Neste sábado, 14, o novo governo da Argentina decidiu suspender todos os registros de exportação e aumentar as retenciones. A informação completa está em La Nacion, que diz resumidamente o seguinte:
- Boletim Oficial no 196 suspendeu a partir desta segunda-feira, qualquer registro de venda ao exterior;
- Decreto no 37 suspendeu as retenciones de 4 pesos/dólar exportado, mas permanece 12% de retenciones;
- Com isto, a soja, que pagava 18% fixo e mais 4 pesos/dólar passa para um imposto total de 30%. Trigo, farinha de trigo, milho e outros produtos, terão um imposto fixo de 9%.
Não se sabe mais detalhes ainda, que serão divulgados provavelmente na segunda-feira. Estaremos atentos e informaremos em edição extra. Por enquanto, soubemos de 4 medidas principais, tomadas pelo governo:
- Decidiu dobrar as indenizações por dispensa de empregado sem justa causa (quem vai dar emprego no país?);
- Decidiu cancelar as exportações (como vai ter divisas e pagar a dívida de US$ 100 bilhões) e dobrar as retenciones (maior desestímulo à produção, que geraria divisas, empregos e impostos?);
- Decidiu aumentar os impostos sobre bens pessoais (qual o estímulo para trabalhar e empreender, dar emprego e gerar impostos?);
- Decidiu impor um novo imposto de turismo. Acabaram as férias para os socialistas no Brasil. E quem vai fazer turismo na Argentina?
O novo governo só deu tiros no próprio pé, porque os efeitos serão justamente o contrário do que o desejado, o que pode significar que serão revistas brevemente e nada ficará realmente definitivo. A ver.
Consequências iniciais
Felizmente os exportadores argentinos de trigo já tinham comprado e registrado na DJVE 11,63 milhões de toneladas até esta semana, das quais cerca de 2,90 MT tinham sido vendidas ao Brasil, tendo sido entregues apenas 1.009.127 toneladas até o final de novembro, segundo relatório do MDIC;
No entanto, a necessidade brasileira será de 5,5 MT, pelo menos, então haverá necessidade de vender ao Brasil mais 2,6 milhões de toneladas. A dúvida é: serão cobradas retenciones a partir dos embarques ou dos registros?;
Se a Argentina não puder fornecer este volume, certamente o governo brasileiro poderá aumentar (dobrar? triplicar?) a atual cota de 750 mil toneladas sem TEC para países de fora do Mercosul, como EUA, Canadá e Rússia;
Mesmo assim, o trigo americano não seria competitivo, mesmo que a elevação das retenciones fosse adicionada ao atual preço FOB do trigo argentino. Se não, vejamos: para DEZ 19, por exemplo, cujo preço está a US$ 199 FOB Stowed, as retenciones seriam algo como US$ 17,91/t. Se for repassar para o preço, ele aumentaria para US$ 216,91/t FOB, que, mesmo com o frete médio de US$ 18/t, totalizando US$ 234,91/t, ainda seria competitivo no Brasil em relação ao trigo americano (que chega aos portos do NE ao redor de US$ 279,74 com TEC e US$ 249,10 sem TEC), por exemplo.
Contudo, parece que os preços, inicialmente, não serão repassados para os compradores, mas vai diminuir para o produtor argentino.
Fonte: T&F Agroeconômica