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS. Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” a Distância: Solos e Meio Ambiente, Universidade Federal de Lavras, 2005.
LUCENA et. al,. RESPOSTA DO MILHO A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO APLICADOS AO SOLO. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.4, n.3, p.334-337, 2000.
POTAFOS. NUTRI-FATOS, Nitrogênio, Arquivo do Agrônomo, Piracicaba, SP, n.10, mar. 1996.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo.
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