As regiões que registram alta incidência de enfezamento, geralmente apresentam algum fator em comum, ou há alta população de cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), ou é constatada a presença do milho guaxo em áreas próximas, no meio do cultivo, margens de estrada e locais no entorno da lavoura.
Em uma única vez, as cigarrinhas podem transmitir três tipos de patógenos para as plantas.
No artigo de hoje eu vou te explicar como essa transmissão acontece e por qual motivo é essencial que você siga as recomendações de manejo para prevenir o enfezamento na sua lavoura.
Os danos ocasionados pelo enfezamento
Desde muito tempo, a cigarrinha-do-milho é responsável por gerar grandes prejuízos aos produtores de milho. Nesta safra, os danos ocasionados pela presença deste inseto levarão o estado de Santa Catarina a colher 900 mil toneladas de milho a menos do que o estimado, devido ao enfezamento do milho transmitido por este inseto-praga.
Quando as plantas de milho são infectadas com o enfezamento, suas características de desenvolvimento não chegam a um nível ótimo como acontece com plantas sadias, as plantas infectadas se tornam doentes e apresentam um amarelecimento ou avermelhamento, sintomas de clorose foliar são aparentes, há redução do tamanho de folhas, nanismo (enfezamento), superbrotação e produção de espigas pequenas.
Para piorar o problema com a cigarrinha, são três os tipos de patógenos que ela é capaz de transmitir, e cada um deles levará a apresentação de um determinado sintoma.
A cigarrinha-do-milho pode transmitir o espiroplasma e o fitoplasma, que são grupos de bactérias que causam o enfezamento vermelho e o enfezamento pálido, e além disso, este inseto também é capaz de transmitir o vírus da risca ou rayado fino.
Plantas de milho com sintomas de a) enfezamento vermelho, b) enfezamento pálido e c) vírus da risca ou rayado fino. (Fonte: Embrapa)
Como a cigarrinha se torna um vetor
O inseto vetor, neste caso a cigarrinha D. maidis, não nasce carregando estes patógenos em seu organismo. Isto quer dizer que para que ela passe a ser um problema e transmita os patógenos que causam o enfezamento e o vírus da risca, ela precisa adquiri-los em algum momento da sua vida. E isso acontece quando elas se alimentam de uma planta doente.
Então, nem todas as cigarrinhas que estão no campo serão transmissoras de patógenos. Mas como não é possível saber qual inseto será ou não problemático para as suas plantas, é melhor que você monitore a sua lavoura e realize todas as medidas de manejo para evitar que o problema se instale.
Uma das táticas mais importantes é você eliminar as fontes de aquisição do vírus e da bactéria para as cigarrinhas, que são as plantas doentes.
(Fonte: o autor)
Táticas de manejo e controle
O milho guaxo merece atenção especial na sua lavoura pois as cigarrinhas utilizam estas plantas como abrigo, fonte de alimentação e de reprodução. Estes insetos colocam seus ovos dentro da folha de milho e em torno de 11 dias as ninfas emergem e começarão o seu ciclo de desenvolvimento até se tornarem adultos.
As condições do ambiente podem favorecer tanto as infestações deste inseto, como a multiplicação das bactérias que causam o enfezamento. Então, fique de olho quando as temperaturas durante o dia estiverem acima de 27°C e durante a noite acima de 15°C. A alta umidade relativa do ar também é determinante neste conjunto de condições que favorecem as bactérias e as cigarrinhas.
Você deve monitorar também a população destes insetos no campo, os quais medem cerca de 4 mm e apresentam cor branca ou palha. As cigarrinhas preferem plântulas que estejam nos estádios iniciais de desenvolvimento, especialmente em V3 e V4.
Cigarrinha-do-milho. (Fonte: Dirceu Gassen)
Além disso, é essencial que você elimine as plantas de milho remanescentes na lavoura por dois principais motivos: elas podem servir de hospedeiro para as cigarrinhas, e se estas plantas estiverem com enfezamento ou com o vírus da risca, as cigarrinhas que se alimentarem ali irão adquirir os patógenos e se tornarão um problema no seu cultivo.
Outras possibilidades disponíveis são: utilizar híbridos resistentes e realizar o tratamento de sementes com inseticidas indicados, os quais contribuem com a proteção das plântulas contra o ataque deste inseto.
Você também pode fazer uso do controle químico, quando necessário. E se preferir, há a possibilidade de utilizar inseticidas biológicos, que tem em sua composição fungos entomopatogênicos com eficiência de controle de até 85% para este inseto.
Conclusão
A cigarrinha-do-milho, quando infectada com os patógenos do enfezamento e do vírus da risca, pode levar a perdas de produção significativas, por isso esta praga merece atenção especial.
Agora você já sabe as principais informações sobre este inseto vetor e quais medidas deve utilizar em sua lavoura para proteger as plantas.
Não esqueça que o melhor é utilizar todas as ferramentas de manejo disponíveis, pois assim todas irão atuar de maneira conjunta para controlar a cigarrinha-do-milho.