O milho segunda safra é uma importante ferramenta de manejo para o aumento da sustentabilidade e rentabilidade do sistema plantio direto. Além de proporcionar o maior uso da terra, desempenhando também papel econômico no sistema de produção; o milho possibilita o aumento da sustentabilidade dos cultivos, através do controle das erosões superficiais (redução do impacto da gota da chuva), controle cultural de plantas daninhas e pela melhoria da fertilidade do solo, atuando como planta recicladora de nutrientes.

Nesse sentido, a palhada o milho safrinha é tão importante para o sistema de produção quanto a produção de grãos propriamente dita. Conforme analisado por Yamashita & Guimarães (2015), a palhada residual de milho reduz a emergência de plântulas de buva (Conyza sp.), havendo uma relação inversamente proporcional, em que, à medida em que há o aumento da quantidade de palhada, há a redução da emergência da buva, sendo que, a partir de 1,5 Mg ha-1 já é possível observar uma redução significativa da emergência das plantas daninhas.

Figura 1. Emergência de plântulas de Conyza, sob quantidades crescentes de palha de milho.
Fonte: Yamashita & Guimarães (2015)

A redução da emergência da buva em função da palhada do milho ocorre pela restrição da passagem de luz imposta pela palhada, que atua como uma barreira física, impossibilitando com que as sementes fotoblásticas positivas (precisão de luz para germinar), germinem, dando origem a novas plântulas.

Sobretudo, além de atuar no controle dos fluxos de emergência de plantas daninhas, a palhada do milho desempenha um importante papel na manutenção da fertilidade do solo. Por apresentar uma elevada absorção de nutrientes do solo, o milho atual com uma planta recicladora de nutrientes.

Em parte, os nutrientes absorvidos pelo milho são exportados nos grãos, enquanto o restante é acumulado na matéria seca da planta, passando a ficar disponível no solo, após a decomposição e mineralização dos resíduos culturas.


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Conforme observado por Lange et al. (2015), o milho é capaz de produzir quantidades superiores a 14 t ha-1 de palhada. Em função da elevada concentração de carbono (C) em sua matéria seca, a palhada do milho apresenta boa persistência e gradual liberação de nutrientes no solo.

Os autores destacam que a palhada do milho degrada lentamente (de 82 a 133 kg ha-1 dia-1), e que, dependendo das condições climáticas e ambientais, pode-se ocorrer um acúmulo de até 142 kg ha-1 de Potássio (K) durante o ciclo do milho, o qual posteriormente passa a ficar disponível para a soja em sucessão.

Além disso, em função da lenta degradação da palhada do milho, a liberação do Potássio pela mineralização da palhada pode ocorrer simultaneamente ao período de maior exigência de K da cultura da soja, o que proporciona adequado aporte nutricional para obtenção de boas produtividades. Vale destacar que nutrientes como Cálcio (Ca), Enxofre (S) e Nitrogênio (N), também são reciclados pelo milho e disponibilizados pela cultura sucessora. Para Fósforo (P) e Magnésio (Mg), os autores não obtiveram resultados significativos.

Figura 2. Comportamento da palhada de milho submetida à condição de campo, decomposição da palhada e liberação de nutrientes para o sistema. Fósforo e magnésio não tiveram resposta significativa.
Palhada: y = -0,0396x + 14,065; R² = 0,95; Potássio: y = – 0,0086×2 + 2,4416x – 7,3736; R² = 0,92; Nitrogenio: y = 0,0007×2 + 0,171x + 1,635 R² = 0,95; Enxofre: y = 0,0001×2 + 0,0017x + 1,0823; R² = 0,62; Calcio: y = -7E-05×2 + 0,0288x + 0,2209; R² = 0,87.
Fonte: Lange et al. (2015)

Em suma, a palhada “deixada” pelo milho segunda safra, contribui para a redução das erosões superficiais, para o controle de plantas daninhas e para a manutenção da fertilidade do solo, contribuindo para o aumento da produtividade da soja em sucessão.

Referências:

LANGE, A. et al. NUTRIENTES NA PALHADA DE MILHO E EFEITO RESIDUAL NA CULTURA DA SOJA. XXXV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO SOLO, 2015. Disponível em: < https://eventosolos.org.br/cbcs2015/arearestrita/arquivos/160.pdf >, acesso em: 18/06/2024.

YAMASHITA, O. M.; GUIMARÃES, S. C. EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE CONYZA CANADENSIS E Conyza Bonariensis EM SOLO COBERTO COM PALHA DA CULTURA DE MILHO. Disponível em: < https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/8814611.pdf  >, acesso em: 18/06/2024.

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