Embora as projeções climáticas indiquem uma tendencia de enfraquecimento do fenômeno La Niña a partir de janeiro de 2023, atualmente esse fenômeno apresenta persistência, apresentando influência sobre as condições climáticas brasileiras. Especialmente no Sul do Brasil, condições de baixos volumes de precipitações e baixa umidade relativa do ar (clima seco), são reflexos do La Niña.
Segundo Henning et al. (2014), essas condições favorecem o desenvolvimento do oídio em soja, doença conhecida por apresentar sintomas típicos que resultam na formação de uma massa micelial de coloração branca na superfície das folhas da soja. O oídio é causado pelo fungo Sphaerotheca fuliginea, o esporo (conídio ou ascosporo) do fungo, ao cair na superfície da folha, germina e produz uma teia de micélio que se espalha pela superfície da planta. O micélio penetra nas células epidermais e, através de haustórios, nutre-se do conteúdo das células (Yorinori, 1997).
Conforme observado por Igarashi et al. (2010), dependendo da severidade da doença e suscetibilidade da cultivar, perdas de produtividade variando entre 26% e 50% podem ser observadas em soja. O oídio é considerado uma doença que acomete a soja principalmente durante o período reprodutivo da cultura (figura 1), entretanto, em áreas com histórico de ocorrência da doença e/ou sob condições favoráveis ao seu desenvolvimento, a primeira aplicação de fungicidas para o manejo do oídio deve conter fungicidas eficientes posicionados ainda no final do período vegetativo da soja.
Figura 1. Período de ocorrência das principais doenças da soja.
O monitoramento da doença é fundamental para o manejo eficiente do oídio. Visando o controle químico com o emprego de fungicidas, recomenda-se que o controle do oídio seja realizado quando o nível de severidade da doença alcançar 40% a 50% da área foliar da cultura. Em caso da necessidade em controlar a doença em níveis inferiores de severidade, aplicações complementares de fungicidas podem ser necessárias em momentos posteriores. Outra importante medida de manejo constitui o uso de cultivares resistentes, devendo essa, ser utilizada em conjunto com o adequado posicionamento de fungicidas.
Figura 2. Escala diagramática para identificação da severidade de oídio da soja.
Levando em consideração os efeitos do La Niña especialmente paras as regiões Sul do Brasil, deve-se ficar alerta para o monitoramento do oídio na safra 2022/23, não subestimando a doença e adequando o posicionamento de fungicidas, especialmente em áreas com histórico de ocorrência da doença.
Veja mais: Eficiência de fungicidas no controle das doenças de final de ciclo da soja
Referências:
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 5, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 04/;10/2022.
IGARASHI, S. et al. DANOS CAUSADOS PELA INFECÇÃO DE OÍDIO EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA SOJA. Arq. Inst. Biol, 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/aib/a/wVGKLGVN9mt3t47xWYhQGjc/?lang=pt&format=pdf >, acesso em: 04/10/2022.
MATTIAZZI, P. EFEITO DO OÍDIO (Microsphaera diffusa Cooke & Peck) NA PRODUÇÃO E DURAÇÃO DA ÁREA FOLIAR SADIA DA SOJA. Tese (Doutorado em Agronomia), Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2003.
YORINORI, J. T. OÍDIO DA SOJA. Embrapa, Comunicado Técnica, n. 59, 1997. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO/17662/1/comTec059.pdf >, acesso em: 04/10/2022.