Fatores de alta
- Trump anuncia que não quer mais negociar com a China e isto é baixista para Chicago e altista para os prêmios no Brasil,
- Grandes casas corretoras da CBOT acreditam que os estoques finais de soja americana serão revisados novamente para baixo no futuro,
- Forte demanda chinesa sobre soja americana neste semestre fará Chicago subir mais um pouco,
- A disputa EUA-China reavivará o dólar, que deve continuar elevado (mesmo que não seja nos níveis atuais),
- Aumento de 11 MT na produção brasileira poderá substituir 70% das importações de soja americana, atraindo a demanda chinesa.
Fatores de baixa
- Início da colheita americana,
- Anúncios de aumento da produção brasileira,
- Melhora na economia brasileira fará o dólar cair levemente.
A informação mais importante da semana passou meio despercebida: na última terça-feira, 8, houve uma “piora da tensão entre Estados Unidos e China, que provocou forte movimento de aversão ao risco, fortalecendo o dólar de forma generalizada. A deterioração da já complicada relação entre as duas maiores economias do mundo veio após Donald Trump sugerir ontem que o país não faça mais negócios com Pequim, em suas próprias palavras, um “descolamento”, segundo a Agência Estado.
Lembram de abril de 2018, quando Trump começou a aumentar muito as tarifas de importação sobre produtos chineses? E se Trump impuser tarifas sobre a exportação de soja para a China? Seria um pouco exagerado pensar isto, mas, como Trump é imprevisível, quem sabe? Teria que ser feito depois das eleições, em novembro, claro, para não perder o seu eleitorado.
Mas, há outro fato igualmente importante: com o Brasil aumentando em 11 milhões de toneladas a sua produção para 2020/21, poderia muito bem abocanhar 70% da atual demanda da China de soja americana.
Nossa leitura disto?
Pelo sim, pelo não, os chineses estão tirando dos EUA toda a soja que podem antes que ocorram novos problemas com os americanos. Este aumento da demanda deve ser, portanto, passageiro e não deverá sustentar por muito tempo as cotações de Chicago, como alguns pensam (que poderia chegar ou até ultrapassar $ 10,00/bushel). Mesmo que a produção americana quebre, como se prevê, se a China diminuir a demanda os estoques finais nos EUA serão aumentados e Chicago tenderá a cair. Depois a China poderá se voltar totalmente para o Brasil.
E, como os chineses compram normalmente cerca de 15,5 milhões de toneladas dos EUA, com o aumento de 11 milhões de toneladas na safra brasileira ela poderia suprir cerca de 70% da soja hoje comprada nos EUA, livrando-os do “Incômodo Trump”.
Quais as consequências disto para o Brasil?
Embora o Brasil ainda não possa substituir 100% os EUA no fornecimento à China, ele deverá aumentar significativamente os seus embarques para aquele país e, com isto, elevar os prêmios e os preços finais nos portos. Se isto vai ou não chegar até o agricultor dependerá muito do comportamento do dólar.
Por enquanto, a tendência do dólar é se acomodar no nível em que está, ao redor de R$ 5,30 (um pouco acima do que o Relatório Focus anuncia, devido aos problemas fiscais do país e à lentidão das reformas), mas poderá subir se realmente a briga entre EUA e China voltar a se acirrar.
Então nossas recomendações são as seguintes:
- a) Plante toda a soja que puder, que ainda será pouco para fornecer à China;
- b) Venda agora, aproveitando os preços do dólar, mas guarde 25% para eventuais acontecimentos futuros do mercado.
- c) Use nossa assessoria no planejamento da sua lucratividade para as safras 2021 e 2022. Temos expertise de 47 anos no acompanhamento de mercados, implantação do setor comercial das empresas, treinamento de funcionários (seu filho, se for agricultor) e cursos de comercialização.
Fonte: T&F Agroeconômica