No texto de hoje vamos ver sobre o controle químico de plantas daninhas em pós-emergência do milho.

O controle de plantas daninhas é necessário durante o PCPI (Período Crítico de Prevenção à Interferência).

Período de interferência das plantas daninhas no milho. Fonte: Bayer.

Hoje temos 28 herbicidas registrados na cultura do milho, que são posicionados para dessecação antes do plantio, pré-emergência e em pós-emergência.

A aplicação em pós-emergência é realizada quando as plantas daninhas e a cultura se encontram emergidas. 

Alguns herbicidas recomendados para a cultura do milho podem ser aplicados em pré-emergência, como as triazinas, e também podem ser aplicados em pós-emergência.

Em pós-emergência também temos a possibilidade de utilizar herbicidas em jato dirigido, sem que o produto entre em contato com o milho. Essa modalidade de aplicação é muito utilizada para herbicidas de contato, como o paraquat e o diquat.

A Tabela abaixo relaciona os herbicidas que podem ser utilizados na cultura do milho.

Herbicida Mecanismo de ação
2,4-D Auxinas Sintéticas
MCPA Auxinas Sintéticas
ametrina Fotossistema II
amicarbazone Fotossistema II
atrazine Fotossistema II
atrazine + simazina Fotossistema II
atrazine + s-metolachlor Fotossistema II + Divisão Celular
bentazon Fotossistema II
carfentrazone PROTOX
flumioxazin PROTOX
saflufenacil PROTOX
clethodim ACCase
glyphosate EPSPs
glyphosate + s-metolachlor EPSPs + Divisão Celular
glufosinate GS
isoxaflutole Biossíntese de Carotenóides
mesotrione Biossíntese de Carotenóides
tembotrione Biossíntese de Carotenóides
paraquat Fotossistema I
diquat Fotossistema I
nicosulfuron ALS
s-metolachlor Divisão Celular
trifuralin Formação dos microtúbulos

Além desses, também temos os herbicidas registrados para o milho tolerante como:

  • glufosinato: Milho Liberty Link;
  • sethoxydim: Milho Tolerante ao sethoxydim;
  • glyphosate e glyphosate + s-metolachlor: Milho Tolerante ao glyphosate;
  • imazapic + imazapyr: Milho Tolerante às imidazolinonas.

Épocas de aplicação de herbicidas na cultura do milho. Fonte: Embrapa.

Hoje vamos ver um pouco mais sobre os herbicidas que podem ser utilizados na pós-emergência do milho, e que pertencem ao mecanismo de ação do Inibidores da Biossíntese de Carotenóides.

  • Mesotrione

O mesotrione é um herbicida utilizado 2 a 3 semanas após a germinação do milho, na pós-emergência das plantas daninhas.

É absorvido pelas raízes, folhas e ramos, com translocação apossimplástica. 

Inibe a biossíntese de carotenóides (F2), inibindo a enzima HPPD (4-hidroxifenil-piruvato-dioxigenase) nos cloroplastos.

O milho é tolerante ao mesotrione devido a capacidade de metabolizar o herbicida, produzindo metabólitos sem atividade herbicida.

É usado para o controle de:

  • Amaranthus hybridus (caruru-roxo);
  • Alternanthera tenella (apaga-fogo);
  • Bidens pilosa (picão-preto);
  • Euphorbia heterophylla (leiteiro);
  • Ipomoea grandifolia (corda-de-viola);
  • Acanthospermum hispidum (carrapicho-de-carneiro);
  • Portulaca oleracea (beldroega);
  • Sida rhombifolia (guanxuma);
  • Acanthospermum australe (carrapicho-rasteiro);
  • Raphanus raphanistrum (nabo);
  • Galinsoga parviflora (picão-branco):
  • Digitaria horizontalis (capim-colchão);
  • Digitaria insularis (capim-amargoso);
  • Commelina benghalensis (trapoeraba).

Uma observação que devemos lembrar é que após o uso de mesotrione devemos esperar 90 dias para o plantio de trigo, soja e feijão.

  • Tembotrione

O tembotrione é um herbicida utilizado em pós-emergência do milho e das plantas daninhas.

É utilizado na dose de 180 a 240 mL/ha (75,6 a 100,8 g i.a./ha).

É transportado para os meristemas. Em milho é rapidamente metabolizado.

Inibe a biossíntese de carotenóides (F2), inibindo a enzima HPPD (4-hidroxifenil-piruvato-dioxigenase) nos cloroplastos.

É usado para o controle de:

    • Alternanthera tenella (apaga-fogo);
    • Bidens pilosa e Bidens subalternans (picão-preto);
    • Euphorbia heterophylla (leiteiro);
    • Ipomoea acuminata, Ipomoea nil, Ipomoea purpurea (corda-de-viola);
    • Sida rhombifolia (guanxuma);
    • Raphanus raphanistrum (nabo);
    • Digitaria horizontalis e Digitaria ciliaris (capim-colchão);
    • Commelina benghalensis (trapoeraba);
  • Nicandra physaloides (joá-de-capote);
  • Richardia brasiliensis (poaia branca);
  • Leonurus sibiricus (rubim);
  • Urochloa decumbens e Urochloa plantaginea (capim-braquiária e capim-marmelada);
  • Cenchrus echinatus (capim-carrapicho).

As doses utilizadas variam de acordo com o estágio de desenvolvimento da planta daninha e se estas são dicotiledôneas (folhas largas) ou monocotiledôneas (folhas estreitas).

Uma observação que devemos lembrar é que após o uso de tembotrione devemos esperar 65 dias para o plantio de trigo e soja e, 30 dias para o plantio de feijão.

Os herbicidas inibidores da biossíntese de carotenóides são ótimas opções para rotacionar mecanismos de ação e auxiliar na prevenção ao desenvolvimento da resistência de plantas daninhas a herbicidas.

Conclusão

No texto de hoje vimos sobre o uso dos herbicidas inibidores da biossíntese de carotenóides em pós-emergência do milho.

Vimos quais as plantas daninhas que o mesotrione e o tembotrione controlam e qual sua importância para o sistema.

Agora que você conhece um pouco mais sobre estes produtos, você tem mais uma opção de mecanismo de ação na cultura do milho.

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Sobre a Autora: Ana Ligia Giraldeli é Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ), possuí MBA em Agronegócios e é professora na Unifeob.

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