O comércio global está mudando. Melhor, se atualizando para a realidade do século 21. Nesse contexto, o Green Deal (Pacto Verde europeu) tem motivado inúmeras manifestações de produtores do Velho Continente. Se por um lado temem a concorrência, com a chegada de novos produtos de qualidade de países fora do bloco, por outro reclamam das taxações e fim de subsídios, como o do diesel para tratores, que irão onerar a produção rural.

Por aqui, acompanhamos com atenção as movimentações nesse grande tabuleiro de xadrez. As regras impostas pela Comunidade Europeia possuem alguns equívocos, principalmente ao contrapor produção rural e meio ambiente. O Brasil é o maior exemplo de que a sustentabilidade é hoje uma das principais vertentes do agronegócio, com a preservação de florestas, produção de bioenergia e o aumento da presença dos bioinsumos nas culturas.

Um dos pontos do acordo que tem gerado revolta entre os agricultores europeus é a questão da preservação ambiental. Os produtores reclamam da meta de 4% de área preservada. Aqui no Brasil temos 66% de vegetação nativa, sendo que 50% está em propriedades rurais, o que representa dez vezes o tamanho da Alemanha, por exemplo. Isso mostra bem que a legislação brasileira é muito mais avançada em relação à preservação ambiental. Outra questão combatida pelos europeus é a regra de proibição de plantações a cinco metros das margens dos rios, quando no Brasil essa distância é variável em função da largura dos rios, partindo de 30 metros até o máximo de 500 metros.

Sabedores da importância do mercado para o agro brasileiro, há movimentação de entidades ligadas ao agronegócio para que se peça a prorrogação do prazo de adequação às novas regras. O trabalho que a Embrapa está desenvolvendo, com a criação de uma Plataforma que integre todas as bases de informações disponíveis sobre o meio ambiente, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), será uma ferramenta fundamental para o País. Estamos confiantes de que o trabalho do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em consonância com o Ministério das Relações Exteriores, levará ao reconhecimento da nova ferramenta pela União Europeia.

É importante ressaltar que o estado de São Paulo tem trabalhado para se adequar às novas regras do Green Deal. A Europa é o segundo mercado das commodities brasileiras e um parceiro essencial para a nossa economia. O trabalho que tem sido feito visa garantir a manutenção dessa parceria comercial, assim como prospectar novos mercados para outros produtos.

A produção de alimentos da Europa é insuficiente, inclusive, para alimentar os europeus, daí a necessidade de se rediscutir as regras, ampliar prazos para que os países se adequem à legislação e trabalhar para que não haja perdas de nenhum lado. O agronegócio brasileiro é essencial para alimentar o mundo e está presente em todos os continentes, com grande variedade de produtos. Pela qualidade de nossa produção, não tememos os novos tempos, mas é necessário se discutir prazo de adequação, custos, critérios de comprovação e viabilidade de implementação das exigências.

Fonte: FAESP



 

FONTE

Autor:FAESP

Site: Faesp/Senar

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