Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Estava muito bom pra ser verdade. Desde o início dessa crise da pandemia que afeta o mundo inteiro, pelo menos em SC o setor agropecuário não estava sofrendo e continuou trabalhando normalmente. Ao contrário, estava aumentando a demanda das exportações de proteínas, e os preços dos grãos, estavam atrativos, devido à variação do dólar que valoriza as exportações quando a moeda norte americana está em alta.

Raríssimas eram as exceções em nível nacional de perdas econômicas do setor com a crise da saúde. A exceção está no sul do país que está sofrendo uma estiagem muito forte e prolongada, com perdas consideráveis, principalmente do milho e da soja, mas que os preços altos estão compensando a baixa produtividade devido à estiagem.

Ocorre que agora começam aparecer outros problemas especialmente para os pequenos produtores de SC.

Além do aumento dos custos de produção para o próximo plantio, tendo em vista a elevação dos custos dos insumos, principalmente dos fertilizantes e defensivos, devido à alta dólar, surgem reclamações com o escoamento dos produtos da agricultura familiar que são a grande maioria em SC.

Os produtores de maçã estão sofrendo retração do mercado, pela redução de demanda do produto, e em consequência, queda de preços.  Por outro lado, o produtor de leite que geralmente é o último a ser beneficiado com elevação dos preços, está em apreensão, pois tudo indica que vai cair o preço. As indústrias já estão avisando que se não aumentar a demanda do produto final, terá que reduzir o recebimento de leite. A queda de vendas é muito expressiva, as industrias já estão pensando em reduzir o recebimento por não ter onde estocar.

Na teleconferência realizada pela Secretaria da Agricultura, o presidente do Sindileite, Valter Brandalise, e da Faesc, José Pedroso debateram o assunto e manifestaram preocupação com o futuro do leite a curto prazo. O próximo atingido com essa crise de afastamento social, deverá ser o produtor de leite de SC.

Por outro lado, outra preocupação que poucos estão atentando serão os problemas econômicos que o país vai enfrentar pós-crise. Estão sendo investidos valores astronômicos para combater a doença e ajudar a população, os estados e municípios. São bilhões de reais que o Governo Federal está aplicando, remanejando de outras áreas, e que logo, logo virá a conta para a população brasileira.

Ao par disso existem denúncias de que muitas prefeituras e governos estaduais estão chantageando o Governo Federal, querendo recursos sem fim, para resolver seus problemas financeiros, que nem sempre são originários da crise do Coronavírus. Parlamentares do Congresso Nacional, visando suas reeleições e de alguns prefeitos, também estão entrando no baile e aprovando distribuição de recursos sem se preocupar de onde virão.

Lastimável, que políticos se aproveitem dessa situação para levar vantagens imediatas e pessoais, sem lembrar que isso virá afetar o futuro próximo do país. Todos nós sabemos que não existe janta de graça. Tudo que se paga a alguém tem outros interesses. Infelizmente o individualismo e o imediatismo estão tomando conta, mas brevemente todos nós vamos pagar essa conta, de um jeito ou de outro. Não tenha dúvidas, brevemente todos nós vamos pagar essa conta. Pense nisso.



Fonte: Fecoagroii

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.