O uso de bioinsumos tem ganhado espaço nas lavouras brasileiras em função da boa relação custo benefícios e das contribuições para o sistema de produção, produtividade e rentabilidade da soja.
Dependendo da natureza e característica, os bioinsumos podem ser utilizados como promotores de crescimento, fixadores de Nitrogênio, biodefensivos no controle de pragas e/ou doenças ou bioestimulantes que mitigam o efeito de estresses abióticos, como seca, temperatura, salinidade etc.
Extrato de algas
Um dos bioinsumos mais utilizados na agricultura é o extrato de algas, em especial, da espécie Ascophyllum nodosum (L.). Ascophyllum nodosum é uma espécie de alga marinha, que se destaca, como uma das principais algas, cujo extrato atua na promoção do crescimento vegetal (Carvalho & Castro, 2014).
Figura 1. Ascophyllum nodosum (L.).
De acordo com Carvalho & Castro (2014), diversos estudos têm apontado o potencial de uso dos extratos de algas para incrementar o desenvolvimento vegetal, algumas vezes com consequentes aumentos na produção; sendo também relatado aumento da tolerância vegetal à estresses bióticos e abióticos.
Qual a composição do extrato de Ascophyllum nodosum
Os extratos de Ascophyllum nodosum são constituídos por nutrientes e aminoácidos, existindo ainda compostos não identificados que possuem atividade similar à de alguns hormônios vegetais e que também podem estimular sua produção nas plantas. No entanto, vale destacar que a composição desse bioproduto pode ser alterada em função da época de coleta, método de extração e adição de compostos (Carvalho & Castro, 2014), havendo variação da composição em função da formulação e fabricante.
Tabela 1. Especificações químicas do extrato líquido comercial de Ascophyllum nodosum, de acordo com o rótulo do Acadian® Marine plant extract.
Resultados de produtividade
Analisando o emprego de bioestimulantes a base de Ascophyllum nodosum, associados a aplicação de glifosato, Andrade et al. (2018) observaram que, embora os resultados variassem em função da formulação do bioestimulante, para a maioria dos casos, o emprego de bioestimulantes a base de Ascophyllum nodosum possibilitou o aumento do potencial produtivo da soja e de características agronômicas da cultura, especialmente quando aplicados em V5.
Conforme destacado por Andrade et al. (2018), a maioria dos tratamentos contendo bioestimulantes apresentaram produtividade de grãos superiores ao tratamento sem bioestimulante (T13), demonstrando o potencial uso dessa biotecnologia para o aumento da produtividade.
Tabela 2. Valores médios e significâncias das variáveis, produtividade (PROD) e massa de mil grãos (MMG) e número de vagens totais (NVT) do experimento de bioestimulantes derivados de Ascophyllum nodosum associados ao glyphosate nas características agronômicas da soja RR®. Montividiu-GO, 2014/15.
Todos os bioestimulantes analisados no estudo por Andrade et al. (2018) foram derivados da alga Ascophyllum nodosum. Os produtos utilizados foram: MC Cream® (Carbono orgânico, Mn: 15 g L-1; Zn: 5 g L-1), MC Extra® (Carbono orgânico: 200 g L-1; N: 10 g L-1; K2O: 200 g L-1) e Megafol® (Carbono orgânico: 109,8 g L-1; N: 36,6 g L-1; K2O: 97,6 g L-1). Para as aplicações de glyphosate, foi utilizado o produto comercial Roundup Transorb® (Concentração 580 g L-1; suspensão concentrada) na dose de 900 g e.a. ha-1.
Um estudo mais recente, conduzido por Trombetta (2024) corroborou as contribuições do extrato de algas a base de Ascophyllum nodosum para a produtividade da soja. No estudo, a autora demonstra que produtos à base da alga Ascophyllum nodosum aplicados na parte aérea das plantas, incrementam a produtividade de grãos na soja.
Mais além, Stormowski et al. (2024) avaliando os efeitos do tratamento de sementes de soja com fungicidas, inseticidas, micronutrientes e bioestimulantes a base de Ascophyllum nodosum, observaram que os tratamentos que receberam o extrato de alga apresentaram efeitos benéfico para a cultura, demonstrando incrementos em atributos quantitativos das plântulas e na produtividade da soja.
No entanto, vale destacar há resultados distintos na literatura relacionados aos benefícios ou não da adição do extrato de alga a base de Ascophyllum nodosum no tratamento de sementes. No geral, a maioria das recomendações para o uso desse bioestimulante em soja sugerem que a aplicação desse bioproduto seja realizada preferencialmente no solo, próximo às raízes das plantas e/ou parte área do cultivo quando o intuito é mitigar o efeitos de estresses abióticos.
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Referências:
ANDRADE, C. L. L. et al. BIOESTIMULANTES DERIVADOS DE Ascophyllum nodosum ASSOCIADOS AO GLYPHOSATE NAS CARACTERISTICAS AGRONÔMICAS DA SOJA RR®. Revista Brasileira de Herbicidas, 2018. Disponível em: < https://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/592/592 >, acesso em: 02/09/2024.
CARVALHO, M. E. A.; CASTRO, P. R. C. EXTRATO DE ALGAS E SUAS APLCIAÇÕES NA AGRICULTURA. ESALQ, Série Produtor Rural, n. 56, 2014. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/biblioteca/sites/default/files/publicacoes-a-venda/pdf/SPR56.pdf >, acesso em: 02/09/2024.
STORMOWSKI, J. et al. EFEITOS DA APLICAÇÃO DE BIOESTIMULANTE À BASE DE EXTRATO DE ALGA Ascophyllum nodosum NA CULTURA DA SOJA. Revista Observatorio de La Economia Latinoamericana, 2024. Disponível em:
< https://ojs.observatoriolatinoamericano.com/ojs/index.php/olel/article/view/4373/2931 >, acesso em: 02/09/2024.
TROMBETTA, J. A. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DA SOJA SUBMETIDA A DIFERENTES DOSES DE Ascophyllum nodosum (L.) Le Jolis. Universidade Federal de Santa Maria, Dissertação de Mestrado, 2024. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/32077/DIS_PPGAAA_2024_TROMBETTA_JOANA.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 02/09/2024.
Foto de capa: BioDiversity4All