O oídio, causado pelo fungo (Erysiphe difusa), é uma das doenças mais comuns em soja. Os danos variam em função da cultivar e época de ocorrência. Em média, as perdas de produtividade em decorrência do oídio giram em torno de 30%.
A doença tem seu desenvolvimento favorecido por condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (entre 18°C a 24°C), e pode ocorrer em qualquer estádio do desenvolvimento da soja, contudo, por ocasião, é mais comum durante o início da floração (Soares et al., 2023). Os principais sintomas incluem a formação de uma fina camada esbranquiçada de micélios e esporos virulentos na parte superior das folhas.
Figura 1. Sintomas típicos de oídio em soja.
De acordo com Soares et al. (2023), o oídio tem seu desenvolvimento favorecido por condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (entre 18°C a 24°C), o que torna necessário intensificar o monitoramento da doença em anos secos.
Segundo Prestes et al. (2022) a ocorrência de fenômenos climáticos como El Niño e La Niña também influenciam na ocorrência do oídio em soja. Em função da alteração das condições de temperatura, umidade e precipitação, é comum observar a maior predominância do oídio no Sul do Brasil em anos de La Niña.
O Lá Niña é caracterizado por baixa disponibilidade e volume de chuvas no Sul do Brasil, o clima seco, combinado com temperaturas amenas, pode propiciar um ambiente favorável ao crescimento do oídio na região.
Figura 2. Influência do fenômeno climático na favorabilidade de Oídio para a região de atuação do grupo ABC, Paraná e São Paulo.
Controle
Principalmente em ano de La Niña, recomenda-se agir no aparecimento dos primeiros sintomas da doença na lavoura, que normalmente começam a surgir no estágio fenológico de V5/V6. Devido à elevada taxa de evolução da doença em condições favoráveis, o controle se torna mais difícil, especialmente após o fechamento das entrelinhas (Prestes et al., 2022).
As aplicações de fungicidas para o controle do oídio são realizadas após observação dos sintomas iniciais, com limiar de ação de 20% de severidade no terço inferior da planta, média de 20 plantas colhidas ao acaso, no interior da lavoura (Oliveira; Rosa, 2014), embora não existam dados que suportem essa recomendação (Forcelini, 2004) e também não seja uma recomendação baseada em limiar de dano ou grupo químico de fungicida (mencionado em Godoy et al., 2022). O controle anterior a esse momento pode resultar na necessidade de realizar aplicações adicionais de fungicidas (Castro, 2016).
Figura 3. Escala diagramática para identificação da severidade de oídio da soja.
Nesse contexto, o monitoramento é que irá definir a necessidade de controlar o oídio. No entanto, deve-se intensificar esse monitoramento sob condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença, especialmente no Sul do brasil em anos de La Niña.
Veja Mais: Classificação dos danos de Fusarium em plântulas de soja
Referências:
CASTRO, R. L. A. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS CAUSADAS POR FUNGICIDAS EM SOJA INFECTADA NATURALMENTE POR OÍDIO. Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, 105p, 2016. Disponível em: < https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/17802/1/AlteracoesFisiologicasCausadas.pdf >, acesso em: 27/08/2024.
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DO OÍDIO, NA SAFRA 2021/2022: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 184, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1145700/1/Circ-Tec-184.pdf >, acesso em: 28/08/2024.
MATTIAZZI, P. EFEITO DO OÍDIO (Microsphaera diffusa Cooke & Peck) NA PRODUÇÃO E DURAÇÃO DA ÁREA FOLIAR SADIA DA SOJA. Tese (Doutorado em Agronomia), Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2003. Disponível em: < https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11136/tde-20231122-100625/publico/Mattiazzi-Patricia.pdf >, acesso em: 27/08/2024.
PRESTES, S. et al. OÍDIO E MOFO-BRANCO EM SOJA: LA NIÑA FAVORECE O DESENVOLVIMENTO DESSAS DOENÇAS. Fundação ABC, Fitopatologia2022. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2022/11/202211revista-pdf.pdf >, acesso em: 27/08/2024.
SEIXAS, C. D. S. et al. BIOINSUMOS PARA O MANEJO DE DOENÇAS FOLIARES NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Bioinsumos na Cultura da Soja, cap. 19. Brasília – DF, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/234840/1/Bioinsumos-na-cultura-da-soja.pdf >, acesso em: 27/08/2024.
SOARES, M. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa Soja, Documentos, n. 256, ed. 6, 2023. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1158639/manual-de-identificacao-de-doencas-de-soja >, acesso em: 27/08/2024.