Durante o mês de novembro de 2021 realizou-se a COP 26, em Glasgow, em que discutiram-se questões climáticas no mundo. Ao tratar desse assunto a agricultura sempre tem um destaque especial, seja por conta da emissão de gases de efeito estufa, até a água utilizada na agricultura. É sabido que a agricultura é uma área que utiliza grande parte da água doce utilizada e, por isso, o seu uso requer responsabilidade.
Segundo o Fundo de Nações Unidas para a Agricultura e Alimentos (FAO), a agricultura é o setor que mais consome água, chegando ao valor de quase 70% de toda a água usada. No Brasil, esse valor chega a 72%. A irrigação de culturas é a principal forma de utilização desta água, representando 40% de toda a produção. A grande vantagem da utilização da irrigação na agricultura está em alcançar produtividades maiores e, principalmente, garantir estabilidade produtiva.
Um valor importante para ser analisado em uma propriedade é a produtividade de água – dada pela razão entre o rendimento real da cultura e a água utilizada na produção. O resultado é expresso em kg.m-3 ou em kg.mm-1. A água utilizada no processo é quantificada pode ser a proveniente das chuvas e da irrigação ou apenas da irrigação. Para uma melhor eficiência produtiva devemos obter maiores rendimentos utilizando menores volumes de água. No caso da cultura da soja, por exemplo, um ótimo valor de referência para a produtividade de água é de 6 kg.mm-³ de água utilizada.
Nesse sentido, é importante identificar algumas práticas que possam ser importantes para reduzir o consumo de água na agricultura em geral:
- construir terraços e reservatórios, favorecendo a infiltração de água no solo e seu armazenamento;
- manter a palhada no solo de modo a diminuir a evaporação de água do solo;
- preservar matar ciliares de nascentes de água;
- utilizar variedades que sejam mais resistentes ao déficit hídrico;
- se possível utilizar sistemas de irrigação mais localizados, tornando o uso
da água mais eficiente; - reduzir as perdas de água por percolação e escoamento;
- monitoramento correto das perdas de água;
- momento correto da irrigação.
A Embrapa desenvolveu uma técnica de irrigação deficitária em que se fornece deliberadamente lâminas de irrigação inferiores a necessidade da cultura. Nesse caso a produção da cultura é menor, mas a produtividade de água é maior, portanto, em locais que se prioriza a economia de água essa técnica torna-se uma opção.
Cada propriedade rural possui uma realidade, por isso, é importante cada local buscar o melhor aproveitamento possível da água, um exemplo é do produtor rural Fábio Eckert, de Tapes/RS, que atingiu uma produtividade de água de 22 kg/mm de água no campeonato Soybean Money Maker, organizado pelo grupo Field Crops.
Como uma das metas dentro da COP 26 é uma agricultura mais sustentável, cabe ao sistema melhorar sua eficiência no uso da água. As práticas para esse processo são conhecidas e há espaço para desenvolvimento de tecnologia, e adaptá-las para cada propriedade, tornando-a mais produtiva e sustentável.
Autor: Augusto Monteiro Leal – Acadêmico do 7º semestre de agronomia e Bolsista grupo PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM