A boa produtividade é uma das variáveis mais almejadas no cultivo da soja, entretanto, é uma variável extremamente complexa que pode sofrer influência do ambiente, práticas de manejo e genética da cultivar entre outros fatores. Para compreender melhor essa complexa variável, a produtividade de grãos de soja pode ser subdividida em componentes de produtividade ou componentes de rendimentos como são popularmente conhecidos, sendo eles diretos ou primários e indiretos ou secundários.
Segundo Zanon et al. (2018), os componentes diretos ou primários são aqueles que quando alterados impactam diretamente a produtividade da soja, sendo os mais conhecidos deles, o número de plantas por área; o número de legumes por plantas; o número de grãos por legume e o peso de grãos (peso de mil grãos). Já os componentes indiretos ou secundários, são aqueles que afetam os componentes diretos de produtividades, sendo os principais, a altura de planta e o número de nós.
O conhecimento da relação entre características de crescimento e desenvolvimento das plantas com os componentes de produtividade dos genótipos é determinante para a definição de um tipo de planta mais produtiva. Além disso, o conhecimento dos componentes de produtividade e de como podem interferir na produtividade final da soja, pode contribuir para o posicionamento de práticas de manejo visando uma maior produção final (Navarro Júnior & Costa., 2002).
Embora a cultura da soja seja conhecida por apresentar uma considerável plasticidade, a redução drástica de variáveis como o número de plantas por área (população de plantas) pode resultar em redução significativa da produtividade. Conforme destacado por Navarro Júnior & Costa (2002), os componentes de produtividade como número de grãos por legume e peso médio de grãos são variáveis selecionadas e geneticamente determinadas respectivamente, mas podem sofrer influência do ambiente.
Alguns componentes de produtividade são definidos em distintos períodos do desenvolvimento da soja, a exemplo do peso de grãos que é definido durante o período de enchimento de grãos, onde ocorre a maior taxa de acúmulo de matéria seca e nutrientes (figura 1). Dessa forma, conhecer o período de definição dos componentes de produtividade permite a execução de práticas de manejo que beneficiem a formação desses componentes.
Figura 1. Períodos do desenvolvimento da soja e sua relação com a taxa de acúmulo de matéria seca (MS) e nutrientes.
A complexidade com que é definida a variável produtividade, sendo influenciada por diversos fatores, auxilia a compreender a diferença de produtividade obtida na mesma cultivar em diferentes áreas de cultivo. Dessa forma, compreender como é definida a produtividade de uma cultura é essencial para adequar algumas práticas de manejo visando a obtenção de altas produtividades de soja ou definir estratégias que potencializem a formação de alguns componentes de produtividade com base no objetivo da produção.
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Referências:
NAVARRO JÚNIOR, H. M.; COSTA, J. A. CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DOS COMPONENTES DO RENDIMENTO PARA A PRODUÇÃO DE GRÃOS DE SOJA. Pesq. Agropec. Brasi., Brasília, v. 37, n. 3, p. 269-274, 2002. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pab/a/vGQB5QMqQzRNyDqspn679jn/?lang=pt&format=pdf >, acesso em: 04/10/2021.
TEJO, D. P.; FERNANDES, C. H. S.; BURATTO, J. S. SOJA: FENOLOGIA, MORFOLOGIA E FATORES QUE INTERFEREM NA PRODUTIVIDADE. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE XIX DA FAEF, v.35, n.1, junho, 2019. Disponível em: < http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/hw9EU5Lusw7rZZH_2019-6-19-14-11-1.pdf >, acesso em: 04/10/2021.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 1, 2018.